Após 13 anos do desastre de Fukushima, Japão avalia novo reator em Mihama e reacende debate sobre o futuro da energia nuclear no país.
O Japão pode estar prestes a virar uma página importante em sua história energética. Após mais de uma década do desastre de Fukushima, o país considera, pela primeira vez, a construção de um novo reator nuclear.
Primeiro passo desde Fukushima
A Kansai Electric Power Co. anunciou que retomará estudos para um possível novo reator na Usina Nuclear de Mihama, localizada na prefeitura de Fukui, a oeste de Tóquio.
Segundo a Bloomberg, o projeto ainda precisa de aprovação e não tem um cronograma definido. No entanto, é a primeira iniciativa concreta desde os colapsos nucleares de 2011.
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Caso o plano avance, será o primeiro reator recém-construído no Japão desde Fukushima.
O anúncio representa uma reviravolta na política energética do país, que busca garantir fornecimento estável de eletricidade e reduzir as emissões de carbono.
Reatores para uma nova era
O motivo da mudança é claro: a crescente demanda energética provocada por tecnologias como a inteligência artificial e data centers.
O Japão, com poucos recursos naturais e terras limitadas, vê na energia nuclear uma forma prática de atender às novas necessidades do setor.
O presidente da Kansai Electric, Nozomu Mori, reforçou esse ponto em coletiva de imprensa em Osaka. “A energia nuclear deve continuar a ser utilizada no futuro”, afirmou.
Ele destacou a importância de garantir energia contínua em um país com escassez de recursos naturais.
A empresa pretende estudar a substituição do antigo reator nº 1 da usina, atualmente em processo de desativação. A avaliação deve durar anos, mas a simples consideração já agitou o mercado.
Reação imediata no mercado
O anúncio impactou diretamente as bolsas. As ações da Kansai Electric subiram até 5% no dia 22 de julho. Outras empresas do setor, como a Tokyo Electric Power Co. e a Hokkaido Electric Power Co., registraram alta de 6,7% cada. A Mitsubishi Heavy Industries, fornecedora de tecnologia nuclear, subiu 6,2%.
A Mitsubishi também está diretamente envolvida no projeto. Seu novo modelo de reator, o SRZ-1200, é o principal candidato para o projeto de Mihama.
Hiroaki Kitaura, gerente-chefe de engenharia e manutenção da empresa, afirmou que o modelo é o mais realista entre os avaliados. Ele destacou, no entanto, que a decisão final depende dos estudos em andamento.
Nova fase da política energética
Atualmente, o Japão possui 33 reatores, mas menos da metade está ativa. Desde o desastre de 2011, o país enfrenta entraves regulatórios, altos custos de segurança e resistência local para religar unidades.
Mesmo assim, o cenário começa a mudar.
O apoio à energia nuclear cresce entre jovens e líderes industriais, em meio à alta no custo de energia e metas climáticas globais.
O Ministro do Comércio, Yoji Muto, não comentou diretamente os planos da Kansai Electric. Mas reafirmou que o governo seguirá buscando mais eletricidade livre de carbono, incentivando investimentos e fortalecendo a cadeia de fornecimento nuclear.
O projeto de Mihama, se aprovado, marcará um novo capítulo para o Japão. Antes símbolo dos riscos nucleares, o país agora ensaia voltar ao centro da discussão energética global, impulsionado pela era da inteligência artificial e pela necessidade urgente de eletricidade limpa.