O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky apresentou uma nova proposta para encerrar a Guerra da Ucrânia, reacendendo esperanças de um acordo de paz no horizonte.
Com pouco tempo para o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o líder ucraniano Volodimir Zelensky apresentou nesta segunda-feira (9) mais uma proposta para tentar encerrar a guerra da Ucrânia que devasta seu país há quase três anos.
O novo plano prevê a manutenção das atuais linhas de frente e a entrada de forças estrangeiras no território ucraniano, mesmo sem a adesão de Kiev à Otan.
A ideia, contudo, enfrenta resistência previsível da Rússia e das potências ocidentais. A proposta chega pouco após a rejeição de uma versão anterior, que sugeria a entrada parcial da Ucrânia na Otan, considerando apenas os 80% do território que Kiev controla atualmente. A aliança militar respondeu com frieza, optando por continuar armando as forças ucranianas.
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Além disso, Washington pressionou Kiev a ampliar o alistamento militar, sugerindo que a idade mínima para convocação de soldados fosse reduzida de 25 para 18 anos. O governo de Zelenski, por sua vez, tenta equilibrar a sobrevivência militar com a preservação de sua população jovem.
Um impasse internacional
O principal obstáculo do plano apresentado por Zelenski é a possibilidade de envolvimento indireto da Otan no conflito. Caso forças estrangeiras, ainda que não oficialmente vinculadas à aliança, entrem em território ucraniano, o gesto pode ser interpretado por Vladimir Putin como uma declaração de guerra.
Ideias semelhantes foram discutidas anteriormente por França e Polônia, mas a cláusula de defesa mútua da Otan, que poderia arrastar todos os seus membros para o conflito, inviabilizou esses planos. Agora, a França pode ter influenciado Zelenski a retomar a abordagem, após encontros com líderes como Emmanuel Macron e Friedrich Merz, líder da oposição alemã.
No domingo (8), Zelenski esteve em Paris com Macron e o ex-presidente Donald Trump, durante a reabertura da catedral de Notre-Dame. Trump, que adota um discurso crítico à guerra da Ucrânia, pediu um cessar-fogo imediato e negociações para encerrar o conflito. Apesar da posição americana, suas declarações sugerem pressão sobre a Ucrânia para ceder mais aos russos.
Uma guinada diplomática
A proposta de Zelenski sinaliza uma mudança significativa em sua abordagem. Na semana passada, ele já havia admitido a possibilidade de abrir mão de territórios em troca de um cessar-fogo temporário. Antes, essa ideia era inaceitável para o líder ucraniano.
“Queremos que essa guerra acabe mais do que ninguém. Uma solução diplomática salvaria muitas vidas”, afirmou Zelenski. Ele também destacou a importância de prazos claros para a entrada da Ucrânia na União Europeia e na Otan, caso a proposta seja considerada.
Ainda assim, a posição de Moscou permanece inflexível. Putin exige que Kiev ceda integralmente os territórios anexados pela Rússia em 2022, comprometa-se com a neutralidade e desarme suas forças armadas. Essas condições, consideradas extremas, tornam improvável um acordo nos moldes sugeridos por Zelenski.
Cenário militar desfavorável
A Rússia segue com avanços no leste da Ucrânia, especialmente na região de Donetsk. Esse cenário fortalece a posição de Putin e enfraquece a margem de negociação de Zelenski. Com as tropas russas ganhando terreno, a guerra parece estar longe de um desfecho favorável para Kiev.
Ainda assim, os dois lados mantêm diálogos indiretos. Encontros entre emissários têm ocorrido em locais como Doha, sugerindo que há ao menos uma disposição mínima para conversas. No entanto, sem concessões mútuas, o conflito continua sem solução à vista.
O que vem pela frente na Guerra da Ucrânia?
Com Trump possivelmente assumindo a Casa Branca em breve, novas variáveis podem influenciar o cenário. O ex-presidente já indicou que buscará uma resolução rápida para a guerra, o que pode significar maior pressão sobre Zelenski para aceitar termos russos.
A postura de Zelenski mostra sinais de cansaço, mas também uma tentativa de preservar o que resta da soberania ucraniana. O caminho para o fim da guerra, no entanto, parece cada vez mais condicionado a uma dura escolha: ceder territórios ou prolongar um conflito devastador.
O tempo corre contra Kiev, mas também desafia a capacidade de Moscou de sustentar seus avanços. Enquanto isso, a guerra segue como um dos maiores desafios geopolíticos do século, sem um vencedor claro à vista.