A proposta de ligar a Austrália à Tasmânia com uma ponte de 240 quilômetros sobre o mar envolve engenharia extrema, riscos ambientais e um custo estimado em mais de 80 bilhões de dólares, tornando-se o possível megaprojeto mais ambicioso do planeta
Imagina dirigir 240 quilômetros sobre o mar, ligando o continente australiano à ilha da Tasmânia. Essa é a ideia de um projeto considerado por muitos como o mais ousado da história moderna da engenharia, uma tentativa de criar a ponte mais longa e cara do planeta, cruzando o agitado estreito de Bass.
A proposta, que vem sendo discutida há décadas, reacendeu recentemente o debate sobre conectividade, infraestrutura e impacto ambiental na região. Construir uma ligação física entre a Austrália e a Tasmânia exigiria superar desafios extremos, mas poderia transformar completamente o desenvolvimento econômico da ilha e redefinir o transporte no hemisfério sul.
A origem da ideia e o desafio do estreito de Bass
A Tasmânia, separada do continente há cerca de 12 mil anos devido ao aumento do nível do mar, depende de balsas e voos para manter o fluxo de pessoas e mercadorias.
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Desde a década de 1950, engenheiros e políticos sonham com uma ligação física permanente, mas os projetos sempre esbarraram no custo e nas condições severas do estreito.
As águas do estreito de Bass são conhecidas por seus ventos intensos e marés violentas.
Qualquer tentativa de erguer uma ponte sobre elas enfrentaria ondas de até dez metros, ventos de tempestade e uma profundidade média de 60 metros, o que exigiria fundações gigantescas e tecnologias raramente testadas em escala tão extrema.
As rotas possíveis entre o continente e a ilha
Três rotas principais foram estudadas. A mais direta, com cerca de 240 km de extensão, cruzaria o ponto mais estreito do estreito de Bass.
Apesar de ser a rota mais curta, ela também é a mais desafiadora do ponto de vista técnico e climático.
Outras alternativas incluem ligar o continente às ilhas Flinders ou King, que ficam entre a Tasmânia e a Austrália continental.
Essas opções reduziriam a profundidade e poderiam facilitar a construção, mas exigiriam infraestrutura adicional nas ilhas intermediárias.
Mesmo assim, todas as alternativas manteriam o projeto como a ponte mais longa e cara do planeta.
Ponte ou túnel: o dilema da engenharia
Para enfrentar as águas turbulentas e a geologia complexa, os engenheiros consideram dois caminhos: uma ponte estaiada ou um túnel submarino de proporções inéditas.
A ponte exigiria torres gigantes, talvez com mais de 600 metros de altura, e milhares de cabos de sustentação.
Já o túnel enfrentaria o desafio da escavação em profundidades superiores a 100 metros, além da ventilação e segurança.
Como comparação, o Eurotúnel entre França e Reino Unido tem apenas 50 km, o que significa que o túnel australiano seria quase cinco vezes mais extenso.
O custo astronômico e os obstáculos econômicos
O preço de um empreendimento dessa magnitude seria colossal.
Um túnel de 240 km poderia custar mais de 40 bilhões de dólares, enquanto a ponte ultrapassaria os 80 bilhões de dólares.
Para efeito de comparação, a ponte Hong Kong–Zhuhai–Macau, atualmente a mais longa do mundo, custou cerca de 20 bilhões e tem 55 km.
Além do investimento inicial, os custos de manutenção e operação seriam igualmente desafiadores.
A viabilidade econômica depende de um aumento significativo no transporte entre a Tasmânia e o continente, algo que, até o momento, não justifica o gasto público envolvido.
Impactos ambientais e sociais
O projeto também enfrenta críticas de ambientalistas.
A Tasmânia abriga ecossistemas sensíveis, incluindo áreas reconhecidas como Patrimônio Mundial pela UNESCO.
A construção de uma ponte ou túnel poderia afetar habitats marinhos, rotas migratórias de baleias e a biodiversidade costeira, exigindo estudos ambientais rigorosos e planos de mitigação detalhados.
Mesmo assim, há defensores que afirmam que uma ligação física reduziria o uso de balsas movidas a combustível fóssil e estimularia o desenvolvimento econômico sustentável da região, caso fosse conduzida com responsabilidade ecológica.
Um futuro ainda incerto, mas possível
Apesar das barreiras técnicas e financeiras, a ideia continua viva.
Projetos como o Marinus Link, que planeja interligar eletricamente a Tasmânia e o estado de Victoria, mostram que há interesse em fortalecer as conexões entre a ilha e o continente.
Com o avanço das tecnologias de construção e energia, o sonho de dirigir da Austrália até a Tasmânia pode um dia sair do papel, ainda que hoje pareça distante.
O projeto, se concretizado, seria um marco da engenharia moderna e redefiniria os limites do que é possível construir sobre o mar.
E você, acredita que a ponte mais longa e cara do planeta algum dia será realidade? Deixe sua opinião nos comentários.



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