Debate sobre a separação dos estados do Sul volta ao centro das atenções após fala polêmica de um governador em evento oficial.
Durante o evento Construa Sul, realizado em Curitiba (PR) no dia 12 de junho de 2025, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), sugeriu, em tom de brincadeira, a separação dos estados do Sul do restante do país.
O comentário foi feito na presença dos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
Ao falar sobre a presença de dois possíveis candidatos à Presidência da República, Jorginho Mello afirmou: “Temos dois candidatos à Presidência da República aqui. Daqui a pouco, se o negócio não funcionar muito bem lá para cima, nós passamos uma trena para o lado de cá e fazemos ‘o Sul é nosso país’, né?”
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A declaração faz referência ao movimento separatista denominado “O Sul é o Meu País”, que defende a separação dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul do restante do Brasil.
Além do comentário sobre a “trena”, Jorginho Mello também mencionou, de forma descontraída, uma disputa territorial envolvendo os estados do Paraná e Santa Catarina, relacionada à redefinição das divisas estaduais.
Segundo ele, um erro de medição revelou que uma área equivalente a aproximadamente 500 campos de futebol, antes considerada paranaense, pertence na verdade a Santa Catarina.
Mello afirmou: “As divisas estavam meio erradas, aí passamos a régua, ele foi generoso e deixou nós pegarmos. Mas não tinha muita coisa boa em cima, não.”
Reação à separação dos estados do sul nas redes sociais
O comentário do governador repercutiu amplamente nas redes sociais, gerando críticas de usuários e figuras públicas.
O jornalista Guga Noblat, por exemplo, publicou: “Piadinha de gente do Sul que se acha superior ao Norte e Nordeste”.
Outros usuários apontaram para o histórico de tensões regionais no país.
Já parte do público tratou a fala como uma brincadeira típica de encontros políticos.
Após a repercussão, Jorginho Mello divulgou vídeo em suas redes sociais no dia 17 de junho de 2025, reiterando que sua fala tinha tom descontraído e que não havia intenção real de propor a separação dos estados do sul.
No vídeo, o governador afirmou que a insatisfação da região está relacionada ao modelo de distribuição dos recursos federais.
Segundo ele, “O nosso dinheiro vai para Brasília e volta em migalhas. Aqui, em Santa Catarina, volta 10% do que mandamos… Brasília drena nossos recursos. Essa é a revolta do Sul.”
História do movimento separatista do Sul
O movimento separatista do Sul, conhecido como “O Sul é o Meu País”, foi criado em 1992, na cidade de Laguna (SC), por Adílcio Cadorin.
Atualmente, mantém sede em São Sepé (RS) e comissões em diferentes cidades da região.
O principal objetivo da organização é promover a separação dos três estados, alegando diferenças históricas, econômicas e culturais em relação ao restante do país.
O movimento realiza, desde 2016, o Plebisul, uma consulta popular informal e sem valor legal para medir o apoio da população local à proposta de separação.
Segundo os organizadores, os resultados têm mostrado apoio elevado à ideia, embora o percentual de participação no plebiscito seja reduzido diante do eleitorado total da região.
Questões constitucionais sobre o movimento separatista do Sul
De acordo com a Constituição Federal de 1988, o Brasil é uma federação formada pela “união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal”.
A legislação não permite a separação de estados ou territórios por decisão unilateral ou consulta popular.
Especialistas em direito constitucional, como Eduardo Carrion (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), ressaltam que, mesmo que haja manifestação popular, qualquer mudança nesse sentido exigiria alteração da Constituição e consenso no Congresso Nacional.
O movimento separatista do Sul também faz referência ao princípio da autodeterminação dos povos, reconhecido no direito internacional, mas não há precedentes de aplicação desse conceito para regiões economicamente desenvolvidas em países democráticos com constituições rígidas.
Argumentos econômicos da separação dos estados do sul
Entre os principais argumentos apresentados pelo movimento separatista do Sul está a diferença na arrecadação de impostos e no retorno de recursos federais para os estados do Sul.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Receita Federal, os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul contribuem com percentuais elevados de arrecadação para a União, recebendo de volta, em investimentos diretos, proporção inferior ao arrecadado.
No entanto, dados oficiais também mostram que, em situações de emergência ou calamidade, como as enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul em 2024 e 2025, a região recebeu valores expressivos em transferências federais, acima do orçamento regular previsto para o estado.
Adesão ao movimento separatista do Sul
A organização separatista do Sul possui cerca de 30 mil filiados e 300 mil simpatizantes, de acordo com registros do próprio movimento.
Em edições do Plebisul realizadas nos anos de 2016 e 2017, o percentual de votos favoráveis à separação chegou a 95%, considerando apenas os votos depositados.
No entanto, a participação ficou restrita a menos de 5% do eleitorado dos três estados.
Você acredita que a discussão sobre separação dos estados do sul pode ganhar força nas próximas eleições ou permanecerá restrita ao debate regional? Deixe sua opinião!