O Grupo Energisa fortalece sua presença no setor de energia renovável com investimento de R$ 100 milhões na expansão do tratamento de resíduos e na construção de uma nova planta de biometano prevista para operar até 2028
O Grupo Energisa anunciou nesta segunda-feira (3) a aquisição de 52% de participação na Lurean, empresa paranaense especializada em tratamento de resíduos e produção de biofertilizantes.
Segundo uma matéria da Agência Eixos desta terça-feira (4), como parte dessa operação, o grupo confirmou investimento de R$ 100 milhões na construção de sua segunda planta de biometano no Brasil, com previsão de início das operações no primeiro trimestre de 2028.
Expansão da Energisa reforça aposta em biometano
O investimento na nova planta de biometano e a aquisição da Lurean marcam um passo decisivo na diversificação do portfólio do grupo. Segundo informações divulgadas pela própria Energisa, o projeto está alinhado à meta corporativa de ampliar soluções em energia sustentável e fortalecer o modelo de economia circular no país.
-
Comgás lança nova chamada para compra de biometano e acelera descarbonização em São Paulo
-
Petrobras vai fornecer diesel com 10% de conteúdo renovável para a COP 30 em Belém-PA, reforçando compromisso com transição energética sustentável e combate às mudanças climáticas
-
Acordo entre Porto do Açu e Porto de Antuérpia-Bruges estabelecerá corredor verde de e-combustíveis para integrar Brasil à cadeia global de energia de baixo carbono
-
Gasolina E30 chega no Brasil com 30% de etanol e promete reduzir custos e emissões
O empreendimento será localizado em Carambeí (PR), cidade com alta concentração agroindustrial e grande oferta de resíduos orgânicos — matéria-prima essencial para a produção de biogás e biometano. De acordo com o comunicado, a unidade terá capacidade de produção de 28 mil m³/dia de biometano.
Além disso, o grupo pretende aproveitar a expertise da Lurean, que tratou mais de 95 mil toneladas de resíduos agroindustriais em 2024 e comercializou aproximadamente 38 mil toneladas de biofertilizantes. Esse processo reforça o caráter ambiental e produtivo da operação, transformando resíduos em energia limpa e insumos agrícolas sustentáveis.
Detalhes da aquisição e planos do Grupo Energisa
A aquisição de 52% da Lurean foi realizada por meio da Energisa Biogás (Ebio), braço de energia renovável do grupo. A transação amplia a presença da companhia no mercado de biocombustíveis e complementa o portfólio de geração, que já inclui fontes como solar, eólica e soluções híbridas.
Com um investimento total estimado em R$ 100 milhões, o projeto da nova planta de biometano deve gerar dezenas de empregos diretos e indiretos durante a fase de construção. A unidade ficará a menos de quatro quilômetros da rede de gás natural, o que facilitará o escoamento da produção e reduzirá custos logísticos.
Segundo a Energisa, o início das obras está previsto para 2026, com conclusão até o começo de 2028. A meta é que o biometano produzido abasteça indústrias, transportadoras e distribuidoras locais, substituindo parte do gás natural fóssil por uma alternativa renovável e menos poluente.
Tratamento de resíduos como pilar da sustentabilidade energética
A aposta no tratamento de resíduos e na produção de biometano reforça o compromisso do grupo com práticas de baixo impacto ambiental. A Lurean, agora controlada pela Energisa Biogás, atua há mais de uma década na gestão de resíduos orgânicos e na transformação desses materiais em biofertilizantes de alta eficiência.
Com a incorporação dessa expertise, o Grupo Energisa passa a dominar toda a cadeia produtiva do biogás: da coleta e tratamento dos resíduos à conversão em combustível renovável. Esse modelo reduz emissões de gases de efeito estufa, evita o descarte inadequado de resíduos e impulsiona a geração de energia limpa e descentralizada.
Além disso, o tratamento eficiente de resíduos contribui diretamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, especialmente no que diz respeito à produção e consumo responsáveis, energia acessível e limpa, e ação contra as mudanças climáticas.
Impactos do investimento para o setor energético e para o meio ambiente
O investimento da Energisa no Paraná representa um avanço estratégico tanto para o setor energético quanto para a agroindústria regional. O estado é um dos maiores produtores de proteína animal e grãos do Brasil, o que gera uma grande quantidade de resíduos orgânicos aproveitáveis.
A conversão desses materiais em biometano reduz a dependência de fontes fósseis e fortalece o conceito de economia circular — onde os resíduos se tornam insumos para novos ciclos produtivos.
Esse tipo de operação gera benefícios econômicos e ambientais simultaneamente: cria empregos, estimula a inovação tecnológica e contribui para a mitigação de emissões.
O biometano produzido pela nova planta também pode ser injetado diretamente na rede de gás natural, atendendo indústrias, frotas de veículos e até geradores elétricos. Isso amplia o potencial de descarbonização do setor energético brasileiro e alinha o país às metas globais de neutralidade climática até 2050.
Desafios do mercado de biometano no Brasil
Apesar do crescimento acelerado do segmento, o mercado nacional de biometano ainda enfrenta desafios estruturais e regulatórios. Entre eles estão o custo elevado de implantação das plantas, a falta de infraestrutura de transporte e distribuição, e a necessidade de maior clareza nas políticas de incentivo.
De acordo com a Associação Brasileira de Biogás (ABiogás), o país tem potencial para produzir mais de 120 milhões de m³ de biometano por dia, mas atualmente utiliza muito pouco dessa capacidade.
Projetos como o da Energisa ajudam a reduzir essa defasagem e demonstram que o setor privado está disposto a investir em inovação e sustentabilidade. O avanço também depende da integração entre diferentes cadeias produtivas — como agroindústria, saneamento e energia —, além de marcos regulatórios que estimulem a injeção do biometano na rede de gás natural.
Benefícios esperados do projeto da nova planta de biometano
- Geração de energia renovável: a planta de biometano ampliará a oferta de combustível limpo no mercado brasileiro.
- Gestão eficiente de resíduos: resíduos orgânicos agroindustriais serão convertidos em energia e fertilizantes, evitando contaminações ambientais.
- Criação de empregos locais: tanto na fase de obras quanto na operação, o projeto deve gerar oportunidades em Carambeí e regiões vizinhas.
- Estímulo à economia circular: o modelo une produção agrícola, reaproveitamento de resíduos e geração de energia renovável.
- Redução de emissões: a substituição de gás fóssil por biometano diminui a pegada de carbono das indústrias e transportes.
Esses benefícios reforçam o posicionamento do Grupo Energisa como uma das companhias pioneiras na integração de sustentabilidade e inovação no setor energético brasileiro.
Biometano e futuro da transição energética no Brasil
A expansão do Grupo Energisa para o mercado de biometano sinaliza uma tendência crescente no país: a busca por soluções que conciliem rentabilidade e sustentabilidade.
O biometano, por ser um combustível com balanço neutro de carbono, é visto como peça-chave na transição energética nacional. Nos últimos anos, empresas e governos têm reforçado o papel estratégico do gás renovável no cumprimento das metas de redução de emissões.
Além disso, a diversificação da matriz energética é essencial para garantir segurança no abastecimento e competitividade industrial. Projetos como o da Energisa mostram que esse cenário está cada vez mais próximo de se tornar realidade.
O que o avanço da Energisa revela sobre o futuro do setor energético
O anúncio do Grupo Energisa sobre a compra da Lurean e o investimento em sua segunda planta de biometano revela uma estratégia sólida de longo prazo: diversificar fontes, fortalecer o tratamento de resíduos e alinhar a operação à economia de baixo carbono.
Mais do que um movimento empresarial, trata-se de um reflexo da transformação em curso no mercado de energia. À medida que o país busca reduzir sua dependência de combustíveis fósseis, empresas que apostam em biogás, biometano e circularidade se posicionam como líderes da nova era energética.
A Energisa mostra que o futuro da energia está diretamente ligado à sustentabilidade e à inovação. O tratamento de resíduos, antes visto apenas como uma questão ambiental, agora se consolida como uma oportunidade econômica e estratégica.
Com a nova planta prevista para 2028, o grupo reforça seu papel de protagonista na transição energética brasileira e sinaliza que o investimento em biometano será um dos pilares da produção de energia limpa na próxima década.



Seja o primeiro a reagir!