Especialistas revelam detalhes sobre as limitações da internet Starlink em cidades e os desafios enfrentados por usuários que dependem de conexão estável para trabalho, estudos ou lazer.
Recentemente, um estudo conduzido pela especialista em tecnologias de comunicação Sascha Meinrath reacendeu o debate sobre a real eficiência da Starlink, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas.
O levantamento aponta que o desempenho da conexão tende a cair significativamente quando há um grande número de usuários simultâneos, fenômeno que levanta questionamentos sobre a classificação da Starlink como banda larga de alta qualidade.
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Starlink e a promessa da internet via satélite
De acordo com a pesquisa, a Starlink — composta por milhares de satélites em órbita baixa da Terra — mostra desempenho satisfatório principalmente em regiões rurais, áreas remotas ou em ambientes com poucos obstáculos físicos, como edifícios e árvores.
Nesses cenários, a tecnologia de Elon Musk pode representar uma solução relevante para comunidades isoladas, proporcionando acesso à internet onde infraestruturas tradicionais, como fibra ótica, não chegam ou são inviáveis economicamente.
Contudo, o estudo revela que, nas cidades, a experiência do usuário tende a ser marcada por instabilidades e quedas de velocidade.
Principais desafios enfrentados por usuários urbanos
A pesquisadora Sascha Meinrath destaca que a banda larga por satélite depende fortemente da quantidade de pessoas conectadas em determinada região e do número de satélites disponíveis no céu.
Quando a demanda é alta, principalmente em horários de pico, a velocidade de conexão apresenta quedas acentuadas, muitas vezes ficando abaixo dos requisitos mínimos estabelecidos por órgãos reguladores internacionais para ser considerada “banda larga”.
Essa situação já havia sido reconhecida anteriormente pelo próprio Elon Musk, que, em publicações nas redes sociais, alertou para o desafio de manter a qualidade do serviço conforme cresce a base de usuários.
Outro ponto levantado pelo estudo é a influência de barreiras físicas no desempenho da internet Starlink.
Em áreas urbanas, onde prédios, árvores e postes são numerosos, a latência — intervalo de tempo entre o envio e o recebimento de dados — tende a aumentar.
Esse efeito prejudica atividades como videochamadas, transmissões ao vivo e o envio de grandes arquivos.
Por esse motivo, para moradores de cidades, especialistas costumam indicar a preferência por internet via fibra ótica ou por redes móveis de quinta geração (5G), que oferecem maior estabilidade, velocidade e baixa latência.
Origem e objetivos da Starlink
A constelação Starlink foi concebida para suprir necessidades em locais distantes, como navios em alto-mar, aviões em rota ou estações científicas em áreas como a Antártida.
Em 2023, a Bloomberg já havia publicado entrevistas nas quais Elon Musk reiterava que o público-alvo inicial do projeto sempre foram regiões com baixa cobertura de internet tradicional, não grandes centros urbanos.
As recentes avaliações, contudo, apontam que, mesmo com o lançamento quase diário de novos satélites, ainda existem “buracos” de cobertura, especialmente em países de grande extensão territorial.
Velocidade da conexão Starlink e limitações
Outro dado relevante diz respeito à velocidade de conexão da Starlink.
Segundo relatórios técnicos, em ambientes urbanos a média registrada frequentemente fica abaixo dos 25 Mbps (megabits por segundo) recomendados pela Federal Communications Commission (FCC), agência reguladora dos Estados Unidos, para conexões de banda larga.
Essa limitação pode comprometer a experiência de usuários que dependem de alta velocidade para atividades profissionais, educacionais ou de lazer.
Além dos obstáculos físicos, a sobrecarga do sistema também é um fator preocupante.
O aumento no número de assinantes, principalmente em áreas metropolitanas, tem potencializado relatos de instabilidade, segundo pesquisas divulgadas entre 2024 e julho de 2025.
Em muitos casos, consumidores relatam oscilações no sinal, interrupções momentâneas e dificuldade de manter conexões estáveis durante o uso intenso.
Expansão da constelação e desafios técnicos
Para tentar contornar essas falhas e garantir maior cobertura, a SpaceX tem ampliado sua rede de satélites em órbita.
Segundo a própria empresa, são lançados novos equipamentos praticamente todos os dias, com a promessa de preencher as lacunas ainda existentes e proporcionar maior confiabilidade para a internet Starlink.
No entanto, especialistas alertam que o simples aumento do número de satélites pode não ser suficiente se não houver avanços significativos na capacidade de processamento e distribuição do sinal em solo, além da melhoria da infraestrutura terrestre de apoio.
Viabilidade econômica e comparação com outras tecnologias
O modelo de negócios da Starlink também contribui para a discussão sobre a viabilidade do serviço em ambientes urbanos.
Com um valor de assinatura considerado elevado em comparação a outros serviços de internet fixa e móvel, a solução da SpaceX encontra maior adesão em locais onde as opções concorrentes são inexistentes ou limitadas.
Já em regiões metropolitanas, a competição com provedores de fibra ótica e operadoras móveis tem dificultado a expansão da base de clientes.
Critérios regulatórios e padrões de banda larga
Em relação à regulamentação, diferentes países têm adotado critérios próprios para definir o que é considerado banda larga, levando em conta velocidade mínima, latência e estabilidade da conexão.
No Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) determina que a conexão de banda larga fixa deve ter velocidade mínima contratada de 80% do valor máximo anunciado pelo provedor, além de limites de latência aceitáveis para atividades em tempo real.
O futuro da internet via satélite em áreas urbanas
O cenário global evidencia que a Starlink pode ser revolucionária em regiões carentes de infraestrutura, mas ainda enfrenta barreiras para se consolidar como principal alternativa em áreas urbanas densamente povoadas.
As constantes melhorias na rede, bem como a evolução tecnológica dos satélites e das antenas receptoras, devem determinar o futuro do serviço nos próximos anos.
A pergunta que surge é: você acredita que a internet via satélite da Starlink será capaz de competir com a fibra ótica e o 5G nas grandes cidades ou seu papel deve continuar restrito a regiões remotas?