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Inacreditável, mas possível: Como a Arábia Saudita está reflorestando o deserto

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 29/05/2024 às 08:48
Reflorestamento, Arábia Saudita, Agricultura, deserto
Foto: Canva

Iniciativa de irrigação por pivô central revoluciona a agricultura sustentável Saudita, mas desafios de sustentabilidade persistem

A Arábia Saudita, o 13º maior país do mundo com mais de 34 milhões de habitantes, é amplamente conhecida por suas vastas reservas de petróleo. No entanto, uma transformação significativa está em curso: o reflorestamento do deserto através de um projeto ambicioso de irrigação. Esse projeto, localizado na depressão de Al-Ahsa, no noroeste da Península Arábica, está revolucionando a agricultura saudita.

Desafios naturais e soluções inovadoras para o reflorestamento

Com 95% de seu território coberto por desertos áridos e temperaturas que atingem 50°C no verão, a Arábia Saudita enfrenta enormes desafios para a agricultura. Historicamente, o país depende de importações para 70% de seu consumo de alimentos. No entanto, graças à irrigação por pivô central, áreas outrora inférteis estão se tornando produtivas.

O sistema de irrigação por pivô central para o reflorestamento do deserto Saudita

A técnica de irrigação por pivô central, inventada na década de 1940, envolve aspersores montados em tubos de aço galvanizado ou alumínio, que são movidos por torres com rodas em um padrão circular. Cada sistema cobre cerca de 50 hectares, permitindo a irrigação eficiente de grandes áreas. Este método, refinado ao longo dos anos, minimiza as perdas de água por evaporação, um fator crucial em regiões áridas.

Desde a década de 1960, a área de terras aráveis na Arábia Saudita cresceu de 400 km² para mais de 35.000 km². A bacia de Al-Ahsa sozinha representa 7.800 km² desse total. Imagens de satélite mostram o deserto transformado em campos verdes, cultivando alfafa, cevada e milho.

Desafios de sustentabilidade

Apesar dos sucessos, o projeto de reflorestamento enfrenta desafios significativos. A irrigação intensiva está esgotando rapidamente as reservas de água subterrânea, que não são reabastecidas devido à baixa precipitação. Especialistas alertam que os aquíferos podem secar em 50 a 60 anos, ameaçando a viabilidade a longo prazo da agricultura no deserto saudita.

Para enfrentar esses desafios, o governo saudita está implementando o plano Visão 2030, que visa diversificar a economia e reduzir a dependência do petróleo. Entre as iniciativas estão a proibição do cultivo de trigo, devido ao seu alto consumo de água, e a adoção de tecnologias de monitoramento agrícola para otimizar o uso dos recursos hídricos.

Além disso, a Arábia Saudita tem investido na compra de terras agrícolas no exterior, garantindo reservas de produção de alimentos em países como Estados Unidos, China e Senegal. O país também está promovendo o turismo, emitindo vistos para visitantes estrangeiros desde 2019, numa tentativa de diversificar suas fontes de receita.

O futuro da agricultura saudita com o reflorestamento

A adoção de sistemas de irrigação avançados trouxe benefícios significativos, mas o esgotamento dos recursos hídricos sublinha a necessidade de soluções sustentáveis. A Arábia Saudita está em uma encruzilhada: ou se adapta às novas realidades ambientais e econômicas ou corre o risco de ver seus projetos agrícolas tornarem-se inviáveis.

O esforço saudita para transformar desertos em terras cultiváveis é um exemplo notável de inovação em face de condições extremas. No entanto, o sucesso a longo prazo depende da capacidade do país de gerir de forma sustentável seus recursos naturais e diversificar sua economia. Com as medidas corretas, a Arábia Saudita pode continuar a ser uma potência agrícola, mesmo em um cenário global de crescente preocupação com a sustentabilidade ambiental.

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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