Descubra como o mercado de hidrogênio verde está moldando o futuro da energia limpa e entenda por que ele é essencial para uma economia mais sustentável.
O mercado de hidrogênio verde tem ganhado destaque nos últimos anos como uma das apostas mais promissoras para uma economia de baixo carbono.
Para entender claramente o que é esse setor e por que ele desperta tanto interesse, é necessário olhar para sua história, seus avanços tecnológicos e as mudanças que ele pode trazer para a matriz energética global.
Desde o século XIX, o hidrogênio é conhecido como o elemento mais abundante do universo e estudado por seu potencial energético.
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Conforme a Agência Internacional de Energia (IEA), durante a Revolução Industrial, o hidrogênio começou a ser usado como combustível.
Mas seu processo de produção dependia principalmente do gás natural, um combustível fóssil que gerava altas emissões de carbono. Isso limitava seu uso e sustentabilidade.
Com o aumento da preocupação ambiental nas últimas décadas, principalmente a partir da década de 1990, os governos passaram a buscar fontes de energia mais limpas.
Nesse contexto, surgiu o conceito do hidrogênio verde, que elimina emissões ao utilizar eletrólise da água alimentada por fontes renováveis, como energia solar e eólica, segundo a International Renewable Energy Agency (IRENA).
A evolução do mercado de hidrogênio verde
O mercado de hidrogênio verde começou a se consolidar com mais força na última década.
De acordo com a IRENA, entre 2010 e 2020, os custos da energia solar e eólica caíram mais de 80%, tornando a eletrólise economicamente viável.
Além disso, em 2015, o Acordo de Paris da ONU estabeleceu metas globais para redução das emissões de gases do efeito estufa, estimulando governos a investirem em energias renováveis e tecnologias limpas.
Por isso, o hidrogênio verde passou a ser visto como essencial para descarbonizar setores difíceis de eletrificar, como a siderurgia, o transporte pesado e a indústria química. Países como Alemanha, Japão e Austrália já traçaram estratégias nacionais para aumentar a produção e o uso do hidrogênio limpo.
O Chile, por exemplo, no seu Plano Nacional de Energia de 2021, destacou o hidrogênio verde como vetor estratégico para o futuro energético do país.
No Brasil, a matriz elétrica renovável, com mais de 80% de geração hidrelétrica segundo o Ministério de Minas e Energia, oferece uma base natural para o desenvolvimento do hidrogênio verde.
Projetos em andamento indicam que o Brasil pode se tornar um dos maiores exportadores globais desse combustível limpo até a década de 2030.
Aplicações e pilares do mercado
Além da produção, o desenvolvimento tecnológico tem avançado para aplicar o hidrogênio verde em várias indústrias.
Empresas testam sua substituição em fornos industriais e caldeiras, enquanto o setor aeronáutico pesquisa células a combustível para aviões, como relatado pela IEA em seu relatório de 2023.
Para entender o mercado de hidrogênio verde, é importante considerar três pilares: produção, armazenamento/transporte e demanda.
A produção depende da eficiência dos eletrolisadores e da oferta de energia renovável. O armazenamento e transporte exigem tecnologias específicas, pois o hidrogênio é altamente volátil.
Já a demanda vem do interesse crescente de indústrias que buscam alternativas para reduzir sua pegada de carbono.
Inovação e políticas públicas internacionais
O crescimento do mercado depende fortemente de investimentos em infraestrutura, pesquisa e políticas públicas eficazes.
Incentivos fiscais, financiamentos e regulações claras são necessários para acelerar o desenvolvimento do setor.
A criação de certificações para garantir a origem limpa do hidrogênio ajuda a estabelecer confiança, facilitando acordos comerciais internacionais.
Instituições e empresas globais investem no aprimoramento dos eletrolisadores e no desenvolvimento de células a combustível para veículos e equipamentos.
A inovação tecnológica permanece no centro do avanço do setor, segundo relatórios da IEA e IRENA.
Governos adotam políticas públicas variadas, como editais de pesquisa e parcerias público-privadas, para fomentar o crescimento do hidrogênio verde.
Enquanto isso, iniciativas internacionais facilitam a cooperação entre países que têm energia renovável abundante e aqueles que demandam hidrogênio para suas indústrias.
Economia do hidrogênio verde e competitividade
A produção de hidrogênio verde tem se tornado mais competitiva economicamente.
A International Energy Agency indicou em 2023 que os custos caem continuamente com a expansão da escala produtiva e avanços tecnológicos.
Em regiões com alta disponibilidade solar e eólica, os projetos já apresentam viabilidade financeira.
Além disso, tributos sobre emissões de carbono e políticas ambientais rígidas elevam o custo dos combustíveis fósseis, favorecendo a adoção do hidrogênio limpo.
Isso torna o hidrogênio verde uma opção estratégica para empresas preocupadas com sustentabilidade e com o futuro regulatório.
Oportunidades e desafios no Brasil
No Brasil, estados como Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte têm atraído investimentos para projetos-piloto de hidrogênio verde.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, essas regiões apresentam altos índices de energia renovável, principalmente solar e eólica, essenciais para a produção do hidrogênio verde.
O Porto de Pecém, no Ceará, já é apontado como um potencial hub para exportação de hidrogênio à Europa, mercado que demonstra forte demanda, conforme divulgado pela Câmara de Comércio Brasil-Alemanha.
Universidades, startups e centros de pesquisa nacionais também se engajam no desenvolvimento de tecnologias ligadas ao hidrogênio, promovendo inovação e geração de empregos qualificados.
Entretanto, desafios persistem, como o custo elevado dos eletrolisadores e a necessidade de regulamentações específicas para armazenamento, transporte e comercialização do gás, conforme destaca a Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Além disso, garantir que toda a cadeia produtiva seja realmente sustentável é um ponto crítico para o sucesso do setor.
Perspectivas para o futuro
Apesar dos desafios, as perspectivas do mercado de hidrogênio verde são positivas.
O hidrogênio verde emerge como ferramenta crucial para a redução da dependência de combustíveis fósseis e para o cumprimento das metas de neutralidade de carbono assumidas por diversos países.
Para profissionais, investidores e pesquisadores, compreender os fundamentos do mercado hoje é preparar-se para um setor que tende a crescer nas próximas décadas, conforme indicam estudos da IEA e IRENA.
Este guia apresentou de forma clara e acessível os principais aspectos do mercado de hidrogênio verde, desde sua história até suas perspectivas atuais e futuras.
Trata-se de uma transformação energética em andamento que promete contribuir para um futuro mais limpo e sustentável, alinhado às necessidades do planeta.