Vídeo mostra uma monja que vive sozinha em um templo-caverna no interior de Guizhou. O local integra o complexo turístico Dragon Palace (Longgong) e abriga dezenas de imagens sacras esculpidas em salões naturais.
A imagem que circula nas redes apresenta uma religiosa vivendo reclusa em uma cavidade das montanhas de Anshun, província de Guizhou, onde há um conjunto de cavernas e templos que se tornaram atração nacional.
Materiais oficiais do governo de Guizhou descrevem a área como um destino 5A, com rios subterrâneos, cachoeiras e o Guanyin Cave, um templo instalado dentro de um enorme salão cárstico.
Em vídeos do canal chinês Qingyunji, uma monja, identificada nas legendas como moradora antiga do local, aparece limpando, cozinhando e zelando por estátuas, dizendo viver ali há mais de uma década.
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Além do interesse humano, o cenário chama atenção pela geologia: travessias de barco em rios subterrâneos, quedas-d’água internas e salões com até dezenas de metros de altura compõem a rota dos visitantes.
É nesse contexto que a história da monja se funde ao imaginário local, um retiro prolongado em um templo vivo dentro da rocha, vizinho a fluxos turísticos que exigem ordenamento e respeito.
Onde fica o templo-caverna e o que há dentro
O Dragon Palace (Longgong) Scenic Area fica no município de Anshun, a cerca de 116 km de Guiyang, capital de Guizhou. O complexo reúne cavernas navegáveis, lago subterrâneo, cânions e cachoeiras, formando um dos cartões-postais do karst do sudoeste chinês.
Dentro do parque está o Guanyin Cave, um conjunto de salões naturais adaptados para culto, com imagens de Buda, bodhisattvas e hinos gravitando em torno de uma estalagmite famosa por lembrar a figura de Guanyin.
Documentos oficiais citam 32 estátuas e ressaltam a singularidade de uma “igreja de caverna” ativa.
Relatos turísticos apontam uma experiência mista: passagens por passarelas úmidas, trechos de barco e templos em grutas com forte apelo visual, o que explica a popularidade do tema em redes sociais e vlogs.
Quem é a monja mostrada nos vídeos e o que se sabe
Os vídeos do Qingyunji retratam uma monja idosa que afirma viver há mais de 10 anos num eremitério-caverna, onde realiza tarefas diárias e conduz práticas devocionais entre estátuas de tradição budista e taoísta.
Segundo o portal xataka, a mulher conhecida apenas como Mestre Shi, tem 70 anos de idade e cuida sozinha do lugar. Seus únicos visitantes são alguns poucos peregrinos durante o ano.
O contexto, porém, é verossímil, retiros longos em cavernas fazem parte de linhagens budistas. O caso clássico de Tenzin Palmo, britânica que viveu 12 anos em uma caverna no Himalaia, é frequentemente citado como paralelo e ajuda a dimensionar a prática.
A presença de peregrinos e turistas na região exige mediação entre espiritualidade e visitação. Autoridades locais classificam o parque como 5A, o que implica regras para circulação, horários e condutas dentro de áreas sacras.
História e lendas: o fio que liga o templo aos “Três Reinos”
Em canais brasileiros e chineses circula a versão de que a caverna teria sido usada para estocar mantimentos durante conflitos do período dos Três Reinos e, depois, doada a monges — narrativa atribuída a figuras como Meng Huo e descendentes. Como história oral, a linha é cativante; como historiografia, carece de base documental acessível.
Fontes oficiais sobre o Guanyin Cave se concentram na geologia e na atual configuração religiosa do espaço, não na cronologia militar do século III.
Ou seja, a monja existe como personagem de vídeos recentes e o templo-caverna existe e é visitável, já o elo com o ciclo de Meng Huo deve ser tratado como lenda local até que apareçam fontes primárias.
Turismo, preservação e ética do retiro
Para quem pretende conhecer a área, o roteiro costuma incluir travessia de barco por rios internos, quedas-d’água e grutas iluminadas, com trechos a pé e estrutura de bilheteria e transporte dentro do parque. Guias e relatos de viagem ajudam a planejar tempo e custo.
Como se trata de espaço de culto, recomenda-se discrição ao fotografar, respeito às áreas restritas e atenção às normas de segurança em piso molhado e escadas. O parque integra a lista 5A, padrão que pressupõe gestão de fluxo e proteção ambiental.
Se a monja estiver em retiro reconhecido, o princípio é simples: não invadir, não filmar de perto sem consentimento e não transformar a prática religiosa em “atração”. A melhor forma de preservar é ver sem violar.
No fim, a história funciona como convite ao debate: devemos priorizar o silêncio de um retiro monástico em um parque 5A com milhares de visitantes? Até que ponto vídeos virais ajudam a proteger ou apenas expõem quem quer ficar à margem? Deixe sua opinião nos comentários e diga se você visitaria o local sabendo que alguém escolheu fazer dali a sua casa espiritual.



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