Considerado um dos pilares do futuro sustentável, o hidrogênio verde ganha protagonismo em países com alta capacidade de geração de energia renovável.
O hidrogênio verde vem se consolidando como uma das apostas mais promissoras na corrida pela descarbonização global. Produzido a partir da eletrólise da água — um processo alimentado por eletricidade gerada por fontes renováveis, como solar e eólica — esse gás é altamente energético e, ao contrário das opções tradicionais, não gera emissões de dióxido de carbono (CO₂).
Essa característica o torna peça-chave na chamada transição energética, que busca substituir os combustíveis fósseis por soluções sustentáveis e de baixo impacto ambiental.
Energia limpa para setores de difícil conversão elétrica
Embora a eletrificação seja uma tendência em setores como transporte urbano e indústria leve, segmentos como a siderurgia, aviação, transporte marítimo e produção de fertilizantes ainda enfrentam grandes barreiras técnicas para abandonar os combustíveis fósseis.
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Nesses casos, o hidrogênio verde surge como uma solução viável, substituindo diretamente o uso de carbono em processos industriais e logísticos de alto consumo energético.
Além disso, o hidrogênio verde também desempenha um papel estratégico no armazenamento de energia em larga escala — um fator essencial para estabilizar redes elétricas abastecidas por fontes intermitentes, como o sol e o vento.
Oportunidade econômica para países com energia renovável abundante
Nações com potencial renovável elevado, como Brasil, Austrália e países do Norte da África, vêm enxergando no hidrogênio verde uma nova fronteira de exportação energética.
No Brasil, o destaque é o Nordeste, onde projetos de grande porte estão sendo planejados em áreas portuárias com estrutura voltada à exportação.
Essa nova cadeia produtiva não só atrai investimentos, como também impulsiona o desenvolvimento tecnológico e a geração de empregos verdes.
Desafios à expansão do hidrogênio verde
Apesar do otimismo, a produção de hidrogênio verde ainda enfrenta entraves significativos.
O principal é o custo: atualmente, o processo de eletrólise custa de duas a três vezes mais que os métodos convencionais, que utilizam combustíveis fósseis.
Os altos preços dos eletrolisadores e a necessidade de um suprimento constante e acessível de energia renovável são os principais responsáveis por essa diferença.
Outro gargalo é a falta de infraestrutura. Poucos países contam com dutos, estações de abastecimento e sistemas logísticos adequados para o transporte e armazenamento do hidrogênio.
O gás é altamente inflamável, exigindo rígidos padrões de segurança e protocolos operacionais.
Também falta padronização regulatória global: para garantir a rastreabilidade e a certificação ambiental, será necessário estabelecer normas internacionais de origem e sustentabilidade.
Caminhos para viabilizar o combustível do futuro
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), mais de 40 países já implementaram estratégias nacionais para desenvolver cadeias produtivas de hidrogênio de baixo carbono.
Empresas privadas e consórcios industriais também vêm investindo pesado na tecnologia, em parte pela pressão crescente por metas de neutralidade climática e pela demanda por soluções energéticas mais limpas.
Para transformar o hidrogênio verde em realidade no dia a dia da sociedade, será fundamental integrar políticas públicas robustas, incentivos fiscais, investimento em pesquisa e desenvolvimento, além da criação de marcos regulatórios eficientes.