Honda XRE 300 e CB 300R lideram índice de motores fundidos no Brasil. Problemas no cabeçote, reparos caros e desvalorização preocupam motociclistas.
A Honda XRE 300 e a CB 300R aparecem em destaque em oficinas de todo o Brasil como os modelos com maior índice de motores fundidos e problemas graves relatados por mecânicos independentes e consumidores. Apesar de populares, principalmente no mercado de usados, essas motos acumulam um histórico de falhas no cabeçote que até hoje assusta quem pensa em comprar.
Histórico das motos
A XRE 300 foi lançada em 2009 com a promessa de ser a substituta da NX4 Falcon, unindo desempenho urbano e capacidade off-road. Já a CB 300R, derivada da linha Twister, buscava agradar motociclistas que queriam uma moto mais robusta para o dia a dia.
Porém, poucos anos após o lançamento, começaram a surgir inúmeros relatos de trincas no cabeçote, vazamento de óleo, perda de potência e até motores que simplesmente fundiam antes de completar 40 mil km.
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Esses problemas ficaram concentrados principalmente entre os modelos fabricados entre 2010 e 2015, quando as falhas se tornaram conhecidas e provocaram até ações judiciais contra a montadora.
O problema técnico
O defeito mais comum estava no cabeçote, peça essencial do motor. Trincas e microfissuras apareciam principalmente na região da vela de ignição e nas válvulas, locais de maior calor e pressão. Esse desgaste levava ao vazamento de compressão e óleo, comprometendo o funcionamento do motor.
Com o tempo, o problema evoluía para perda de potência, dificuldade de ligar a moto, marcha lenta instável e até o famoso “motor batendo”, que precede a falha completa e o risco de fundir.
Custos elevados para reparo
Segundo mecânicos especializados, o conserto de cabeçote nessas motos pode custar entre R$ 2.800 e R$ 4.000, dependendo da oficina e da região do país. Em muitos casos, o dono acaba desistindo da moto porque o valor do reparo representa uma fatia significativa do preço de mercado de uma usada.
Além disso, muitas oficinas relatam que mesmo após o reparo, se não forem utilizadas peças de melhor qualidade ou cabeçotes revisados pela própria montadora, o problema pode voltar em pouco tempo.
A resposta da Honda
Pressionada por consumidores e pela repetição dos defeitos, a Honda fez alterações no projeto a partir de 2016.
Os cabeçotes passaram a ter reforços estruturais, novas ligas metálicas e mudanças no sistema de refrigeração, reduzindo drasticamente os relatos de falhas. Ainda assim, o estigma acompanhou esses modelos, que hoje sofrem forte desvalorização no mercado de usados.
Como o consumidor deve se proteger
Para quem pretende comprar uma XRE 300 ou CB 300R usada, alguns cuidados são fundamentais:
- Evite modelos fabricados até 2015, período mais crítico dos problemas.
- Peça sempre histórico de manutenção e notas fiscais de eventuais reparos no motor.
- Solicite que o vendedor permita testes de compressão do motor antes da compra.
- Prefira motos que já tenham passado pelo reparo em concessionária autorizada.
Por que esse caso repercute tanto
O tema gera tanto interesse porque envolve duas das motos mais vendidas da Honda em sua categoria. São modelos que atraíram milhares de consumidores, mas deixaram uma legião de donos insatisfeitos com o custo inesperado de manutenção.
Para o mercado, isso se traduz em desvalorização, perda de confiança e até mudanças no comportamento de compra de motociclistas, que passaram a buscar alternativas em outras marcas ou modelos.
Impacto no bolso do consumidor
O maior prejuízo não está apenas no valor alto do reparo, mas também no risco de perder o investimento feito na moto. Muitos donos relatam que, após os problemas, só conseguiram vender a moto por valores muito abaixo da tabela FIPE. Ou seja, além de arcar com a manutenção, há uma perda significativa de valorização no mercado.
A história da Honda XRE 300 e da CB 300R serve de alerta para motociclistas que querem investir em modelos usados sem analisar o histórico de defeitos. Apesar de serem motos queridas pelo público, com bom desempenho e conforto, os problemas no motor marcaram uma geração inteira e se tornaram referência quando o assunto é falha estrutural em duas rodas.
Para quem pretende comprar, a lição é clara: pesquise, exija comprovação de manutenção e nunca ignore sintomas no motor, pois um descuido pode custar milhares de reais.