Empresários brasileiros, com destaque para Joesley Batista, atuam para deslocar a agenda EUA–Brasil do conflito político para o comércio e destravam diálogo direto entre os presidentes, segundo MSN e Folhapress.
A movimentação de Joesley Batista e de outros grandes empresários brasileiros em Washington abriu espaço para um canal direto de conversa entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva, em meio ao impasse do “tarifaço” sobre produtos brasileiros. Segundo MSN e Folhapress, a articulação do setor privado favoreceu a ala do governo americano que defende priorizar negócios e competitividade e não a escalada política na relação bilateral.
O esforço, descrito por interlocutores ouvidos pela Folhapress e repercutido pelo MSN, envolveu reuniões no Congresso e em órgãos de comércio dos EUA, além do acionamento de estruturas de lobby. O resultado prático foi um gesto público de Trump na ONU, um contato breve com Lula e o agendamento de uma conversa por videoconferência, que pode reabrir as bases de negociação do tarifaço de 50%.
Quem moveu as peças e por quê
De acordo com MSN e Folhapress, Joesley Batista, a JBS, a Embraer e nomes como João Camargo (Esfera Brasil) e Carlos Sanchez (EMS) atuaram para convencer a equipe de Trump de que sobretaxas a itens brasileiros elevariam preços ao consumidor americano e fortaleceriam politicamente Lula, produzindo o oposto do desejado por parte do staff republicano.
A narrativa vencedora entre os moderados foi a de que o comércio deveria pautar a relação, preservando cadeias de suprimentos e interesses industriais em ambos os países. Essa tese ganhou tração no Departamento de Comércio e no USTR.
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No tabuleiro interno de Trump, relata a Folhapress, posicionaram-se pró-negócio nomes ligados ao escritório de comércio dos EUA (sob Jamieson Greer) e ao Departamento de Comércio (associado a Howard Lutnick), além de preocupações do Tesouro (Scott Bessent) com efeitos colaterais de sanções financeiras. Do outro lado, vozes no Departamento de Estado e o ex-assessor Jason Miller defendiam pressão máxima, ancorada no julgamento de Jair Bolsonaro no Brasil.
Como foi a articulação em Washington
Na semana de 11 de setembro, Joesley Batista e outros empresários estiveram no Capitólio e em órgãos do Executivo, segundo MSN e Folhapress. A comitiva encontrou parlamentares republicanos como Maria Elvira Salazar e integrantes da equipe de Trump. Houve também reunião com Susie Willes, chefe de gabinete da Presidência, considerada uma das assessoras mais próximas do republicano.
Em paralelo, a CNI manteve agenda com o vice-secretário de Estado, Christopher Landau, e equipes do USTR e do Departamento de Comércio, multiplicando os pontos de contato abaixo do radar e reforçando mensagens técnicas sobre impacto setorial de tarifas.
Segundo as reportagens, grupos de lobby foram acionados para chegar mais rápido ao núcleo decisório. A linha argumentativa central: tarifa não reabilita Bolsonaro, não derruba Lula e encarece café, carne e outros itens, arriscando custos políticos domésticos nos EUA. Para o Planalto, o recado era que existia espaço para diálogo, desde que o enfoque migrasse da política para o comércio.
O que saiu (e o que não saiu) das sanções
Na véspera do gesto de Trump na ONU, MSN e Folhapress relatam que o governo americano ampliou sanções pessoais. Viviane Barci, esposa do ministro Alexandre de Moraes, entrou na Lei Magnitsky, e o ministro da AGU, Jorge Messias, teve o visto cassado, medida estendida a outros quadros.
Mas não houve novas tarifas contra o Brasil, nem exclusões na lista de exceções. Pelo contrário, interlocutores ouvidos pelas reportagens dizem estar otimistas com a possível inclusão da carne entre os produtos isentos, um sinal de desalçamento do conflito comercial.
Para fontes citadas pela Folhapress, a combinação de sanção pessoal e trégua tarifária permite a Trump manter pressão simbólica enquanto abre espaço para negociar preços e prazos com Brasília. Nesse cenário, Joesley Batista e demais empresários seguiram como ponte técnica.
O canal direto: o que foi dito e o que pode vir
Com a ordem de discursos na Assembleia-Geral (Lula primeiro e Trump em seguida), os dois ficaram na mesma sala e trocaram um cumprimento. Trump afirmou que a conversa durou menos de um minuto, suficiente para acertar uma videoconferência na semana seguinte, segundo MSN e Folhapress.
A expectativa, de acordo com as reportagens, é reabrir parâmetros para discutir o tarifaço de 50% e proteger setores sensíveis sem inflar preços ao consumidor americano. Se confirmado, será o primeiro diálogo direto entre Lula e Trump e poderá relançar as negociações comerciais.
Nos bastidores, auxiliares de Lula mapeiam convergências no Departamento de Comércio e no USTR, onde voz técnica e impacto setorial têm mais peso que a pauta político-judicial brasileira. A leitura é que existe margem para entendimentos segmentados, começando por proteínas e café, desde que o tom público seja moderado.
O que está em jogo para Brasil e EUA
Para o Brasil, evitar novas tarifas é oxigênio para exportadores e âncora contra repasses inflacionários internos. Empresas de proteína, café e manufaturas observam a janela como chance de preservar mercado e rotas logísticas. Joesley Batista e outros líderes empresariais, segundo MSN e Folhapress, funcionaram como interlocutores de custo-benefício nessa engenharia.
Para os EUA, segurar preços ao consumidor e blindar cadeias é prioridade em um ambiente de competição geopolítica e sensibilidade eleitoral. O custo político de encarecer prateleiras pesa, e o argumento econômico venceu por ora o impulso de retaliação ampla.
Se a videoconferência avançar em exceções e cronogramas, o papel de Joesley Batista e do bloco empresarial tende a perdurar, deslocando a conversa para métricas concretas: quanto custa, onde incide, quem paga e como comunicar resultados sem ruído político em Brasília e Washington.
A ofensiva empresarial liderada por nomes como Joesley Batista mostrou eficácia em despressurizar o eixo EUA–Brasil e destravar um canal direto entre Trump e Lula, segundo MSN e Folhapress. Sem novas tarifas e com sanções pessoais como válvula de escape, os próximos dias testarão se comércio e técnica conseguem prevalecer sobre a simbologia política e se a carne entra, de fato, na lista de exceções.
Na sua avaliação, o “atalho” via empresários, com Joesley Batista entre os protagonistas, é saudável para a diplomacia ou cria dependência de lobbies privados? E, se a carne entrar nas exceções, quem ganha e quem perde na cadeia produtiva? Conte nos comentários, queremos ouvir quem vive isso na prática.