IPVA 2026 terá isenção em 12 estados para elétricos e híbridos, mas motoristas de carros a combustão podem pagar mais caro.
O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) vai ganhar novos contornos em 2026 e já provoca debate entre motoristas, montadoras e governos estaduais. O que parecia uma tendência tímida tornou-se realidade: 12 estados brasileiros já concedem isenção ou descontos significativos para carros elétricos e híbridos, consolidando uma política de incentivo à mobilidade limpa. Mas, no outro lado da balança, cresce o temor de que veículos a combustão — principalmente os de motor acima de 2.0 — passem a pagar ainda mais, como forma de compensar a perda de arrecadação.
A mudança está sendo chamada por especialistas de “revolução silenciosa”, pois não surgiu de uma lei nacional, mas de uma corrida entre estados para atrair investimentos, estimular vendas e mostrar alinhamento com metas ambientais globais.
O mapa da isenção: onde os elétricos não pagam IPVA
Em 2025, estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Alagoas, Maranhão, Piauí, Paraná, Sergipe e Bahia já concediam algum tipo de benefício para veículos eletrificados. Em São Paulo, por exemplo, o desconto pode chegar a 100% em modelos híbridos flex, desde que os proprietários participem do programa de reciclagem de veículos antigos.
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No total, 12 estados já implementaram regras diferenciadas para carros elétricos e híbridos em 2026, segundo levantamento da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Em alguns locais, como o Piauí, a isenção é integral. Em outros, como São Paulo e Paraná, a regra prevê descontos graduais ou vinculados a programas de renovação de frota.
Essa política coloca o Brasil em sintonia com países que já utilizam benefícios fiscais para estimular a transição energética. Alemanha, França, China e Noruega têm modelos semelhantes, embora, em muitos casos, incluam também subsídios diretos à compra do veículo — algo que o Brasil ainda não adota em escala nacional.
O peso do IPVA na arrecadação estadual
O IPVA é uma das principais fontes de receita para os estados, representando em média 12% de toda a arrecadação tributária estadual. Em São Paulo, maior mercado automotivo do país, o imposto rendeu R$ 27 bilhões em 2024. Abrir mão desse recurso em parte da frota significa um rombo que precisa ser compensado em outro lugar.
E é aí que entra a preocupação dos motoristas de carros a combustão. Para manter o equilíbrio das contas públicas, estados já estudam mecanismos de aumento do IPVA para veículos maiores e mais poluentes. Modelos com motor acima de 2.0, SUVs de luxo e caminhonetes podem ser os primeiros alvos. A lógica é simples: quem polui mais, paga mais.
Especialistas chamam atenção para o efeito cascata: se os tributos sobre os carros maiores subirem, os combustíveis também podem acabar sendo ajustados como contrapartida, ampliando ainda mais o peso sobre o bolso da classe média.
A tensão entre promessa verde e bolso do consumidor
Na teoria, o avanço da isenção é uma vitória para o meio ambiente e para a indústria automobilística, que enxerga um estímulo às vendas de veículos eletrificados. Mas, na prática, o contraste é evidente: enquanto uma parcela da população comemora a possibilidade de ter um carro sem IPVA, a grande maioria continua dependente dos veículos a combustão e teme arcar com uma conta ainda mais alta.
Hoje, os elétricos representam menos de 3% da frota nacional, o que significa que a renúncia fiscal recai sobre uma minoria. Já os mais de 45 milhões de veículos a combustão seguem sendo a base da arrecadação. Isso gera uma distorção que pode se tornar insustentável nos próximos anos.
O presidente da ABVE, Ricardo Bastos, já alertou em entrevistas que o Brasil precisa de um modelo de transição equilibrado: “Não adianta estimular os elétricos se isso significar penalizar excessivamente os carros a combustão. O risco é criar rejeição da sociedade e travar a transição energética”.
Quem ganha e quem perde com o IPVA verde
Para as montadoras, o cenário é promissor. Com benefícios estaduais, os carros elétricos e híbridos tendem a ganhar competitividade frente aos a combustão. Um veículo de R$ 200 mil pode gerar até R$ 8 mil de economia por ano apenas com a isenção do IPVA, tornando-se mais atrativo para consumidores de maior poder aquisitivo.
Já para o consumidor médio, que ainda não consegue acessar os preços dos elétricos, a sensação é de injustiça. O pedreiro que roda com seu carro 1.0 de 10 anos de uso não terá nenhum benefício, mas pode acabar pagando mais caro no IPVA e no combustível para compensar a renúncia dada a quem compra carros de R$ 150 mil ou mais.
Essa desigualdade é o ponto central da polêmica. Políticos opositores já chamam a medida de “subsídio ao luxo verde”, enquanto defensores afirmam que é um passo necessário para modernizar a frota e reduzir emissões.
O que esperar de 2026 em diante
Tudo indica que a tendência de isenção e descontos vai se expandir. Outros estados estudam adotar benefícios semelhantes em 2027, criando um efeito dominó. A pressão internacional também conta: o Brasil assumiu compromissos climáticos que incluem redução significativa de emissões até 2030, e a eletrificação da frota é um caminho inevitável.
Por outro lado, a resistência social e a pressão de sindicatos ligados ao transporte podem frear medidas mais duras contra os carros a combustão. O desafio é encontrar um equilíbrio entre incentivo e justiça tributária.
O governo federal, até agora, não interveio diretamente, deixando a cargo dos estados a definição das regras. Mas especialistas afirmam que em breve será inevitável discutir uma política nacional para o IPVA, sob risco de criar distorções entre regiões e aumentar desigualdades no acesso à mobilidade.
A revolução silenciosa já começou. A pergunta que fica é: o Brasil está realmente pronto para trocar o ronco do motor pelo silêncio dos elétricos sem deixar ninguém para trás? Qual a sua opinião? Deixe abaixo nos comentários!
Precisamos que o Governador de Goiás, entre neste bloco de SEM IPVA. Porquê afinal temos que olhar pelo meio ambiente. Menos fumaça melhor.