Maior leilão do pré-sal desde 2022 reúne multinacionais e estatais; bônus de assinatura pode somar R$ 160 milhões e vencedor será quem oferecer mais óleo à União.
O leilão do pré-sal desta quarta-feira (22) marca a maior oferta desde 2022 e acontece em clima de otimismo renovado após a licença para perfuração de um poço na Bacia da Foz do Amazonas. Sete áreas no polígono do pré-sal a faixa de mar com as maiores reservas do país foram habilitadas pela ANP e reúnem desde a Petrobras a gigantes como Shell e Chevron.
De acordo com o portal Jornal de Brasília, pelo modelo vigente, o bônus é fixo e vence quem oferece maior parcela de óleo-lucro (a fatia da produção que fica com a União após o desconto de custos). Se todos os blocos forem arrematados, a arrecadação inicial chega a R$ 160 milhões, além dos compromissos de investimento em exploração.
Quem está na disputa e por que o apetite cresceu
O certame tem o maior número de inscritos desde 2022. Além da Petrobras, estão habilitadas multinacionais como Shell e Chevron, estatais da China (Cnooc e Sinopec), Colômbia (Ecopetrol) e Qatar (QatarEnergy), além de independentes brasileiras como 3R e Prio.
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Para o setor, a licença obtida na Foz do Amazonas reforça a leitura de que o país segue comprometido com a produção e a exploração.
“A licença melhora a atratividade do leilão ao reforçar a ideia de continuidade da produção e do incentivo à exploração”, avalia a presidência do IBP.
Na prática, o sinal regulatório reduz incerteza e encoraja lances mais competitivos, sobretudo onde há sinergias com descobertas recentes.
Quais áreas vão a leilão e quanto valem
A ANP apresentou 13 áreas ao mercado, mas sete receberam manifestação de interesse e foram levadas ao leilão do pré-sal: Esmeralda, Ametista, Jaspe, Citrino, Larimar, Ônix e Itaimbezinho.
Duas ficam na porção sul do polígono, em frente ao litoral de São Paulo, região onde a britânica BP reportou sua maior descoberta em 25 anos.
Esmeralda e Ametista têm bônus de R$ 33,7 milhões e R$ 1 milhão, respectivamente, e são tratadas pela ANP como áreas de elevado potencial.
Jaspe carrega o maior bônus do leilão, R$ 52,2 milhões, e percentual mínimo de óleo-lucro de 16,72%; o bloco é vizinho a uma descoberta de gás da Shell e alvo de direito de preferência da Petrobras, o que dá à estatal a possibilidade de entrar no projeto mesmo sem vencer a disputa.
Como funciona o modelo e o que está em jogo
No partilha de produção do pré-sal, vence quem promete maior parcela de óleo-lucro à União, mantendo o bônus de assinatura fixado em edital.
Isso muda o foco do “quem paga mais agora” para “quem entrega mais ao longo do tempo”, alinhando o interesse público à rentabilidade de longo prazo.
Para as empresas, a competição real está no volume de óleo ofertado ao governo e no desenho do consórcio, especialmente em áreas próximas a descobertas e infraestrutura existente.
Para o governo, o ganho está no fluxo futuro de barris e receitas, além do efeito de atração de investimentos e conteúdo local.
O efeito Foz do Amazonas sobre o leilão
A licença ambiental para perfuração na Foz do Amazonas não altera as áreas do certame voltado ao polígono do Sudeste, mas muda o humor do mercado.
Sinal verde regulatório em uma fronteira exploratória de alta visibilidade indica previsibilidade e coordenação institucional, elementos críticos para planos de bilhões de dólares.
Esse pano de fundo tende a elevar a competição em blocos considerados “quentes”, como Ametista e Larimar, onde consultores do setor apostam em múltiplas ofertas.
Em leilões assim, detalhes operacionais e geológicos pesam tanto quanto o apetite financeiro.
Quem ganha e quem questiona
Do lado econômico, a arrecadação inicial (bônus) é modesta frente ao ciclo de investimentos e receitas futuras, mas o leilão do pré-sal consolida um pipeline robusto de projetos para a próxima década.
Setores industriais e cadeias de fornecedores se beneficiam do ritmo de contratos e da previsibilidade.
Do lado socioambiental, organizações do clima criticam o estímulo a novos projetos de petróleo inclusive lembrando que o país sedia a COP neste ano.
Para esses grupos, o desafio é compatibilizar metas de transição energética com a expansão do portfólio fóssil, sobretudo em áreas sensíveis.
O governo, por sua vez, argumenta que o modelo de partilha eleva a captura de renda pública e que licenças ambientais seguem critérios técnicos.
Próximos passos e cenários possíveis
Caso cinco ou mais áreas recebam lances, como projetam geólogos consultados pelo mercado, o leilão reforça a imagem do Brasil como destino prioritário para capital de exploração.
Em especial, blocos contíguos a descobertas tendem a formar consórcios fortes, reduzindo custos e acelerando prazos.
Se parte das áreas ficar vazia, o recado é outro: apetite seletivo, com foco em prospectos premium e riscos geológicos menores.
Ainda assim, o efeito-sinal da licença na Foz do Amazonas permanece, sustentando a tese de calendário estável de ofertas.
O leilão do pré-sal desta semana é mais que uma rodada de bônus: é um teste de confiança no arcabouço regulatório e na geologia do país.
A licença na Foz do Amazonas funcionou como gatilho de ânimo, mas a competição nos blocos do Sudeste dirá quanto de otimismo vira compromisso financeiro.
E você? Acredita que licença ambiental e leilão do pré-sal podem conviver com metas de transição energética? Na sua avaliação, o Brasil deve priorizar receita de óleo-lucro agora ou acelerar a diversificação para renováveis? Conte nos comentários como esses movimentos impactam sua área — energia, indústria, finanças ou meio ambiente.