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Importações de petróleo da China aumentam com refinarias no pico anual em setembro

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 13/10/2025 às 06:52
Navio petroleiro e barris de óleo em um porto industrial ao meio-dia.
Navio petroleiro ancorado e barris de óleo em um porto industrial sob o sol do meio-dia.
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Descubra como as importações de petróleo da China cresceram em setembro, impulsionadas pelo pico das refinarias e pela busca por estabilidade energética.

As importações de petróleo da China continuam a exercer papel central no equilíbrio energético global. Em setembro, o país registrou um aumento expressivo na compra de petróleo bruto, principalmente em razão da intensa atividade de suas refinarias, que, por sua vez, alcançaram o ponto mais alto do ano.

Esse movimento reforça, portanto, o protagonismo da China no mercado internacional de energia. Ele reflete, ao mesmo tempo, a interação entre oferta, demanda e planejamento estratégico no setor de refino.

Historicamente, a China consolidou-se como o maior importador mundial de petróleo bruto, superando os Estados Unidos e outros grandes consumidores na última década.

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Essa posição decorre não apenas do crescimento econômico acelerado, mas também de uma política energética voltada à segurança de suprimento e à estabilidade industrial. Desde o início dos anos 2000, o país vem expandindo continuamente sua infraestrutura de refino e armazenamento, buscando reduzir vulnerabilidades diante das oscilações de preço no mercado global.

Refinarias chinesas atingem níveis recordes de operação

Em setembro, as refinarias chinesas alcançaram níveis recordes de operação, processando cerca de 47,25 milhões de toneladas métricas de petróleo bruto — o equivalente a aproximadamente 11,5 milhões de barris por dia.

Esse volume representou um crescimento de 3,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados oficiais da Administração Geral das Alfândegas.

Além disso, o aumento ocorreu devido à maior utilização das unidades de destilação atmosférica e a vácuo, que atingiram 73,45% da capacidade instalada.

De acordo com a consultoria chinesa Oilchem, as refinarias estatais elevaram suas taxas de utilização para 81,05%, enquanto as refinarias independentes, conhecidas como “teapots”, ampliaram o uso da capacidade para 62,17%.

Dessa forma, essa elevação demonstra a força operacional do setor de refino chinês, sustentada por investimentos contínuos em tecnologia e eficiência energética.

Por conseguinte, o crescimento das importações também revela a estratégia da China em fortalecer sua posição como exportadora de produtos refinados.

A capacidade de transformar petróleo bruto em derivados, como gasolina, diesel e combustível de aviação, permite ao país ampliar sua influência no comércio energético regional.

O refino, portanto, vai muito além do abastecimento doméstico e consolida-se como um eixo de poder econômico e diplomático.

Entretanto, a produção de gasolina e diesel cresceu mais rapidamente do que o consumo interno.

Assim, o excesso de oferta gerou estoques elevados e pressionou os preços no mercado local.

Esse desequilíbrio tem se repetido desde 2019, quando a China passou a alternar períodos de expansão e ajuste na produção, tentando equilibrar o crescimento industrial e a estabilidade de mercado.

Manutenção e eficiência operacional das refinarias

Além do aumento na produção, a manutenção das refinarias também influenciou o bom desempenho do setor.

Em setembro, 14 refinarias interromperam temporariamente as operações para manutenção, afetando uma capacidade total de 70,4 milhões de toneladas por ano.

Esse número ficou abaixo do registrado em agosto, quando 16 refinarias realizaram paradas.

Consequentemente, a redução de paradas permitiu uma operação mais estável e ajudou a impulsionar a produção mensal.

Esses períodos de manutenção são, contudo, fundamentais para garantir segurança operacional e eficiência no longo prazo.

Refinarias que seguem cronogramas regulares de inspeção mantêm melhor desempenho energético e menor risco de falhas.

Na China, gestores priorizam a manutenção preventiva, especialmente num momento em que o país busca consolidar a liderança na transição para uma economia de baixo carbono, sem comprometer o abastecimento energético.

Além disso, as manutenções oferecem oportunidades para modernizar equipamentos e reduzir emissões.

Muitas refinarias adotam tecnologias de captura de carbono e substituem componentes antigos, seguindo as metas ambientais de neutralidade de carbono até 2060.

Desse modo, a combinação entre eficiência técnica e responsabilidade ambiental transforma o setor de refino em um pilar essencial da modernização energética do país.

Comércio marítimo e diversificação de fornecedores

No campo do comércio marítimo, as importações de petróleo da China apresentaram nuances importantes.

Embora o volume total tenha aumentado, as importações por via marítima atingiram o menor nível desde janeiro.

Isso ocorreu porque os embarques vindos do Irã caíram drasticamente. Além disso, o governo limitou as cotas de importação das refinarias independentes.

De acordo com a empresa de análise Kpler, as cotas restritivas reduziram as compras de barris russos e iranianos, enquanto condições de arbitragem menos favoráveis diminuíram as importações do Brasil e da África Ocidental.

Mesmo assim, o volume acumulado entre janeiro e setembro chegou a 423 milhões de toneladas importadas, um crescimento de 2,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Esse avanço resultou dos esforços do governo para recompor os estoques estratégicos do país, garantindo, portanto, suprimento seguro diante de crises geopolíticas ou choques de preço.

As importações de petróleo da China influenciam diretamente os preços globais e as decisões de investimento de grandes produtores.

Quando a China amplia suas compras, países exportadores como Arábia Saudita, Rússia e Brasil registram aumento na demanda. Consequentemente, isso sustenta as cotações internacionais.

Por outro lado, reduções nas importações chinesas tendem a derrubar os preços globais, evidenciando, assim, a interdependência do sistema energético mundial.

A crescente dependência de importações marítimas também reforça a importância da segurança das rotas comerciais, especialmente no Mar do Sul da China e Estreito de Malaca — áreas por onde passa grande parte do petróleo importado.

A China investe, portanto, em infraestrutura portuária dentro e fora do país, por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative). Isso garante fluidez ao comércio e reduz riscos logísticos.

Dependência energética e transição sustentável

Nos últimos anos, a China diversificou suas fontes de importação, aumentando a participação de fornecedores da África, América do Sul e Oriente Médio.

Essa política energética busca, por conseguinte, reduzir riscos geopolíticos e garantir o abastecimento contínuo em tempos de incerteza.

A relação entre crescimento econômico e demanda por energia permanece, entretanto, muito forte.

Mesmo com alguns setores apresentando desaceleração, o consumo energético segue elevado. A urbanização acelerada, o avanço industrial e a expansão da frota de veículos mantêm alta a demanda por derivados de petróleo, mesmo com o aumento das energias renováveis.

Por outro lado, o governo chinês intensifica seus esforços para promover a transição energética.

Investimentos em energia solar, eólica e hidrogênio verde demonstram a intenção de reduzir gradualmente a dependência dos combustíveis fósseis.

Apesar disso, o petróleo ainda sustenta as bases industriais e logísticas do país. Essa dualidade entre crescimento econômico e sustentabilidade define, assim, o cenário atual das importações de petróleo da China.

Além disso, a eletrificação dos transportes começa a alterar o consumo de combustíveis fósseis.

A China planeja ampliar de forma significativa a frota de veículos elétricos até 2035, o que poderá, portanto, mudar o perfil das importações de petróleo nas próximas décadas.

Estratégia, geopolítica e o futuro energético

Diversos fatores externos também influenciam as importações chinesas.

Sanções econômicas, tensões no Oriente Médio e flutuações cambiais afetam o preço e a disponibilidade do petróleo no mercado internacional.

A China, por sua vez, adapta suas estratégias conforme as condições globais. Dessa forma, aproveita oportunidades para negociar preços melhores e fortalecer seus estoques estratégicos.

O aumento nas importações em setembro integra, portanto, um movimento contínuo de ajuste e planejamento estratégico.

As refinarias chinesas, ao operar em alta capacidade, demonstram a robustez da infraestrutura energética nacional.

Já os ajustes de manutenção e a diversificação de fornecedores mostram a preocupação do país com sustentabilidade e segurança energética.

Em perspectiva histórica, o avanço das importações de petróleo da China traduz uma trajetória de transformação econômica e tecnológica iniciada há mais de quatro décadas.

Desde a abertura do país ao comércio internacional, nos anos 1980,

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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