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Fabricante japonês apresenta motor inovador, testado e certificado, que estreia em 2026 e promete transformar o setor naval rumo à neutralidade de carbono.
Um marco histórico no transporte marítimo acaba de acontecer no Japão. A Japan Engine Corporation (J-ENG), sediada em Akashi, apresentou o primeiro motor comercial movido a amônia do mundo. O lançamento ocorreu em 30 de agosto e promete transformar o setor naval ao reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa.
O motor pioneiro
A J-ENG, única licenciadora global de motores diesel marítimos de baixa velocidade, revelou o modelo 7UEC50LSJA-HPSCR. O equipamento possui diâmetro de 50 centímetros, sete cilindros e conta com um sistema de Redução Catalítica Seletiva (SCR) de alta pressão. Esse sistema reduz emissões de nitrogênio usando catalisador e agente redutor à base de amônia, como a ureia.
A grande diferença em relação aos motores convencionais está na capacidade de operar tanto com amônia quanto com óleo combustível pesado. Essa configuração de combustível duplo permite uma transição mais equilibrada para energias limpas, sem exigir mudanças imediatas e radicais no setor.
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Testado e certificado
O novo motor passou por testes oficiais nas instalações da J-ENG. As avaliações foram acompanhadas por grandes empresas do setor, como a NYK Line, o Nihon Shipyard e a Japan Marine United Corporation (JMU). A ClassNK, maior sociedade classificadora do mundo, também participou da supervisão.
De acordo com a empresa, os resultados mostraram desempenho consistente em ambos os modos de combustível. Após os testes, a ClassNK certificou oficialmente o motor pelo desempenho ambiental e pela segurança operacional.
A entrega está prevista para outubro de 2025. O destino será um navio transportador de gás médio alimentado por amônia, em construção no estaleiro JMU Ariake.
A previsão é que a embarcação entre em operação comercial em 2026, marcando a primeira utilização em larga escala de um motor marítimo movido a amônia.
Orgulho japonês
A J-ENG declarou que o desenvolvimento foi longo e cuidadosamente planejado. O comunicado da empresa destacou a satisfação em entregar, antes de qualquer concorrente global, um motor seguro e confiável. Segundo representantes, o resultado é fruto de anos de coleta de dados e experimentos contínuos.
Mais de mil horas de ensaios
O sucesso atual só foi possível depois de uma extensa fase experimental. Entre maio de 2023 e setembro de 2024, a companhia realizou mais de mil horas de testes em um protótipo de cilindro único.
Os trabalhos ocorreram no Centro de P&D da Mitsubishi Heavy Industries, em Nagasaki.
Com os dados obtidos, a J-ENG avançou para os ensaios da versão completa em abril de 2025. Durante cinco meses, foram 700 horas adicionais de testes, priorizando a otimização da combustão, o controle de vazamentos e a segurança no manuseio da amônia.
O motor também recebeu sistemas de monitoramento sofisticados, capazes de garantir a proteção da tripulação e evitar riscos no contato com a substância tóxica.
Redução expressiva das emissões
Os números apresentados impressionam. Com carga total e 95% de co-combustão de amônia, o motor emitiu apenas três ppm de óxido nitroso (N2O). Isso significa uma redução de mais de 90% em gases de efeito estufa.
Além disso, as emissões de óxido de nitrogênio (NOx) foram cortadas pela metade em relação aos motores a óleo convencionais. Já a liberação de amônia não queimada foi praticamente nula, graças ao sistema de pós-tratamento. A eficiência térmica no modo de operação com amônia mostrou-se equivalente ou até superior à do óleo pesado.
Próximos passos
A companhia não pretende parar neste modelo. Já está em desenvolvimento um motor de maior porte, com 60 centímetros de diâmetro, projetado para embarcações de vários tamanhos. A previsão é que comece a operar no ano fiscal de 2028.
Com essa iniciativa, a J-ENG reforça sua posição como pioneira em combustíveis de nova geração. A empresa afirma que continuará impulsionando a introdução desses motores no mercado, incentivando a indústria naval a adotar soluções sustentáveis.
Contribuição para o futuro
O projeto integra o “Desenvolvimento de Navios de Próxima Geração”, parte do Fundo de Inovação Verde, administrado pela Organização de Desenvolvimento de Novas Tecnologias Energéticas e Industriais (NEDO). Portanto, não se trata apenas de um avanço tecnológico isolado, mas de um esforço conjunto para acelerar a transição do setor naval.
Segundo a empresa, a adoção em larga escala desses motores ajudará a reduzir as emissões de gases de efeito estufa no transporte marítimo. A meta é clara: contribuir para a neutralidade de carbono até 2050.
Em comunicado final, a J-ENG reafirmou o compromisso de liderar a mudança. O Japão, mais uma vez, se coloca na dianteira de uma transformação global que pode redefinir os rumos do transporte marítimo.
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