Símbolos que já foram consenso podem ganhar novos sentidos com o tempo, criando interpretações opostas entre gerações e contextos virtuais, como ocorre atualmente com o emoji de joinha na comunicação digital.
O emoji de joinha (👍), antes amplamente reconhecido como sinal universal de aprovação e positividade, passou a ser interpretado de forma negativa em muitos contextos da comunicação digital, especialmente entre os usuários mais jovens.
Atualmente, o símbolo que representava “tudo bem” ou “ok” pode transmitir frieza, indiferença ou até um tom passivo-agressivo em mensagens online, conforme apontam diferentes pesquisas e relatos de internautas.
A mudança de percepção sobre o emoji de joinha reflete transformações profundas na dinâmica de interação digital e destaca o papel do contexto e das gerações no significado dos símbolos virtuais.
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Origem e popularidade do emoji de joinha
A origem do emoji de joinha remonta ao início das comunicações digitais, quando gestos visuais foram adaptados para as trocas de mensagens eletrônicas.
O gesto de polegar levantado, já utilizado há décadas como símbolo de aprovação em diversas culturas, ganhou status global nas redes sociais e aplicativos de mensagens.
Sua popularidade foi consolidada a partir de 2009, quando se tornou o ícone oficial do botão “curtir” do Facebook, reforçando a imagem de positividade e concordância em publicações e comentários.
Entretanto, o significado do emoji de joinha evoluiu conforme novas gerações passaram a adotar plataformas digitais como principal meio de comunicação.
Entre jovens da geração Z, nascidos entre meados dos anos 1990 e o início da década de 2010, o uso do emoji (👍) em conversas, especialmente quando enviado isoladamente, passou a ser interpretado como resposta seca, indiferente ou até mesmo desinteressada.
A mudança de percepção não implica em uma regra rígida, mas demonstra como a comunicação digital é permeada por nuances e códigos próprios, muitas vezes incompreendidos por outras faixas etárias.
Como o emoji de joinha passou a ser mal interpretado
A pesquisa do TechTudo, realizada com leitores no Instagram em julho de 2025, ilustra bem essa divisão geracional.
Entre os participantes, 48% afirmaram usar sempre o emoji de joinha, enquanto 43% o utilizam ocasionalmente e apenas 9% disseram nunca recorrer ao símbolo.
Quando questionados sobre qual emoji prefeririam para encerrar uma conversa de forma neutra, 40% escolheram o próprio joinha (👍), 27% disseram que não usariam emoji algum, 24% optaram pelo emoji sorridente (☺️) e 9% preferiram o aceno de mão (👋).
Os resultados sugerem que, apesar da popularidade, o joinha perdeu parte de sua neutralidade, tornando-se alvo de interpretações mais complexas.
Para compreender melhor o impacto emocional do uso do joinha, a pesquisa também perguntou: “O que você sente ao receber só um 👍 como resposta?”
Mais da metade (51%) respondeu que considera normal, enquanto 32% afirmaram que depende do contexto e 17% consideraram a resposta rude.
Os dados mostram que a maioria ainda enxerga o emoji como recurso prático, mas cresce o número de pessoas que percebem o símbolo como indício de frieza ou encerramento abrupto da conversa.
Diferenças geracionais no uso do emoji de joinha
Essas transformações não ocorrem de forma homogênea.
Enquanto usuários das gerações mais antigas, como os chamados Boomers e Millennials, mantêm a percepção de que o emoji de joinha é cordial, objetivo e até eficiente para sinalizar compreensão ou concordância, jovens da geração Z costumam preferir emojis mais expressivos ou personalizados, como o “hang loose” (🤙) ou o emoji de cowboy (🤠), considerados mais amistosos e calorosos.
Assim, a diferença de interpretação entre grupos etários contribui para eventuais “choques” de comunicação nas redes sociais e aplicativos de mensagens.
Comunicação digital e a zona de desconforto com o emoji de joinha
A popularização das redes sociais e a intensificação do uso de aplicativos de mensagem durante o isolamento social também contribuíram para consolidar novos padrões de comunicação.
Em plataformas como WhatsApp, Instagram e TikTok, a brevidade das respostas muitas vezes carrega interpretações ambíguas, especialmente quando o contexto da conversa não é explícito.
O emoji de joinha, ao ser utilizado de maneira isolada, pode sugerir impaciência, distanciamento ou até mesmo ironia, contrariando a ideia original de positividade.
Essa mudança de percepção sobre o emoji de joinha revela um fenômeno maior: a “zona de desconforto digital”, em que símbolos antes considerados neutros passam a ter múltiplos significados, dependendo do ambiente, do interlocutor e do tom da conversa.
No ambiente profissional, por exemplo, a utilização do joinha pode ser vista como pouco apropriada ou insuficiente para demonstrar engajamento, enquanto, em conversas familiares ou entre amigos, o significado pode variar conforme a proximidade entre as partes.
Com tantas nuances e mudanças constantes, você já parou para pensar em como seus emojis são percebidos por pessoas de diferentes idades ou contextos? Será que estamos atentos ao impacto dos pequenos símbolos no nosso dia a dia digital?