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Homem compra mina abandonada por US$ 2 milhões — mas escondia US$ 37 bilhões em terras raras

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 17/07/2025 às 20:26
Ex-banqueiro compra mina por US$ 2 milhões e encontra elementos de terras raras avaliados em até US$ 37 bilhões, com impacto estratégico para os EUA. O governador do Wyoming, Mark Gordon, o CEO da Ramaco Resources, Randall Atkins, e o secretário de Energia, Chris Wright, escavando na cerimônia de inauguração da Mina Brook em 11 de julho de 2025.
O governador do Wyoming, Mark Gordon, o CEO da Ramaco Resources, Randall Atkins, e o secretário de Energia, Chris Wright, escavando na cerimônia de inauguração da Mina Brook em 11 de julho de 2025.
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Uma compra de US$ 2 milhões em uma mina esquecida no Wyoming se tornou o ponto de partida para uma descoberta que pode transformar a mineração nos EUA

O que começou como uma simples aposta em carvão acabou revelando uma das descobertas geológicas mais valiosas dos últimos 70 anos nos Estados Unidos com muitas terras raras.

Em julho de 2025, a Ramaco Resources, liderada pelo ex-banqueiro Randall Atkins, anunciou a confirmação de um enorme depósito de elementos de terras raras na mina Brook, em Wyoming.

A jazida foi avaliada em até US$ 37 bilhões e pode transformar completamente o papel dos EUA no fornecimento global de materiais estratégicos.

Randall Atkins adquiriu a mina em 2011 por aproximadamente US$ 2 milhões.

Na época, a intenção era explorar o carvão da região de forma tradicional.

No entanto, análises geológicas posteriores revelaram algo muito mais valioso: a presença de elementos como neodímio, disprósio e térbio.

Esses metais são essenciais para tecnologias avançadas, incluindo veículos elétricos, turbinas eólicas, equipamentos médicos e sistemas de defesa.

Descoberta inédita nos Estados Unidos desde 1952

A mina Brook é o primeiro depósito economicamente viável de elementos de terras raras identificado nos Estados Unidos desde 1952.

De acordo com os estudos divulgados pela empresa e confirmados por geólogos independentes, a jazida tem potencial para suprir entre 3% e 5% da demanda interna por ímãs permanentes — peças críticas em motores elétricos e sistemas de alta precisão.

Atualmente, cerca de 90% da produção mundial desses metais está sob controle da China.

Essa concentração representa um risco estratégico para os Estados Unidos, especialmente em setores como defesa e energia limpa.

A descoberta em Wyoming representa uma rara oportunidade de reduzir essa dependência e reforçar a segurança industrial do país.

Metais estratégicos e uso em alta tecnologia

O neodímio é usado na fabricação de ímãs potentes que equipam motores de veículos elétricos e turbinas eólicas.

O disprósio é adicionado para permitir que esses ímãs operem em temperaturas elevadas, enquanto o térbio é fundamental em telas de alta resolução e equipamentos militares.

A escassez de fornecedores fora da Ásia torna esses elementos ainda mais valiosos.

Além disso, o processamento desses materiais exige técnicas complexas e envolve riscos ambientais significativos, o que limita o número de países dispostos ou aptos a produzi-los.

Apoio público e investimentos futuros

A revelação da jazida mobilizou autoridades estaduais e federais.

O governo de Wyoming concedeu US$ 6,1 milhões para a construção de uma planta-piloto que será usada para testar o processo de extração e refino dos metais.

A expectativa é que o projeto completo exija investimentos da ordem de US$ 500 milhões até a entrada em operação plena.

Durante a cerimônia oficial realizada em 11 de julho de 2025, representantes do governo estadual, do Departamento de Energia dos EUA e executivos da Ramaco celebraram a descoberta como um marco histórico. Atkins declarou que a mina Brook pode representar um “ponto de virada” para a indústria de mineração americana.

Segundo ele, o objetivo é extrair os metais de maneira responsável, respeitando as regulamentações ambientais e estabelecendo um modelo de exploração viável e sustentável.

A empresa já iniciou os primeiros testes laboratoriais e prevê iniciar a operação comercial em escala nos próximos anos.

Oportunidade econômica para o Wyoming

Localizado em uma região historicamente ligada à mineração de carvão, o estado de Wyoming pode experimentar uma nova fase de desenvolvimento.

A transição de combustíveis fósseis para materiais de alta tecnologia cria novas oportunidades de emprego e inovação local.

Randall Atkins afirma que a intenção é empregar mão de obra local e incentivar parcerias com universidades e centros de pesquisa.

A presença de um polo de terras raras no território americano também pode atrair empresas interessadas em tecnologias limpas, criando um ciclo positivo de desenvolvimento regional.

Desafios no caminho

Apesar do entusiasmo, o projeto enfrenta desafios. A extração e o refino de elementos de terras raras exigem processos químicos sofisticados e levantam preocupações ambientais.

O histórico de impactos causados por mineração desse tipo em outros países, especialmente na China, é um alerta para os riscos envolvidos.

Outro obstáculo é o custo. Produzir esses materiais em solo americano será, inicialmente, mais caro do que importar da Ásia.

A Ramaco aposta que o ganho estratégico compensa a diferença. A proximidade com o mercado interno, a previsibilidade regulatória e o apoio institucional podem tornar o projeto competitivo a médio prazo.

Potencial para redefinir o mercado

Se bem-sucedida, a mina Brook pode inspirar outras iniciativas semelhantes em território americano. A confirmação da jazida reacende o interesse por novas prospecções, especialmente em áreas que antes eram exploradas apenas por carvão ou petróleo.

O caso de Atkins também virou símbolo de visão de longo prazo. Ao comprar a mina há mais de uma década, ele apostava em um mercado que parecia em declínio.

Agora, se encontra no centro de uma descoberta avaliada em até US$ 37 bilhões e capaz de influenciar o cenário geopolítico dos materiais estratégicos.

A mina Brook, em Wyoming, não é mais apenas uma área de carvão. Com a confirmação da maior descoberta de metais de terras raras nos EUA em mais de 70 anos, o local pode redefinir o papel dos Estados Unidos no fornecimento global desses elementos.

O desafio, a partir de agora, será transformar essa oportunidade geológica em um projeto industrial sólido, responsável e competitivo.

O sucesso do empreendimento pode marcar uma virada histórica na independência tecnológica e energética americana.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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