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Juros altos pesam mais que tarifa dos EUA para empresas, alerta Fitch

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 28/07/2025 às 12:21
Brasil: juros altos sufocam setor corporato mais que medidas dos EUA
Brasil: juros altos sufocam setor corporativo mais que medidas dos EUA
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Para a agência de risco, Selic elevada afeta mais o caixa corporativo que as novas tarifas de importação impostas por Trump

Juros altos pesam mais que tarifa dos EUA para empresas, segundo análise da Fitch Ratings divulgada nesta semana. A agência de classificação de risco afirma que a taxa Selic em 15% tem impacto direto na geração de caixa das companhias brasileiras, superando os efeitos da nova tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos.

Em entrevista ao Valor Econômico, Fernanda Rezende, diretora sênior de Corporate da Fitch na América Latina, destacou que a pressão financeira interna tende a ser mais determinante nos próximos trimestres. A expectativa da agência é que os cortes de juros só comecem em 2026, mantendo o crédito caro até lá.

Alta da Selic encarece dívidas e trava investimentos

Alta da Selic encarece dívidas e trava investimentos

A decisão do Banco Central de manter os juros elevados como ferramenta contra a inflação aumentou o custo do capital para as empresas. A Fitch avalia que, mesmo com boa liquidez no momento, companhias estão antecipando o refinanciamento de dívidas, especialmente diante da incerteza do cenário eleitoral de 2026.

Segundo o relatório, 23% das dívidas domésticas vencem entre 2025 e 2026. Já as obrigações externas das empresas brasileiras somam cerca de US$ 3 bilhões até o fim de 2026, o que também eleva a preocupação com o cenário global.

Tarifas dos EUA atingem poucos setores com força

Juros altos pesam mais que tarifa dos EUA para empresas, alerta Fitch

Apesar do impacto político das medidas anunciadas por Donald Trump, a Fitch considera que as tarifas de 50% terão alcance limitado no perfil de crédito das empresas brasileiras. A agência analisou 14 companhias com exposição entre 3% e 50% ao mercado norte-americano.

A Embraer é a mais sensível, com até 50% das receitas vindas dos EUA. Outras empresas na faixa intermediária (11% a 30%) incluem Suzano, Prio e Eldorado Celulose. Na faixa mais baixa (3% a 10%) estão nomes como Petrobras, Vale, Minerva, Dexco, CSN e Tupy.

Estrutura da dívida define quem mais sofre

De acordo com a Fitch, a origem da dívida é fator-chave para medir o impacto dos juros. A Suzano, por exemplo, com dívida majoritariamente em dólar, é menos afetada pelo crédito doméstico. Já a Eldorado, com passivos em reais, sofre mais com a Selic alta.

A resposta das empresas tem sido conservadora: adiamento de investimentos, cortes em dividendos e foco em preservar caixa. A relação dívida líquida/Ebitda está estável em 2,5 vezes, mas a queda nos preços das commodities ameaça essa estabilidade.

Endividamento público impede grau de investimento

Para Todd Martinez, chefe da área soberana da Fitch na América Latina, o Brasil será o país emergente mais endividado nos próximos anos. A dívida pública deve chegar a 79,3% do PIB em 2025 e continuar subindo.

Sem consenso entre Executivo e Congresso para implementar reformas fiscais, o Brasil permanece distante de recuperar o grau de investimento perdido há uma década. Segundo a agência, apenas após as eleições de 2026 poderá haver espaço político para retomar ajustes estruturais.

Você concorda que os juros altos são hoje o maior obstáculo para as empresas brasileiras? Como isso afeta o futuro da economia?

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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