Exército, Marinha e Aeronáutica podem ser usados como compradores emergenciais para apoiar agricultores familiares afetados pela tarifa de 50% imposta por Trump contra produtos do Brasil
O governo federal prepara um acordo com o Ministério da Defesa para que Exército, Marinha e Aeronáutica realizem compras diretas de alimentos da agricultura familiar como forma de reduzir o impacto imediato do tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump contra produtos brasileiros. A medida prevê chamadas públicas especiais, em que as Forças Armadas passariam a adquirir itens como castanha-de-caju, castanha-do-pará, mel e laranja, incorporando-os ao consumo interno de cerca de 350 mil militares ativos.
A iniciativa foi discutida em reunião entre o Ministério da Defesa e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). A lógica é usar o poder de compra estatal para manter a renda de cooperativas e associações rurais, evitando que o bloqueio ao mercado externo provoque perdas irreversíveis.
Como funcionariam as compras
Diferente das licitações tradicionais, as chamadas públicas especiais permitem editais simplificados, nos quais a seleção leva em conta não apenas o preço, mas também a origem social e a capacidade de fornecimento coletivo dos agricultores.
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Esse mecanismo já é utilizado em programas como o PNAE (alimentação escolar) e o PAA (aquisição de alimentos), mas seria ampliado para os quartéis.
O ministro Paulo Teixeira (MDA) confirmou que o plano está em andamento e disse que o governo Lula busca ganhar tempo até a abertura de negociações diplomáticas com Washington.
“Enquanto não há acordo, não podemos deixar os produtores sem renda”, afirmou.
Medidas já em vigor
Além do uso das Forças Armadas como compradores, a estratégia se conecta à ação da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que passou a adquirir parte da produção de cooperativas afetadas.
Essa operação funciona como amortecedor de crise, já que a estatal compra, estoca e depois redireciona os produtos ao mercado interno ou para doações.
Os limites são de até R$ 1,5 milhão por cooperativa por ano e R$ 15 mil por família agricultora.
A ideia é evitar desperdício e dar liquidez a itens perecíveis como frutas e mel, até que possam ser recolocados em outros canais de venda.
Impacto para os agricultores
Os produtos mais atingidos pela tarifa americana, como castanhas e mel, têm alto peso na pauta exportadora da agricultura familiar.
Sem medidas emergenciais, milhares de pequenos produtores ficariam sem destino para a safra.
Já a laranja e o suco, embora tenham escapado do tarifaço, foram incluídos no plano por conta da supersafra no Rio Grande do Sul, Piauí e Bahia.
Para especialistas ouvidos pelo governo, esse tipo de compra institucional pode estabilizar preços internos e preservar empregos rurais, funcionando como política anticíclica em um momento de forte tensão comercial.
Política e diplomacia
O anúncio ocorre em paralelo ao esforço diplomático do presidente Lula para reabrir canais com os Estados Unidos.
Em seu discurso na ONU, Lula criticou medidas unilaterais de parceiros comerciais, sem citar Trump diretamente, mas ressaltou que o Brasil não aceitará punições injustificadas.
Fontes do Planalto confirmam que Lula e Trump devem se encontrar em breve para discutir o tema.
Enquanto isso, a orientação de Brasília é clara: amortecer o choque econômico interno e mostrar que há alternativas para escoar a produção.
O Plano Brasil Soberano, lançado em agosto, integra esse movimento com R$ 30 bilhões em crédito, estímulo a exportações e compras públicas emergenciais.
Com o tarifaço de Trump pressionando produtores, o governo brasileiro aposta em uma saída rápida: usar os quartéis como mercado interno para castanhas, mel, laranja e outros produtos.
A medida não substitui a necessidade de negociação diplomática, mas pode fazer diferença para milhares de famílias rurais.
Você acha que essa é uma boa estratégia? As Forças Armadas devem ser usadas como compradoras para proteger a agricultura familiar? Deixe sua opinião nos comentários.
Sim, esta atitude do governo brasileiro é louvável, pois cria mais uma alternativa para mitigar problemas criados por uma taxação descabida e unilateral.
Essa medida irá ajudar o agricultor familiar.