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Japão encontra reservas de cobalto e níquel para o resto do século e desafia a poderosa mineração da China

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 03/08/2024 às 14:58
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Japão encontra reservas de cobalto e níquel para o resto do século e desafia a poderosa mineração da China

Pesquisadores da Universidade de Tóquio e da Fundação Nippon encontraram 610.000 toneladas de cobalto e 740.000 toneladas de níquel, suficientes para cobrir suas necessidades de mineração pelos próximos 90 anos

O Japão descobriu milhares de toneladas de cobalto e níquel, garantindo seu abastecimento desses metais para o resto do século e parte do próximo. Esses metais são matérias-primas estratégicas, essenciais para a fabricação de baterias de carros elétricos, celulares e outros dispositivos eletrônicos. Por isso, possuir reservas é fundamental para participar no mercado da mineração. A descoberta japonesa desafia a China, o país poderoso nesse setor.

Pesquisadores da Universidade de Tóquio e da Fundação Nippon encontraram 610.000 toneladas de cobalto e 740.000 toneladas de níquel, suficientes para cobrir suas necessidades pelos próximos 90 anos, respectivamente, conforme anunciaram há algumas semanas. O grupo de trabalho explorou o fundo do mar do Pacífico, especificamente uma ilha localizada a cerca de 2.000 quilômetros de Tóquio, pertencente à zona econômica exclusiva do país.

Exploração de minerais no fundo do mar

As toneladas contabilizadas são aquelas que calculam ser economicamente exploráveis, as reservas. No entanto, a quantidade de nódulos polimetálicos é maior, cerca de 230 milhões de toneladas, a partir das quais se extrai o cobalto e o níquel.

Em todo o mundo, há cerca de 8,3 milhões de toneladas de reservas de cobalto, segundo o relatório anual de 2023 do Cobalt Institute. Isso significa que a descoberta do Japão representa pouco mais de 7% das reservas identificadas até o momento. Até agora, o país asiático não tinha praticamente nenhum peso nesse mercado, onde se destacam a República Democrática do Congo, com quase metade das reservas mundiais, e a Austrália, com cerca de 20% das reservas.

De fato, a mineração de cobalto representa 90% das exportações da República Democrática do Congo, uma atividade crucial para a economia do país, segundo o mesmo relatório. No entanto, é aqui que entra a China, que é a líder no refino desse metal, a etapa crucial para que a matéria-prima possa ser utilizada em suas diversas aplicações. O cobalto é extraído na África, mas Pequim domina 72% da indústria de processamento, o que lhe confere uma vantagem significativa no mercado.

Esse elemento é utilizado para baterias de carros elétricos, superligas – usadas em motores de turbinas a gás – e também na indústria petroquímica.

Após a exploração japonesa, o país pretende começar a extrair os nódulos em março de 2026, detalha o grupo de trabalho. “A produção e o refino desses metais estão atualmente dominados pela China e pelos países africanos, e o Japão depende quase totalmente da importação desses recursos. A descoberta de grandes depósitos de cobalto e níquel traz esperanças de que isso possa mudar em breve”, afirmam os organismos japoneses.

Impacto econômico e geopolítico das novas reservas

De fato, a ideia do Japão é criar uma joint venture com empresas nacionais para trabalhar ambos os metais e comercializá-los como produtos próprios, sem que precisem sair do país para serem processados. A intenção é criar uma indústria que lhes permita se abastecer e controlar parte do fornecimento. Ou seja, cortar laços com a China.

A União Europeia considera o níquel e o cobalto como matérias-primas estratégicas, uma forma de reconhecê-los como elementos-chave para a economia. Isso se deve ao fato de que sua demanda vai aumentar exponencialmente nos próximos anos e também porque esses recursos estão muito concentrados, sendo fácil haver interrupções no fornecimento. Essas matérias-primas não possuem substitutos acessíveis, portanto, se houver problemas na cadeia de valor, o comércio pode ser desacelerado ou paralisado. mineração

Por sua vez, as reservas de níquel estão principalmente na Austrália, Estados Unidos, Brasil, Canadá e China. Mas, mais uma vez, a China possui o maior número de refinarias de níquel do mundo, com 10 no total, empatando com as 10 do Brasil, segundo dados do Nickel Institute. O país asiático possui 22 fundições desse metal, enquanto o país latino-americano possui 10, portanto, a China continua a ter uma certa vantagem na indústria de tratamento de níquel. O níquel é utilizado para baterias, ligas e aço inoxidável. mineração

“Esses recursos são críticos para a segurança econômica. A demanda por ambos vai disparar nas próximas décadas entre 400% e 600% à medida que a tecnologia alimentada por baterias substitui o petróleo e o gás”, apontam os pesquisadores japoneses, que não querem que seu país fique atrás nessa oportunidade, nem depender da China. mineração

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Noel Budeguer

De nacionalidade argentina, sou redator de notícias e especialista na área. Abordo temas como ciência, petróleo, gás, tecnologia, indústria automotiva, energias renováveis e todas as tendências no mercado de trabalho.

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