O projeto das hortas circulares em Minas Gerais transforma o campo, unindo sustentabilidade, segurança alimentar e novas oportunidades econômicas para famílias agricultoras do estado
As hortas circulares em Minas Gerais vêm se destacando como uma alternativa inovadora para agricultores familiares, combinando sustentabilidade, eficiência no uso da água e geração de renda local, segundo uma matéria publicada.
Desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a iniciativa integra o projeto “Expansão e fortalecimento da cadeia produtiva de arroz em Minas Gerais”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Com foco na segurança alimentar e na diversificação produtiva, o modelo circular transforma pequenas áreas rurais em fontes de alimento, renda e aprendizado coletivo, contribuindo para a economia regional e para o meio ambiente.
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A proposta da Epamig é simples e engenhosa: implantar hortas em formato circular, respeitando o relevo natural e as curvas de nível.
Esse arranjo permite que a água da chuva ou da irrigação permaneça dentro da estrutura, reduzindo perdas e evitando erosão.
O resultado é um sistema de cultivo mais produtivo, com menor consumo hídrico e manutenção facilitada.
O projeto das hortas circulares em Minas Gerais também prevê o acompanhamento técnico e o treinamento dos agricultores, garantindo que o conhecimento adquirido se multiplique em outras comunidades.
Sustentabilidade rural e irrigação inteligente fortalecem a agricultura familiar
Nos municípios participantes, a parceria entre Epamig, Emater e prefeituras tem sido essencial para o sucesso das hortas circulares em Minas Gerais.
Em Perdões, no Sul do estado, sete unidades demonstrativas de arroz e seis hortas circulares estão em andamento.
A secretária de Agricultura, Luciana Arriel, destaca que três hortas já estão produzindo e outras três em implantação, ampliando as oportunidades de trabalho e renda para famílias locais.
Além de abastecer o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), os produtores comercializam excedentes em feiras e associações comunitárias.
O formato circular também beneficia o controle de pragas, já que o desenho favorece o equilíbrio da umidade e o desenvolvimento dos inimigos naturais, como insetos predadores.
Para os agricultores Dulcineia Carvalho Ribeiro da Silva e Wilson Antônio Ferreira da Silva, o modelo trouxe ganhos imediatos. “As plantas ficaram mais bonitas e a irrigação ficou mais fácil de manejar”, relatam os produtores, que planejam expandir o cultivo para outras áreas da propriedade.
Hortas circulares em Minas Gerais: agroecologia e segurança alimentar transformam comunidades rurais mineiras
A atuação das hortas circulares em Minas Gerais ultrapassa o campo produtivo e alcança o social. Um exemplo é o Projeto Vida Nova, em Perdões, que atende 85 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
A horta implantada no local produz beterraba, alface e outras hortaliças que complementam a alimentação dos jovens.
Segundo a diretora Cleuza Maria Augusto Oliveira, a produção contribui para refeições mais nutritivas, reforçando o papel educativo e sustentável do projeto.
A pesquisadora Polyanna Oliveira, integrante da equipe da Epamig, explica que o tipo de cultivo é flexível e pode receber hortaliças, leguminosas e frutíferas, de acordo com a disponibilidade de água e espaço.
Já a coordenadora Janine Guedes ressalta que o sistema agroecológico é replicável e adaptável, representando uma solução de baixo custo para o fortalecimento da agricultura familiar.
O aproveitamento de subprodutos também é um diferencial: a palha do arroz cultivado nas unidades demonstrativas é reutilizada como adubo natural, rica em nitrogênio, reduzindo a necessidade de insumos químicos.
Expansão agrícola com impacto positivo na economia local e no meio ambiente
Além de fomentar a produção sustentável, as hortas circulares em Minas Gerais impulsionam a economia rural.
A integração com o cultivo de arroz de terras altas cria um ciclo produtivo eficiente, no qual resíduos agrícolas se transformam em nutrientes.
O plantio das novas unidades em Perdões está previsto para novembro, com sete áreas experimentais, algumas dedicadas exclusivamente ao arroz e outras em consórcio com o café.
Essa combinação valoriza o solo, diversifica a produção e amplia as oportunidades de comercialização para os agricultores.
O projeto demonstra que inovação e tradição podem caminhar juntas. Ao unir técnicas de irrigação inteligente, práticas agroecológicas e inclusão social, as hortas circulares se consolidam como um modelo sustentável de desenvolvimento rural.
Graças à atuação integrada de órgãos públicos, pesquisadores e produtores locais, as hortas circulares em Minas Gerais estão transformando a paisagem do campo e oferecendo novas perspectivas de renda e segurança alimentar para centenas de famílias.