CNI critica manutenção dos juros em 15% e defende medidas imediatas para reverter cenário adverso
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou duramente, em 30 de julho de 2025, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
A decisão foi de manter a taxa básica de juros em 15% ao ano. Para a entidade, a política monetária excessivamente contracionista compromete o crescimento.
Além disso, amplia os custos do setor produtivo. Isso acontece especialmente em um cenário já pressionado por fatores externos e internos.
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Segundo Ricardo Alban, presidente da CNI, é urgente iniciar a redução da Selic. A manutenção do atual patamar desestimula investimentos e encarece o crédito.
Com isso, intensifica-se o risco de retração econômica ainda maior.
Alta do IOF e tarifas dos EUA geram efeito dominó
Além da Selic elevada, o setor produtivo enfrenta aumento no IOF sobre crédito e câmbio. Isso adicionará R$ 4,9 bilhões em custos anuais à indústria.
Esse valor é estimado pela CNI. Como se não bastasse, as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras podem provocar queda expressiva na produção industrial.
Esse impacto gera demissões em larga escala. A combinação desses fatores agrava o ambiente econômico.
De acordo com Alban, é necessária uma mudança imediata de postura por parte do Copom. O país precisa de uma política monetária mais favorável ao crescimento.
É fundamental estimular a produção e o consumo interno.
Brasil ocupa o topo do ranking de juros reais
Segundo o Banco Central, a taxa real de juros encerrou 2024 em 7% ao ano. Contudo, em julho de 2025, chegou a 10,1% ao ano.
Esse patamar coloca o Brasil como segundo país do mundo com maior taxa de juros real, atrás apenas da Turquia.
Esse valor está 5,1 pontos percentuais acima da taxa neutra. Isso indica forte política de restrição econômica.
Pela Regra de Taylor, a Selic deveria estar próxima de 10,59% ao ano. Esse número está 4,41 pontos abaixo do valor atual.
Essa diferença demonstra descompasso entre controle da inflação e estímulo à atividade produtiva.
Crédito mais caro freia consumo e paralisa investimentos
Com juros elevados, o crédito torna-se cada vez mais inacessível. Segundo o Banco Central, a taxa média cobrada das empresas subiu de 20,6% ao ano.
Esse dado se refere a setembro de 2024. Já em junho de 2025, a média chegou a 24,3% ao ano.
Para os consumidores, a taxa média saltou de 52,3% para 58,3% no mesmo período. Esse cenário inviabiliza investimentos em modernização, inovação e expansão.
Também limita o capital de giro das empresas. Do lado do consumo, os altos juros restringem o acesso a bens de maior valor.
Esses produtos dependem fortemente de financiamento.
Produção e varejo desaceleram com menos acesso ao crédito
O segundo trimestre de 2025 já traz sinais de esfriamento da economia. Conforme o IBGE, a produção industrial caiu 1,2% em abril e maio.
Essa queda foi registrada em relação ao trimestre anterior. No mesmo intervalo, as vendas do varejo recuaram 1,6%.
Esse movimento reforça o enfraquecimento do consumo. Além disso, o IBC-Br caiu 0,74% em maio, comparado a abril.
Esse indicador antecipa o desempenho do PIB. Esse conjunto de dados mostra perda de tração econômica, causada pela limitação do crédito.
Inflação em desaceleração amplia espaço para cortes
Apesar do receio inflacionário, os dados recentes mostram desaceleração dos preços. Segundo o IBGE, o IPCA foi de 1,31% em fevereiro de 2025.
Em março, ficou em 0,56%. Em abril, atingiu 0,43%. Já em maio, recuou para 0,26%. Em junho, caiu ainda mais: 0,24%.
Os alimentos subiram apenas 0,02% em maio. Em junho, recuaram 0,43%. A alta acumulada de 12 meses caiu de 7,87% para 6,23%.
Outro destaque são os bens industriais. Subiram apenas 0,05% em maio e junho. O acumulado caiu de 4,09% para 3,72% entre abril e junho.
Esse movimento se deve à valorização do real. A moeda brasileira se valorizou 11,9% frente ao dólar no primeiro semestre de 2025.
Expectativas seguem em queda há nove semanas
Além da inflação corrente, as projeções também mostram alívio. Por isso, segundo o Relatório Focus, do Banco Central, o IPCA para 2025 caiu para 5,1%.
Apesar disso, a queda veio após nove semanas consecutivas de revisão para baixo. Dessa forma, o movimento reforça a necessidade de reduzir a Selic.
Com isso, o cenário permite começar uma trajetória de corte nos juros. Ainda assim, o controle da inflação segue garantido.
Indústria pede ação urgente do Banco Central
Diante do crédito restrito e, ao mesmo tempo, da inflação controlada, portanto, a Confederação Nacional da Indústria reforça o pedido por mudanças na política monetária.
A Selic em 15% ainda trava a recuperação econômica e, por consequência, ameaça empregos. Além disso, compromete investimentos e, assim, reduz a competitividade da indústria nacional.
Ricardo Alban defende que o Banco Central inicie imediatamente um ciclo de cortes. Caso contrário, o país pode, portanto, mergulhar em recessão prolongada, o que traria impactos sever