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Houston, tivemos um problema: a engenharia que transformou a maior falha da NASA em seu triunfo

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 07/07/2025 às 14:59
O filtro de ar improvisado construído pela tripulação da Apollo 13, um exemplo da engenhosidade que resolveu a crise de CO2 na missão.
O filtro de ar improvisado construído pela tripulação da Apollo 13, um exemplo da engenhosidade que resolveu a crise de CO2 na missão.
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A 330.000 km da Terra, uma explosão aleijou a nave Apollo 13. Esta é a história de como, sem energia, sem água e com o tempo se esgotando, engenheiros usaram fita adesiva, papelão e genialidade para trazer três homens de volta para casa.

Em abril de 1970, a missão Apollo 13 decolou para ser a terceira a pousar na Lua. Para a NASA e para o público, era quase rotina. A bordo, o comandante Jim Lovell, o piloto do Módulo de Comando Jack Swigert e o piloto do Módulo Lunar Fred Haise se preparavam para mais um capítulo da conquista espacial. Mas a 56 horas de voo, a frase mais calma e aterrorizante da história da exploração espacial ecoou pelo Controle da Missão em Houston: “Okay, Houston, tivemos um problema aqui”.

A missão de pousar na Lua estava morta. A nova missão, muito mais complexa e desesperada, era simplesmente sobreviver. Esta não é apenas a história de um acidente, mas o maior exemplo de como a engenhosidade humana pode transformar um desastre certo em um dos momentos de maior orgulho da tecnologia.

A explosão: o que realmente aconteceu com o tanque de oxigênio?

O “problema” foi uma explosão catastrófica. Um dos dois tanques de oxigênio do Módulo de Serviço, o “motor” da espaçonave, explodiu. A causa raiz, descoberta mais tarde, foi um defeito trivial em um termostato que, durante um teste de rotina em solo semanas antes do voo, permitiu que a fiação interna do tanque fosse danificada. No espaço, uma faísca de um ventilador interno detonou o tanque danificado.

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A explosão não apenas eliminou metade do suprimento de oxigênio da tripulação, mas também danificou o segundo tanque e destruiu as células de combustível que forneciam energia e água para o Módulo de Comando “Odyssey”, a casa dos astronautas. Em minutos, a nave principal estava morrendo.

O bote salva-vidas: a decisão de ‘desligar’ a nave principal

Houston, tivemos um problema: a engenharia que transformou a maior falha da NASA em seu triunfo

Com a nave-mãe condenada, o diretor de voo Gene Kranz e sua equipe em Houston tomaram uma decisão ousada e sem precedentes: usar o Módulo Lunar “Aquarius” como um “bote salva-vidas”. O Aquarius, projetado para levar apenas dois homens à superfície da Lua por dois dias, agora teria que suportar três homens por quase quatro dias, em uma longa e fria viagem ao redor da Lua para pegar o impulso de volta à Terra.

Para poupar a pouca bateria que restava no Módulo de Comando para a reentrada, ele foi completamente desligado. Os astronautas se mudaram para o Aquarius, que foi ligado e passou a ser o centro de controle da missão mais crítica da história da NASA.

O ‘jeitinho’ de um milhão de dólares: resolvendo a crise do CO2

Rapidamente, um problema mortal surgiu. Com três homens no pequeno Módulo Lunar, o dióxido de carbono (CO2) exalado por eles estava se acumulando a níveis tóxicos. O sistema de filtragem do Aquarius não daria conta. Havia filtros reservas no Módulo de Comando, mas eles tinham um formato quadrado. Os encaixes do sistema do Aquarius eram redondos. Era o clássico problema do “encaixe quadrado no buraco redondo”.

Em Houston, engenheiros jogaram em uma mesa todos os itens que os astronautas tinham à disposição: as capas dos manuais de voo (papelão), sacos plásticos, meias e, o mais importante, rolos de fita adesiva prateada. Em uma corrida contra o relógio, eles projetaram, construíram e testaram um adaptador improvisado. As instruções foram lidas passo a passo para a tripulação, que replicou a “gambiarra” a 330.000 km de distância. Funcionou. O ar voltou a ser respirável.

Navegando às cegas: como pilotar uma nave sem computador

Houston, tivemos um problema: a engenharia que transformou a maior falha da NASA em seu triunfo

Com o sistema de navegação principal desligado, a Apollo 13 estava à deriva. Para voltar à trajetória correta, era preciso realizar uma queima de motor crucial. Mas como alinhar a nave para o empuxo sem os computadores?

A solução foi digna de navegadores antigos. Usando a janela do Módulo Lunar, o comandante Lovell teve que centralizar a Terra na sua mira e usar o Sol como ponto de referência para controlar a rotação da nave. Foi um procedimento manual, impreciso e tenso, mas que colocou a Apollo 13 no caminho de casa.

Reativando um gigante congelado: a reentrada na Terra

O desafio final era abandonar o “bote salva-vidas” Aquarius e reativar o Módulo de Comando “Odyssey”, que estava congelado e inerte. A reativação, um processo que normalmente levava horas e seguia uma longa lista de procedimentos, teve que ser reinventada para consumir o mínimo de energia das baterias de reentrada, que estavam perigosamente fracas.

Com as paredes internas da nave cobertas de condensação, havia um risco real de curtos-circuitos. Seguindo as novas instruções de Houston, os astronautas religaram os sistemas essenciais em uma sequência tensa e precisa. A nave voltou à vida. Após se separar dos módulos de serviço e lunar, o Odyssey mergulhou na atmosfera terrestre, suportando o calor da reentrada e pousando em segurança no Oceano Pacífico em 17 de abril de 1970.

A missão de pousar na Lua falhou, mas a missão de trazer três homens de volta do limiar da morte, usando criatividade, trabalho em equipe e engenharia sob pressão, se tornou o maior triunfo da NASA.

Na sua opinião, qual foi a solução de engenharia mais genial da missão Apollo 13? Conhece outra história onde a improvisação foi crucial para o sucesso? Comente abaixo!

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Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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