Nova regra da poupança vai liberar mais recursos para o crédito imobiliário e facilitar o sonho da casa própria.
O governo federal anunciou nesta sexta-feira (10/10/25), em São Paulo, um novo modelo de crédito imobiliário voltado à compra da casa própria, com o objetivo de ampliar o acesso à moradia e fortalecer o setor da construção civil.
A medida, que altera regras sobre o uso dos depósitos da poupança, será implantada de forma gradual até 2027.
O novo formato promete aumentar o volume de recursos disponíveis para financiamentos habitacionais, beneficiando principalmente a classe média.
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De acordo com o Palácio do Planalto, o limite do valor do imóvel financiado dentro do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, o que representa uma ampliação significativa na oferta de crédito.
A proposta faz parte de um pacote de medidas que busca dinamizar o mercado de crédito imobiliário, impulsionar o emprego e movimentar o setor da construção.
Poupança será base para expansão do crédito habitacional
Uma das principais mudanças anunciadas está relacionada ao uso dos recursos da poupança.
Atualmente, os bancos são obrigados a destinar 65% dos valores captados pela caderneta de poupança ao crédito imobiliário.
Com a nova regra, esse percentual deixará de ser fixo, e o montante total depositado pelos brasileiros passará a servir como referência para o volume de crédito disponível.
Na prática, isso significa que quanto mais pessoas aplicarem dinheiro na poupança, maior será o volume de recursos para financiamentos habitacionais — tanto no SFH quanto no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI).
Além disso, os depósitos compulsórios no Banco Central, que retêm parte desses recursos, também serão gradualmente eliminados.
“O total dos recursos depositados na caderneta de poupança passará a ser referência para o volume de dinheiro que os bancos devem destinar ao crédito habitacional”, informou o governo em nota oficial.
Medida busca aumentar recursos sem elevar juros
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, explicou que, ao ampliar o uso dos recursos da poupança e combiná-los com captações do mercado financeiro, será possível aumentar a oferta de crédito imobiliário sem elevar as taxas de juros cobradas nos financiamentos.
“A ideia é liberar gradualmente os recursos hoje retidos no Banco Central e, com isso, possibilitar o aumento do crédito imobiliário de maneira que a elevação da taxa não ocorra”, afirmou Galípolo.
Essa estratégia, segundo o governo, deverá beneficiar famílias com renda de até R$ 12,5 mil por mês — público que muitas vezes ficava sem acesso a condições vantajosas de financiamento.
Expansão da oferta de moradias e estímulo à economia
O ministro das Cidades, Jader Filho, destacou que as mudanças permitirão à Caixa Econômica Federal financiar cerca de 80 mil novos imóveis com juros de até 12% ao ano, abaixo da taxa básica da economia, atualmente em 15%.
Ele ressaltou que o objetivo é reforçar o compromisso do governo com o direito à moradia digna.
“Depois do Minha Casa, Minha Vida, lançar o novo sistema para a classe média demonstra compromisso inabalável com a moradia digna para o povo brasileiro”, disse o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia.
Com o novo modelo, o governo também espera estimular o emprego e o investimento no setor da construção civil, que é um dos principais motores da economia nacional.
Transição gradual até 2027
O governo federal informou que a transição para o novo modelo será gradual, com início ainda este ano e plena implementação prevista para janeiro de 2027.
Durante esse período, o direcionamento obrigatório de 65% dos recursos da poupança ao crédito habitacional será mantido, mas os depósitos compulsórios — hoje equivalentes a 20% — serão reduzidos para 15%. Parte desse valor (5%) será aplicada no novo regime de financiamento, criando uma adaptação progressiva do sistema.
Poupança ganha protagonismo no financiamento habitacional
Segundo dados do governo, os depósitos vinculados à habitação somavam R$ 755 bilhões em setembro deste ano, uma queda em relação ao recorde de R$ 801 bilhões registrados em dezembro de 2020.
Essa redução é atribuída à baixa rentabilidade da poupança, que perdeu atratividade em comparação às aplicações de renda fixa com juros mais altos.
O novo modelo busca reverter essa tendência, tornando a poupança novamente uma ferramenta estratégica para o financiamento habitacional.
“Na medida em que mais valores são depositados em poupança, mais crédito será disponibilizado para financiamento imobiliário”, explicou o governo.
Além disso, a medida aumenta a competitividade no setor, permitindo que instituições que não captam poupança possam conceder crédito habitacional em condições equivalentes às demais.
Impacto social e novas oportunidades para a classe média
O ministro Jader Filho reforçou que o novo formato atenderá uma faixa da população que vinha sendo deixada de lado.
“Essa medida atende a uma faixa da população que estava sem acesso a crédito habitacional. Hoje, as famílias com renda até R$ 12 mil são atendidas pelo Minha Casa Minha Vida. Acima disso, as pessoas estavam sem alternativas”, declarou.
Com a reformulação do crédito imobiliário, o governo federal pretende oferecer novas oportunidades para que mais brasileiros realizem o sonho da casa própria, ao mesmo tempo em que fortalece o papel da poupança como motor do desenvolvimento habitacional.