Após três anos de pesquisa, cientistas chineses criam solução que torna as células de perovskita mais estáveis, eficientes e viáveis em larga escala
A China pode estar prestes a mudar os rumos da energia solar. Após anos liderando a produção de painéis de silício, o país agora aposta em uma nova tecnologia: as células solares de perovskita.
Mais leves, eficientes e versáteis, essas células enfrentavam um grande obstáculo. Mas um grupo de cientistas chineses acaba de anunciar uma descoberta que pode superar esse desafio técnico.
Descoberta após três anos de pesquisa
Pesquisadores do Instituto de Química Aplicada de Changchun, ligado à Academia Chinesa de Ciências, desenvolveram uma solução após três anos de trabalho.
-
Geração de energia solar em Alagoas recebe R$ 54 milhões para expansão
-
Energia solar transforma favela do Rio de Janeiro em comunidade autossuficiente
-
Cidade antes esquecida virou referência nacional em energia limpa após instalação de um complexo solar que abastece mais de 1 milhão de pessoas
-
Energia solar em MG: geração própria atinge 4,9 GW e atrai R$ 24,1 bilhões em investimentos
A equipe criou uma camada ultrafina que melhora o fluxo de eletricidade nas células solares de perovskita.
Com isso, os painéis ganharam mais eficiência, maior durabilidade e podem ser produzidos em grande escala.
A descoberta foi publicada na revista Science e representa um avanço técnico significativo. O material criado é uma “molécula de radical duplo automontada”, que atua como camada de transporte de lacunas, conhecida como HTL.
Essa camada é essencial para que as cargas positivas geradas pela luz consigam circular de forma eficiente dentro do painel.
Resultados promissores em testes
Nos testes realizados pela equipe do pesquisador Zhou Min, os resultados impressionaram. O novo material conseguiu mais que dobrar a taxa de transporte de carga em condições simuladas.
Além disso, os dispositivos mantiveram praticamente o mesmo desempenho após milhares de horas de uso contínuo, o que mostra sua resistência e estabilidade.
Essa combinação de durabilidade e eficiência é exatamente o que a indústria solar buscava para dar o próximo passo.
A inovação também já recebeu a certificação do Laboratório Nacional de Energia Renovável dos Estados Unidos (NREL), garantindo reconhecimento técnico fora da China.
Perovskita pode se tornar padrão global
As células de perovskita são conhecidas por suas vantagens. Elas são baratas, leves e podem ser aplicadas em janelas, fachadas e até tecidos.
Mas a produção em grande escala sempre foi o ponto fraco da tecnologia. Agora, esse cenário pode mudar.
Com o novo material, as células ganham mais estabilidade e podem ser fabricadas de maneira uniforme, até mesmo em grandes superfícies. Isso pode abrir as portas para o uso comercial em larga escala.
China mira além da produção
Depois de dominar o mercado de silício, a China quer mais. O país não pretende apenas fabricar, mas liderar a evolução da próxima geração de painéis solares.
O avanço recente transforma a perovskita de promessa distante em realidade possível — e talvez o início de uma nova fase para a energia limpa.
Com informações de Xataka.
O termo “lacuna” deveria ser mais explicado pois só é mais conhecido na engenharia elétrica.