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iFood quer se tornar banco completo até 2028 e já planeja depósitos, investimentos e crédito imobiliário para restaurantes e consumidores dentro do próprio ecossistema

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 20/10/2025 às 09:03
O iFood quer se tornar banco completo até 2028, com depósitos, investimentos e crédito imobiliário dentro de um ecossistema financeiro integrado.
O iFood quer se tornar banco completo até 2028, com depósitos, investimentos e crédito imobiliário dentro de um ecossistema financeiro integrado.
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Plano do iFood inclui oferecer depósitos, investimentos e crédito imobiliário para restaurantes e consumidores, consolidando o app como uma plataforma financeira completa e integrada ao varejo digital brasileiro

O iFood prepara um movimento inédito entre empresas de tecnologia do Brasil: transformar-se em um banco comercial completo até 2028. A meta é obter licença junto ao Banco Central e operar com depósitos, investimentos e produtos de crédito imobiliário, integrando esses serviços ao próprio ecossistema de restaurantes, entregadores e consumidores. Segundo a direção da companhia, o objetivo é criar uma estrutura financeira própria, que permita reduzir custos, ampliar margens e fortalecer a fidelização.

A iniciativa vem na esteira de R$ 2 bilhões previstos em crédito desembolsado para restaurantes apenas em 2025, um volume que coloca o iFood no centro do mercado de microfinanças operacionais do setor de alimentação. O foco inicial é o crédito para estabelecimentos, mas a companhia já projeta expansão para pessoa física e produtos de investimento e depósito remunerado, abrindo caminho para competir com fintechs e bancos digitais.

Estratégia: do delivery à conta bancária

A transição do iFood para o setor financeiro segue um plano de etapas.

Hoje, a empresa já possui uma conta digital ativa e oferece serviços de pagamento, repasse e crédito a restaurantes parceiros.

O próximo passo é solicitar autorização para receber depósitos diretamente, o que representa um salto de fintech para banco comercial.

Segundo o CEO da companhia, o desenho do novo banco não é o de uma instituição genérica, mas sim um sistema financeiro interno, voltado a fortalecer o próprio ecossistema.

Isso significa que os produtos financeiros serão personalizados para o uso dentro da plataforma, com integração total entre vendas, crédito, cashback e fluxo de caixa dos restaurantes.

Crédito e capital de giro: a base da expansão

O pilar inicial da estratégia financeira é o crédito.

Desde 2022, o iFood vem operando sua fintech de empréstimos e mantém desembolsos mensais de cerca de R$ 160 milhões, voltados a capital de giro, expansão de lojas e compra de equipamentos.

O prazo médio dos contratos é de 18 meses, e a taxa de inadimplência é considerada controlada pela empresa.

O objetivo agora é ampliar o escopo e oferecer linhas de crédito imobiliário, voltadas à compra ou reforma de pontos comerciais.

Com isso, o app se posiciona como um financiador direto da expansão dos restaurantes, estratégia que gera fidelização e circulação de recursos dentro da própria base.

Sinergia entre mundo físico e digital

A empresa aposta em uma integração completa entre o salão do restaurante e o app, buscando sinergia entre o consumo presencial e o digital.

O recurso “Comer fora”, já disponível em cidades como São Paulo, permite ao cliente acumular saldo e descontos ao optar por refeições presenciais.

Quanto maior o fluxo físico, maior o potencial de crédito do restaurante, pois o iFood passa a enxergar o desempenho completo do parceiro.

Essa visão de ecossistema também facilita a precificação do risco de crédito.

Ao concentrar dados de pedidos, entregas, vendas presenciais e comportamento de consumo, o iFood constrói uma base preditiva própria, capaz de ajustar limites, taxas e ofertas financeiras em tempo real.

Depósitos e investimentos: o próximo salto

O plano de se tornar banco passa por uma etapa regulatória complexa, mas a empresa já mapeou o cronograma.

A licença bancária permitirá ao iFood captar depósitos, remunerar saldos e oferecer investimentos, movimentos que aproximam o modelo da plataforma ao de grandes bancos digitais.

A expectativa é que o licenciamento ocorra até 2026, com lançamento de produtos completos até 2028.

No médio prazo, o público-alvo também deve incluir consumidores finais, com carteiras digitais, cashback direto e oportunidades de investimento.

A lógica é manter a experiência financeira integrada à jornada de consumo, reduzindo atrito entre pagar, investir e consumir dentro do mesmo aplicativo.

Investimento em tecnologia e IA financeira

O avanço sobre o setor financeiro é sustentado por um investimento total estimado em R$ 17 bilhões em 2025, com projeção de ultrapassar R$ 20 bilhões em 2026.

Parte relevante desse valor vai para o desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial, incluindo o modelo proprietário Ailo, de IA generativa, que permite recomendações personalizadas e análise de risco em larga escala.

Outra aposta é o Large Commerce Model (LCM), modelo de linguagem treinado com 32 bilhões de parâmetros e 10 trilhões de unidades de dados, voltado à automação de comunicações, ofertas e decisões de crédito.

Com essa tecnologia, o iFood pretende oferecer produtos financeiros sob medida, com notificações, limites e taxas adaptadas ao comportamento real de cada usuário.

O novo cenário competitivo

O movimento ocorre em um ambiente de concorrência intensa.

Plataformas como 99Food e Keeta, da chinesa Meituan, estão expandindo operação no Brasil com investimentos bilionários.

Apesar disso, o iFood descarta disputar exclusividade de restaurantes, política que já foi limitada por acordo com o Cade, e aposta na inovação de produto e experiência como diferencial competitivo.

A liderança da empresa acredita que a fidelização deve vir da utilidade e da eficiência do ecossistema, não apenas de incentivos financeiros.

A expectativa é que a base de restaurantes e entregadores enxergue vantagem concreta no uso dos serviços integrados, gerando retenção natural ao longo do tempo.

O futuro do iFood como plataforma financeira

Ao migrar de uma empresa de delivery para um ecossistema financeiro e de tecnologia, o iFood segue uma tendência global entre plataformas digitais.

A criação de bancos próprios permite reter receitas, reduzir dependência de instituições terceiras e criar um ciclo autossustentável de crédito e consumo.

A empresa também pretende investir em educação financeira para pequenos empreendedores, fortalecendo sua relação de longo prazo com o setor de alimentação.

Se o plano se confirmar, o iFood se tornará uma das primeiras plataformas latino-americanas a combinar delivery, crédito, banco digital e investimento em um único app, transformando a experiência financeira do pequeno empresário.

A expansão do iFood para o setor bancário representa um dos movimentos mais ambiciosos do mercado digital brasileiro, unindo tecnologia, finanças e varejo em um só ecossistema.

Depósitos, crédito e investimento passam a fazer parte da mesma jornada de consumo, o que pode redefinir a relação entre restaurantes, entregadores e clientes.

Você acredita que um banco criado dentro do iFood pode beneficiar o pequeno empreendedor ou gerar dependência de uma única plataforma? Na sua opinião, o futuro das fintechs passa por ecossistemas integrados como esse? Deixe seu ponto de vista nos comentários — queremos ouvir quem vive essa transformação na prática.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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