Japão enfrenta a crise de mão de obra recorrendo a seus idosos. Políticas de requalificação e incentivos para manter trabalhadores seniores ativos estão no centro da solução, apesar dos salários reduzidos. Será que essa estratégia será suficiente?
Enquanto o Japão luta para equilibrar uma população envelhecida com uma baixa taxa de natalidade, o país recorre a uma medida surpreendente.
De forma inédita, o governo está explorando novas políticas para manter seus cidadãos mais velhos no mercado de trabalho.
Em vez de uma aposentadoria tranquila, os japoneses mais experientes agora desempenham papéis cruciais para manter o país em funcionamento.
- Revolução digital no Brasil: China promete internet quase de graça com 15 mil satélites e ameaça o domínio de Elon Musk
- Fim do RG tradicional! Antigo RG será extinto de vez e brasileiros recebem ultimato para retirarem nova documentação, confira!
- Nova lei no Brasil muda tudo: criação e circulação de pitbulls agora têm regras rígidas para evitar multas!
- Nasa choca o mundo ao revelar descoberta de espaçonave misteriosa em Marte
Mas o que exatamente está acontecendo no Japão?
O Japão enfrenta uma grave escassez de mão de obra, consequência direta da sua população envelhecida e do declínio nas taxas de natalidade.
Com menos jovens para preencher as vagas de trabalho, o governo japonês teve de adotar políticas inovadoras. Uma dessas medidas é a promoção da empregabilidade de idosos.
Hoje, os maiores de 60 anos são incentivados a continuar trabalhando, graças a uma série de programas e subsídios.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, o governo japonês está incentivando empresas a oferecer melhores condições para os trabalhadores mais velhos.
Isso inclui desde ajustes nas condições de trabalho até programas de requalificação profissional para garantir que os idosos se mantenham ativos no mercado. Segundo o Fórum, esses programas são essenciais para ajudar o Japão a enfrentar essa crise.
Aumento do emprego entre os mais velhos
Em 2022, a taxa de emprego para pessoas com 65 anos ou mais no Japão atingiu 25,2%, uma porcentagem bem superior à de outros países desenvolvidos.
Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, a taxa era de 18,6%, enquanto no Reino Unido, apenas 10,9% dos idosos continuavam no mercado de trabalho. Essa realidade tem sido a base para o sucesso das políticas japonesas.
A maioria dos japoneses deseja continuar trabalhando após a aposentadoria. Segundo a Federação Empresarial do Japão, cerca de 80% dos trabalhadores manifestaram esse desejo.
No entanto, o fato de estarem trabalhando não significa que as condições sejam sempre as melhores. Muitos idosos, ao continuarem suas carreiras, enfrentam uma dura realidade: salários reduzidos.
Salários e motivação
Uma peculiaridade do Japão está em sua legislação previdenciária. A partir dos 60 anos, as pensões começam a ser reduzidas caso o total de salário e pensão exceda um determinado valor.
Para evitar essa situação, muitas empresas reduzem os salários dos trabalhadores mais velhos, mesmo que eles realizem as mesmas funções que seus colegas mais jovens.
Essa política de salários menores afeta diretamente a motivação dos trabalhadores seniores. Ganhar menos por realizar o mesmo trabalho é um dos principais fatores que diminui a satisfação entre os trabalhadores mais experientes.
Porém, o governo japonês tem trabalhado para melhorar essa situação, implementando medidas que incentivem o emprego de qualidade para esses profissionais.
Esforços governamentais
Diante desse cenário, o governo japonês lançou várias iniciativas para promover a permanência dos idosos no mercado de trabalho.
A Lei Revista de Estabilização do Emprego dos Idosos, por exemplo, garante que trabalhadores possam permanecer ativos até os 70 anos sem sacrificar seus salários.
Com isso, as empresas podem contar com a experiência valiosa desses profissionais veteranos por mais tempo.
Empresas como a Daikin, fabricante de ar-condicionado, têm sido pioneiras nesse esforço. A Daikin permite que trabalhadores com habilidades especializadas continuem além dos 65 anos, e alguns veteranos continuam atuando mesmo após os 70 anos.
Essa tendência tem se espalhado entre várias empresas, especialmente em setores que demandam conhecimentos técnicos específicos.
Além disso, o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar oferece subsídios para que empresas transformem contratos temporários de idosos em posições permanentes, garantindo uma maior estabilidade para esses trabalhadores.
Requalificação profissional
A requalificação é outro fator essencial nessa equação. Empresas como Konica Minolta e Canon estão oferecendo programas de formação para funcionários com mais de 50 anos.
Essas iniciativas buscam garantir que os trabalhadores mais velhos continuem competitivos no mercado, especialmente em áreas que exigem novas habilidades, como o setor digital.
Em 2022, o primeiro-ministro Fumio Kishida anunciou um grande investimento para apoiar a requalificação dos mais velhos.
Os programas de subsídios foram ampliados, permitindo que trabalhadores em idade avançada recebam formação em setores como tecnologia e inovação digital.
Impacto na sociedade
Esse conjunto de esforços tem transformado a sociedade japonesa. Os governos locais estão criando centros de desenvolvimento de carreira para os idosos, oferecendo oportunidades de capacitação de forma gratuita.
Isso não só melhora as perspectivas de emprego, como também aumenta a satisfação dos trabalhadores mais velhos, conforme relatado pelo Fórum Econômico Mundial.
Com todas essas iniciativas, o Japão está desenhando um novo modelo de envelhecimento ativo, onde os idosos não só continuam a contribuir com a sociedade, mas também mantêm sua independência financeira e valorização profissional.
O Japão enfrenta desafios gigantescos, mas também desenvolve soluções que podem servir de exemplo para outras nações.
A pergunta que fica é: até quando essa estratégia será suficiente para equilibrar a falta de jovens no mercado de trabalho?