O governo federal anunciou em janeiro deste ano um novo plano de política industrial para impulsionar a indústria brasileira até 2033. Batizado de Nova Indústria Brasil (NIB), o instrumento prevê R$ 300 bilhões a serem investidos em diversas áreas relacionadas à digitalização, modernização, transição ecológica e ampliação da autonomia do parque industrial brasileiro.
Para isso, o programa usa mecanismos tradicionais de políticas públicas, como ampliação de investimentos federais, empréstimos com juros reduzidos e subsídios. São utilizados ainda fundos especiais e incentivos tributários para estimular setores da economia, como saúde, agroindústria, tecnologia da informação, infraestrutura urbana, defesa e bioeconomia.
A iniciativa foi elaborada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Para isso, estabeleceu-se uma parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), integrado por 20 ministérios, 21 entidades setoriais, 16 entidades da sociedade civil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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Conforme informações divulgadas pelo BNDES e pelo MDIC, a parte principal dos R$ 300 bilhões virá de financiamentos do Banco, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). A previsão é de que os recursos relacionados à inovação e à digitalização sejam corrigidos pela taxa referencial (TR), menor que a taxa de longo prazo (TLP).
Desafios e soluções para a transformação digital das indústrias
A transformação digital da indústria brasileira é um dos pilares do novo plano do governo. De acordo com os dados divulgados junto ao plano, apenas 23,5% do setor é digitalizado atualmente. Promover a transformação digital, portanto, é uma das metas de 90% das indústrias brasileiras, além de triplicar a participação da produção nacional em segmentos de novas tecnologias.
Em nota, a Presidência da República reconheceu alguns desafios para que o NIB seja colocado em prática. A disseminação do uso de plataformas digitais nacionais nos setores da economia, a capacitação e a formação em tecnologia da informação e comunicação e semicondutores no ensino superior e a redução de dependência de soluções importadas são alguns deles.
Nesse contexto, a implementação de sistemas como MRP para empresas – manufacturing resource planning, que significa planejamento de recursos de produção – deve ser ainda mais frequente. Esse mecanismo tende a ser mais usado devido à necessidade crescente de lidar com controle de estoque, otimização de processos e previsão de demanda.
Além disso, num cenário de transformação industrial, ferramentas como ERP para pequenas indústrias também devem ter mais lugar no fortalecimento da gestão e da competitividade dos segmentos. Isso porque o recurso proporciona automação de processos, integração de dados e melhorias na eficiência operacional.
É preciso renovar o setor para melhorar produtividade e competitividade
Em entrevista à Revista Indústria Brasileira, o professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), de 2011 a 2015, Glauco Arbix, pontuou a importância de uma política industrial para elevar o padrão de produtividade e competitividade do setor. Esse conjunto de regras, propostas, instrumentos e objetivos busca elevar o patamar da indústria.
No Brasil, Arbix considera ser necessária uma política que, além de recuperar a indústria, crie instrumentos para renová-la a partir de uma base e de objetivos diferentes dos integrados em políticas industriais do passado. Diante do novo ciclo tecnológico, o especialista afirma ser preciso incorporar novas metodologias, tecnologias e qualificar as pessoas, para que a indústria nacional possa sair do atraso e operar no mesmo padrão das mais avançadas do mundo.
Ele avalia que a produtividade e a competitividade da indústria brasileira ainda são baixas. Com isso, o setor passa por dificuldades para conseguir competir no mercado internacional e para fabricar bens mais sofisticados, cada vez mais exigidos pelos mercados e pelos consumidores.
Oportunidades para o crescimento econômico da indústria 4.0
Segundo o estudo “Monitor da Indústria 4.0”, da International Market Analysis Research and Consulting (Imarc), o mercado brasileiro da indústria 4.0 alcançou US$ 1,77 bilhão em 2022, uma taxa de crescimento anual composta de 18,8% no período de 2017 a 2022. Projeções indicam que a quantia pode chegar a US$ 5,62 bilhões em 2028, com taxa de crescimento anual composta de 21% entre 2023 e 2028.
Os dados foram analisados pelo Observatório Nacional da Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Alcançar este marco representa uma oportunidade para o setor industrial recuperar uma parcela mais significativa no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e reposicionar o setor produtivo brasileiro em escala global.
O estudo mostra que a Europa responde por 34,1% do mercado industrial global, seguida dos Estados Unidos e do Canadá. Já a América Latina representa 7,2%.
Nesse contexto, o reposicionamento é apontado como necessário, à medida que a indústria é tida como o setor que mais promove o desenvolvimento da economia, devido à inovação e ao avanço tecnológico. A estimativa do Imarc é que a indústria 4.0 mundial cresça cerca de 145% até 2028.
O termo indústria 4.0 faz referência à quarta revolução industrial e engloba tecnologias digitais com o intuito de otimizar o relacionamento com clientes e fornecedores e a produção em si. Nesse contexto, a produção pode se tornar mais eficiente, inteligente, econômica e livre de falhas por conta da automação, dos sistemas digitais e de uma maior interconexão entre máquinas.