A Turquia apresentou ao mundo o Tayfun Block 4, uma nova versão de seu míssil balístico que surpreende pelo tamanho, peso e possível alcance. Com cerca de 10 metros de comprimento e quase oito toneladas, o armamento marca um novo momento para a indústria militar turca e levanta questionamentos sobre sua classificação e objetivos estratégicos.
O lançamento do novo míssil balístico Tayfun Block 4 marca um passo importante para a indústria de defesa da Turquia.
Desenvolvido pela empresa Roketsan, o armamento foi apresentado na Feira Internacional da Indústria de Defesa (IDEF) de 2025, em Istambul.
O modelo representa uma evolução da família Tayfun, cuja primeira versão foi revelada em 2022. A nova versão, maior e mais pesada, chama atenção por suas possíveis capacidades de longo alcance.
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A arma possui cerca de 10 metros de comprimento, pouco mais de 1 metro de diâmetro e pesa quase oito toneladas.
Em comparação, as versões anteriores do Tayfun tinham 6,5 metros de comprimento, diâmetro de 60 centímetros e peso de 2,3 toneladas.
Segundo a Roketsan, o Bloco 4 estabelece um novo recorde para a indústria de defesa turca, podendo atingir alvos estratégicos como centros de comando, sistemas de defesa aérea e hangares militares.
Alcance e classificação ainda indefinidos
A Roketsan não divulgou oficialmente o alcance máximo do novo míssil. Mesmo assim, seu tamanho indica a possibilidade de que ele entre na categoria de mísseis balísticos de médio alcance (MRBM), que possuem alcance entre 1.000 e 3.000 quilômetros.
O Tayfun original tem alcance declarado acima de 280 quilômetros e, em testes, já atingiu alvos a 561 quilômetros.
O uso da expressão “hipersônico” em relação ao Tayfun Block 4 também levanta questionamentos.
Embora mísseis balísticos geralmente atinjam velocidades superiores a Mach 5 em seus estágios finais, ainda não há indícios de que o novo modelo tenha manobrabilidade hipersônica avançada, característica típica das armas hipersônicas modernas.
Todas as versões do Tayfun, incluindo o Bloco 4, utilizam orientação baseada em localização no espaço (GOLIS).
Esse sistema, carregado antes do lançamento, permite atingir alvos fixos com precisão de até 10 metros. A ogiva utilizada é do tipo unitária de fragmentação explosiva.
Comparação com outros programas turcos
Ainda não se sabe se o Tayfun Bloco 4 substituirá ou complementará o míssil Cenk, outro projeto da Roketsan voltado para a categoria de MRBM.
O Cenk foi divulgado após o presidente turco Recep Tayyip Erdogan anunciar o desejo de adquirir mísseis com alcance acima de 1.000 quilômetros.
O ministro da Indústria e Tecnologia também declarou recentemente que o país trabalha em mísseis com alcance de até 2.000 quilômetros, embora sem citar nomes.
A possibilidade de lançar mísseis mais longos da Somália também foi cogitada, devido ao espaço disponível para testes de longo alcance.
Essa movimentação sugere que a Turquia busca ampliar sua capacidade regional e enfrentar adversários com mais segurança estratégica.
Uma variante do Tayfun com alcance de MRBM poderia ser útil caso o Cenk não avance como esperado.
Mísseis projetados especificamente como MRBM oferecem mais espaço para melhorias, como contramedidas e ogivas mais complexas. Isso também facilitaria o desenvolvimento de versões ainda mais potentes no futuro.
Interesse geopolítico e mensagens para adversários
A motivação da Turquia em desenvolver mísseis balísticos mais avançados não é apenas tecnológica.
O presidente Erdogan já mencionou explicitamente a rivalidade com a Grécia ao se referir ao Tayfun. Em 2022, ele afirmou que o míssil poderia atingir Atenas, numa demonstração clara de intimidação.
Além disso, o uso de mísseis Bora contra alvos curdos no Iraque também mostra que a Turquia não hesita em utilizar esses armamentos em conflitos regionais.
Um míssil com maior alcance ampliaria a capacidade de atuação do país em áreas mais distantes.
Outro aspecto importante é o mercado internacional. A Roketsan já oferece o Khan, uma versão para exportação do Bora, e firmou contrato com a Indonésia em 2022.
No entanto, a Turquia é membro do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR), que restringe a exportação de armas com determinadas capacidades. Isso pode limitar as vendas internacionais do Bloco 4, dependendo de sua configuração final.
A tendência global dos mísseis balísticos
A evolução do Tayfun acontece em um momento de interesse renovado por mísseis balísticos em todo o mundo.
Os Estados Unidos, por exemplo, estudam o desenvolvimento de um novo míssil com alcance de MRBM. O Exército americano não possui essa capacidade desde a aposentadoria do Pershing II, em 1991.
Entre os planos está a criação de uma nova versão do Míssil de Ataque de Precisão (PrSM), já em desenvolvimento. Esse armamento pode evoluir para atingir distâncias de MRBM.
A Austrália, aliada próxima dos EUA, já realizou um teste com o PrSM em território nacional, durante o exercício militar Talisman Saber.
As velocidades finais atingidas por mísseis balísticos, muitas vezes hipersônicas, tornam esses armamentos úteis contra alvos de alto valor e difícil proteção.
Essa característica também desafia os sistemas de defesa aérea, já que as armas chegam rapidamente ao destino e com alta energia.
Conflitos recentes e uso ativo
A guerra entre Rússia e Ucrânia tem sido um exemplo claro da utilidade de mísseis balísticos.
Em 2023, a Rússia usou um novo modelo chamado Oreshnik, com múltiplas ogivas. Já a Ucrânia estaria prestes a lançar um novo míssil próprio, desenvolvido internamente.
Outro exemplo ocorreu durante o conflito entre Irã e Israel.
O uso de mísseis balísticos por parte do Irã mostrou que, mesmo países com defesas avançadas, como Israel, ainda enfrentam grandes dificuldades para se proteger contra esse tipo de armamento.
O Irã também lançou mísseis contra a Síria, o Iraque e o Paquistão.
O uso de mísseis balísticos lançados do ar ou do mar também tem crescido.
A China lidera vários desses projetos, enquanto Israel usou mísseis desse tipo contra o Irã durante o conflito de junho. A Rússia fez o mesmo contra a Ucrânia, diversificando ainda mais suas opções.