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Guerra por água: como os data centers estão afetando zonas rurais dos EUA!

Escrito por Sara Aquino
Publicado em 17/07/2025 às 09:30
Atualizado em 21/07/2025 às 20:56
Data centers consomem bilhões de litros de água e levantam preocupações em zonas rurais e está afetando comunidades.
Foto Divulgação Georgia Public Policy Foundation.
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Data centers consomem bilhões de litros de água e levantam preocupações em zonas rurais e está afetando comunidades.

A crescente demanda por conectividade, inteligência artificial e serviços digitais tem impulsionado a construção acelerada de data centers nos Estados Unidos.

Localizados, em sua maioria, em cidades pequenas e zonas rurais, esses enormes complexos de servidores consomem volumes expressivos de energia e, principalmente, água — fator que já está gerando conflitos com moradores e ambientalistas.

Na zona rural da Geórgia, onde o clima úmido favorece o uso de água natural para refrigeração, grandes empresas de tecnologia têm instalado suas estruturas.

A escolha do local não é por acaso: o Estado oferece recursos hídricos abundantes e custos operacionais mais baixos. No entanto, essa vantagem ambiental virou motivo de tensão.

Crescimento dos data centers levanta alerta ambiental

O funcionamento dos data centers exige refrigeração constante, especialmente em dias mais quentes.

Para isso, muitas instalações utilizam sistemas de resfriamento evaporativo, que dependem de grandes quantidades de água para manter os processadores operando em temperaturas adequadas.

Esse modelo, apesar de eficiente, impacta diretamente o consumo hídrico da região.

Estimativas apontam que os data centers baseados em inteligência artificial podem utilizar entre 4,2 e 6,6 bilhões de metros cúbicos de água até 2027, apenas para manter os sistemas ativos.

Em comunidades rurais, onde muitos imóveis ainda dependem de poços artesianos, o aumento da demanda hídrica pode resultar em escassez, contaminação ou danos estruturais nos sistemas de abastecimento doméstico.

Projetos travados por pressão local

O avanço dessa infraestrutura digital esbarra cada vez mais em resistência comunitária. Segundo um levantamento do Data Center Watch, cerca de US$ 64 bilhões em projetos foram suspensos ou bloqueados nos Estados Unidos devido a mobilizações populares ou processos ambientais.

Moradores alegam que os data centers alteram o ecossistema local, comprometem a qualidade da água e geram poluição sonora.

Mesmo com estudos técnicos apresentados pelas empresas para comprovar a segurança dos empreendimentos, o descontentamento persiste.

Organizações sem fins lucrativos têm intensificado a fiscalização dos rios, córregos e áreas próximas às obras. Muitas denúncias apontam mudanças visíveis na cor da água, além de indícios de presença de sedimentos e compostos químicos, utilizados na construção para conter a erosão do solo.

A relação entre tecnologia e consumo de água

A digitalização da vida moderna — desde ferramentas como o ChatGPT até transações bancárias — depende da operação massiva dos data centers.

E embora a imagem da “nuvem” sugira algo etéreo e limpo, sua base física revela um cenário muito mais complexo.

Cada solicitação feita a um sistema de inteligência artificial, por exemplo, utiliza energia computacional suficiente para aquecer os chips em poucos segundos.

Para que não haja superaquecimento, a água atua como principal meio de resfriamento — evaporando no processo e se perdendo em grande parte.

Multiplicando esse ciclo por bilhões de interações por dia, o impacto ambiental se torna evidente, principalmente em regiões onde os recursos hídricos já são disputados por uso agrícola, industrial e doméstico.

Empresas prometem soluções sustentáveis

Diante do cenário, grandes operadoras de data centers anunciaram metas para mitigar os impactos hídricos. Algumas prometeram, até 2030, repor mais água aos ecossistemas do que consomem.

Para isso, estão investindo em tecnologias alternativas, como reaproveitamento de águas residuais, coleta de água da chuva e uso limitado de refrigeração líquida apenas nos dias mais críticos do ano.

Há também colaborações com comunidades locais e agricultores para restaurar bacias hidrográficas e melhorar a qualidade da água nos arredores dos centros digitais.

Ainda assim, o ritmo acelerado da expansão pode tornar esses esforços insuficientes.

Futuro digital enfrenta dilemas ecológicos

A transformação digital continua a avançar, e com ela cresce o número de data centers ao redor do mundo. Atualmente, são mais de 10 mil unidades operando globalmente, a maioria nos EUA, Reino Unido e Alemanha.

Mesmo com tentativas de reduzir a pegada ambiental, o custo ecológico da infraestrutura da internet ainda é alto — especialmente quando instalado em regiões vulneráveis.

A convivência entre o progresso tecnológico e a preservação ambiental será um dos maiores desafios da próxima década. Enquanto isso, moradores de áreas afetadas já vivem os impactos diretos da presença dessas gigantes estruturas.

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Sara Aquino

Farmacêutica Generalista e Redatora. Escrevo sobre Empregos, Cursos, Ciência, Tecnologia e Energia. Apaixonada por leitura, escrita e música.

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