Brasil conquista mercado da Indonésia e desafia domínio da Austrália na carne bovina — novo destino pode movimentar bilhões no agronegócio.
A abertura do mercado indonésio para a carne bovina brasileira, oficializada em 2023 após anos de negociações diplomáticas e sanitárias, começa a ganhar força em 2025. O país asiático, com população superior a 270 milhões de habitantes e economia em expansão, representa uma das maiores oportunidades comerciais da década para o Brasil. A novidade acende expectativas no agronegócio nacional, que vê na Indonésia uma chance de diversificar exportações e reduzir dependência da China. Ao mesmo tempo, cria um novo cenário de disputa com a Austrália, que até então dominava quase sozinha o fornecimento de carne para os indonésios.
O acordo que abriu as portas
As tratativas entre Brasil e Indonésia se estenderam por mais de 10 anos, esbarrando em exigências sanitárias e em forte lobby australiano.
Em 2023, a Indonésia finalmente reconheceu o sistema de inspeção e vigilância sanitária brasileiro, liberando a importação de carne bovina in natura de frigoríficos habilitados. No início, apenas algumas plantas foram autorizadas, mas o Ministério da Agricultura estima que o número possa crescer conforme se fortalece a relação comercial.
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Em junho de 2025 a Indonésia ampliou sua cota de 350 mil para 534 mil cabeças de gado e animou o agro brasileiro com novas negociações.
A entrada brasileira no mercado indonésio foi celebrada como vitória diplomática. O Itamaraty atuou diretamente para superar barreiras e convencer as autoridades de Jacarta de que o Brasil possui sistemas confiáveis de controle, monitoramento e segurança alimentar. Para o governo, o acordo representa um marco estratégico para ampliar presença na Ásia além da China e do Oriente Médio.
A importância da Indonésia para o Brasil
O potencial de consumo da Indonésia impressiona. O país tem uma das maiores populações muçulmanas do mundo, com demanda crescente por carne bovina halal — preparada de acordo com regras religiosas islâmicas. A Austrália, principal fornecedora até então, exporta anualmente cerca de US$ 1 bilhão em carne para os indonésios.
Com a entrada do Brasil, a expectativa é conquistar parte desse mercado nos próximos anos. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), a Indonésia pode se tornar um dos 10 principais destinos da carne bovina brasileira até 2030, movimentando centenas de milhões de dólares por ano.
O desafio halal e a adaptação brasileira
Para conquistar espaço, o Brasil precisou adequar parte da sua produção às exigências halal. Grandes frigoríficos, como JBS e Minerva, já possuem linhas de produção certificadas para atender mercados islâmicos, incluindo Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Essa experiência foi determinante para que o país pudesse rapidamente adaptar-se às exigências da Indonésia.
Ainda assim, há desafios logísticos e culturais. Os consumidores indonésios estão habituados à carne australiana, e conquistar a confiança exigirá campanhas de marketing, preços competitivos e garantia de qualidade.
Rivalidade com a Austrália
A Austrália vê a entrada do Brasil como ameaça direta. Até então, sua vantagem logística — proximidade geográfica e acordos preferenciais — garantia quase monopólio sobre o fornecimento de carne à Indonésia.
Agora, terá de enfrentar a concorrência brasileira, que pode oferecer preços mais competitivos devido à escala de produção.
Analistas apontam que a disputa vai além do comércio: envolve influência política e diplomática na região. A Indonésia é vista como peça-chave no Sudeste Asiático, e sua aproximação com o Brasil pode sinalizar uma abertura maior a parcerias fora do eixo tradicional dominado por Austrália e Estados Unidos.
Impactos para o agronegócio brasileiro
Para o Brasil, a entrada na Indonésia reforça uma tendência de diversificação. Hoje, a China responde por mais de 60% das exportações de carne bovina nacional. Essa concentração é arriscada, já que embargos repentinos ou crises políticas podem gerar prejuízos bilionários. Ao conquistar novos mercados, o agronegócio brasileiro reduz sua vulnerabilidade e fortalece sua posição global.
Outro ponto estratégico é a relação custo-benefício. Embora a Indonésia não tenha o mesmo poder de compra da China, o crescimento da classe média local indica aumento de consumo de proteína animal nas próximas décadas. Em um cenário de demanda global crescente, posicionar-se cedo pode garantir vantagem competitiva no futuro.
Geopolítica da proteína animal
A disputa pelo mercado indonésio também está inserida em um contexto maior: a geopolítica da proteína. À medida que a carne bovina se torna produto estratégico, grandes potências e blocos buscam assegurar cadeias de suprimento confiáveis. O Brasil, maior exportador mundial, tornou-se ator central nessa equação.
Ao conquistar espaço em mercados como Indonésia, Egito e Vietnã, o país expande sua influência econômica e diplomática. Em contrapartida, desafia fornecedores tradicionais, como Austrália e Índia, que agora precisam dividir espaço.
Perspectivas para os próximos anos
O governo brasileiro aposta que, em cinco anos, a Indonésia será um dos principais destinos da carne bovina nacional na Ásia, ao lado da China e de Hong Kong. Para isso, será necessário manter diálogo diplomático constante, ampliar frigoríficos habilitados e garantir rastreabilidade e certificações halal em larga escala.
Além disso, o Brasil estuda ampliar acordos logísticos para reduzir custos de transporte até o Sudeste Asiático. Uma das propostas é aproveitar a rota transoceânica com escala em portos do Oriente Médio, otimizando fretes e fortalecendo acordos bilaterais.
A entrada da carne bovina brasileira na Indonésia é mais que um negócio: é um movimento estratégico que altera o equilíbrio no comércio de proteína animal na Ásia. Para o agronegócio, representa diversificação e novas receitas. Para o Brasil, é também uma vitória geopolítica, ao reduzir a dependência da China e desafiar rivais tradicionais.
Se a disputa com a Austrália será apenas comercial ou ganhará contornos políticos mais amplos, o tempo dirá. O certo é que o Brasil acaba de abrir uma das portas mais promissoras do mercado global de alimentos.
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