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Indonésia amplia importações de carne bovina do Brasil para 534 mil cabeças de gado e cria nova rota bilionária para o agronegócio — abrindo disputa geopolítica e bilionária com a Austrália pelo mercado de 270 milhões de habitantes

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 17/08/2025 às 09:26
Indonésia amplia importações de carne bovina do Brasil para 534 mil cabeças de gado e cria nova rota bilionária para o agronegócio
Foto: Indonésia amplia importações de carne bovina do Brasil para 534 mil cabeças de gado e cria nova rota bilionária para o agronegócio
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Brasil conquista mercado da Indonésia e desafia domínio da Austrália na carne bovina — novo destino pode movimentar bilhões no agronegócio.

A abertura do mercado indonésio para a carne bovina brasileira, oficializada em 2023 após anos de negociações diplomáticas e sanitárias, começa a ganhar força em 2025. O país asiático, com população superior a 270 milhões de habitantes e economia em expansão, representa uma das maiores oportunidades comerciais da década para o Brasil. A novidade acende expectativas no agronegócio nacional, que vê na Indonésia uma chance de diversificar exportações e reduzir dependência da China. Ao mesmo tempo, cria um novo cenário de disputa com a Austrália, que até então dominava quase sozinha o fornecimento de carne para os indonésios.

O acordo que abriu as portas

As tratativas entre Brasil e Indonésia se estenderam por mais de 10 anos, esbarrando em exigências sanitárias e em forte lobby australiano.

Em 2023, a Indonésia finalmente reconheceu o sistema de inspeção e vigilância sanitária brasileiro, liberando a importação de carne bovina in natura de frigoríficos habilitados. No início, apenas algumas plantas foram autorizadas, mas o Ministério da Agricultura estima que o número possa crescer conforme se fortalece a relação comercial.

Em junho de 2025 a Indonésia ampliou sua cota de 350 mil para 534 mil cabeças de gado e animou o agro brasileiro com novas negociações.

A entrada brasileira no mercado indonésio foi celebrada como vitória diplomática. O Itamaraty atuou diretamente para superar barreiras e convencer as autoridades de Jacarta de que o Brasil possui sistemas confiáveis de controle, monitoramento e segurança alimentar. Para o governo, o acordo representa um marco estratégico para ampliar presença na Ásia além da China e do Oriente Médio.

A importância da Indonésia para o Brasil

O potencial de consumo da Indonésia impressiona. O país tem uma das maiores populações muçulmanas do mundo, com demanda crescente por carne bovina halal — preparada de acordo com regras religiosas islâmicas. A Austrália, principal fornecedora até então, exporta anualmente cerca de US$ 1 bilhão em carne para os indonésios.

Com a entrada do Brasil, a expectativa é conquistar parte desse mercado nos próximos anos. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), a Indonésia pode se tornar um dos 10 principais destinos da carne bovina brasileira até 2030, movimentando centenas de milhões de dólares por ano.

O desafio halal e a adaptação brasileira

Para conquistar espaço, o Brasil precisou adequar parte da sua produção às exigências halal. Grandes frigoríficos, como JBS e Minerva, já possuem linhas de produção certificadas para atender mercados islâmicos, incluindo Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Essa experiência foi determinante para que o país pudesse rapidamente adaptar-se às exigências da Indonésia.

Ainda assim, há desafios logísticos e culturais. Os consumidores indonésios estão habituados à carne australiana, e conquistar a confiança exigirá campanhas de marketing, preços competitivos e garantia de qualidade.

Rivalidade com a Austrália

A Austrália vê a entrada do Brasil como ameaça direta. Até então, sua vantagem logística — proximidade geográfica e acordos preferenciais — garantia quase monopólio sobre o fornecimento de carne à Indonésia.

Agora, terá de enfrentar a concorrência brasileira, que pode oferecer preços mais competitivos devido à escala de produção.

Analistas apontam que a disputa vai além do comércio: envolve influência política e diplomática na região. A Indonésia é vista como peça-chave no Sudeste Asiático, e sua aproximação com o Brasil pode sinalizar uma abertura maior a parcerias fora do eixo tradicional dominado por Austrália e Estados Unidos.

Impactos para o agronegócio brasileiro

Para o Brasil, a entrada na Indonésia reforça uma tendência de diversificação. Hoje, a China responde por mais de 60% das exportações de carne bovina nacional. Essa concentração é arriscada, já que embargos repentinos ou crises políticas podem gerar prejuízos bilionários. Ao conquistar novos mercados, o agronegócio brasileiro reduz sua vulnerabilidade e fortalece sua posição global.

Outro ponto estratégico é a relação custo-benefício. Embora a Indonésia não tenha o mesmo poder de compra da China, o crescimento da classe média local indica aumento de consumo de proteína animal nas próximas décadas. Em um cenário de demanda global crescente, posicionar-se cedo pode garantir vantagem competitiva no futuro.

Geopolítica da proteína animal

A disputa pelo mercado indonésio também está inserida em um contexto maior: a geopolítica da proteína. À medida que a carne bovina se torna produto estratégico, grandes potências e blocos buscam assegurar cadeias de suprimento confiáveis. O Brasil, maior exportador mundial, tornou-se ator central nessa equação.

Ao conquistar espaço em mercados como Indonésia, Egito e Vietnã, o país expande sua influência econômica e diplomática. Em contrapartida, desafia fornecedores tradicionais, como Austrália e Índia, que agora precisam dividir espaço.

Perspectivas para os próximos anos

O governo brasileiro aposta que, em cinco anos, a Indonésia será um dos principais destinos da carne bovina nacional na Ásia, ao lado da China e de Hong Kong. Para isso, será necessário manter diálogo diplomático constante, ampliar frigoríficos habilitados e garantir rastreabilidade e certificações halal em larga escala.

Além disso, o Brasil estuda ampliar acordos logísticos para reduzir custos de transporte até o Sudeste Asiático. Uma das propostas é aproveitar a rota transoceânica com escala em portos do Oriente Médio, otimizando fretes e fortalecendo acordos bilaterais.

A entrada da carne bovina brasileira na Indonésia é mais que um negócio: é um movimento estratégico que altera o equilíbrio no comércio de proteína animal na Ásia. Para o agronegócio, representa diversificação e novas receitas. Para o Brasil, é também uma vitória geopolítica, ao reduzir a dependência da China e desafiar rivais tradicionais.

Se a disputa com a Austrália será apenas comercial ou ganhará contornos políticos mais amplos, o tempo dirá. O certo é que o Brasil acaba de abrir uma das portas mais promissoras do mercado global de alimentos.

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Sou americana
Sou americana
17/08/2025 15:31

Acho que essa parceria não tem como dar certo. Seria melhor se fosse com os estados unidos, Trump sabe negociar

Estados unidos da american eu amo
Estados unidos da american eu amo
17/08/2025 15:30

Acho que essa parceria não tem como dar certo. Seria melhor se fosse com os estados unidos, Trump sabe negociar

Estados unidos da América eu amo
Estados unidos da América eu amo
17/08/2025 15:30

Acho que essa parceria não tem como dar certo. Seria melhor se fosse com os estados unidos, Trump sabe negociar

Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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