Judiciário concentra os maiores salários do setor público no Brasil, com cargos de alta remuneração e forte desigualdade entre poderes.
Judiciário tem salários mais altos no Brasil, aponta levantamento do Ipea
O Judiciário brasileiro concentra os maiores salários do setor público no país. De acordo com o Atlas do Estado Brasileiro, estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), servidores desse poder recebem, em média, R$ 26,2 mil por mês.
O levantamento mostra que os rendimentos no setor público variam fortemente entre poderes e níveis federativos.
Enquanto isso, o Executivo municipal aparece na ponta oposta, com a menor média salarial entre os servidores. Esse contraste reforça a desigualdade dentro da administração pública brasileira, que movimenta cifras bilionárias todos os anos.
-
Últimos dias para sacar o FGTS antes das restrições: saque-aniversário terá carência, limite de parcelas e teto de valor a partir de novembro de 2025
-
Revendas acusam governo de fixar preços ‘fora da realidade’ no Gás do Povo e alertam que diferenças de até R$ 30 podem inviabilizar adesão
-
A cidade brasileira que produz 132 ovos por segundo e consolida título de “capital do ovo”: Com 20 milhões de galinhas, Santa Maria de Jetibá produz mais de 4 bilhões de ovos por ano
-
“Ou sustento minha família ou tiro CNH”: trabalhador revela realidade de quem não consegue pagar mais de R$ 4 mil em uma habilitação
Alta remuneração no Judiciário contrasta com outros poderes
Os números do Ipea revelam uma diferença significativa. No Legislativo, a remuneração média é de R$ 17,2 mil, bem abaixo da do Judiciário. Já o Executivo, incluindo todas as esferas, apresenta salários médios de R$ 9,3 mil.
“Em termos de remuneração, a desigualdade está concentrada no Poder Judiciário. O Judiciário tem remunerações que são muito altas, mesmo entre as faixas com menor remuneração”, afirma o pesquisador do Ipea e coordenador do Atlas, Felix Lopez.
Esse cenário se torna ainda mais relevante diante do impacto fiscal: o Brasil deve gastar R$ 1,7 trilhão em 2025 apenas com salários de servidores ativos e aposentados, segundo projeções divulgadas pelo Estadão.
Diferença entre União, Estados e municípios
Outro ponto evidenciado pelo estudo é a variação salarial entre os diferentes níveis de governo. No setor público federal, o grupo mais bem pago recebe em média R$ 21 mil mensais. Já nos estados, a média cai para R$ 11,9 mil, e nos municípios, para R$ 6,7 mil.
Apesar de a maioria dos servidores públicos trabalhar em prefeituras, esse é justamente o nível que apresenta os salários mais baixos. A mediana de remuneração no Executivo municipal é de R$ 2,6 mil, valor inferior até mesmo ao piso do Judiciário federal e estadual.
Cargos mais bem pagos no setor público
Entre as ocupações de maior destaque, os procuradores do Judiciário estadual aparecem no topo da lista, com remuneração média de R$ 40 mil mensais em 2018.
Também figuram entre os mais bem pagos juízes, procuradores federais e auditores da Receita Federal, que fazem parte de uma elite de cargos com alta remuneração dentro do setor público brasileiro.
Segundo os pesquisadores Wellington Nunes e José Teles, que participaram do levantamento, essa concentração de salários reforça a distância entre diferentes carreiras do serviço público.
Por que essa desigualdade importa para o Brasil?
A disparidade salarial no setor público levanta debates sobre equidade, sustentabilidade fiscal e reforma administrativa.
Enquanto cargos de elite concentram a maior parte dos recursos, servidores que atuam diretamente no atendimento básico à população, como no Executivo municipal, recebem bem menos.
Esse cenário acende um alerta para o futuro das finanças públicas, já que a folha salarial segue como um dos maiores gastos do Brasil.
Por outro lado, a discussão também passa pela valorização de funções essenciais e pela busca de equilíbrio entre poderes.