Com foco em produção de alimentos, transição agroecológica e mecanização no campo, novo Plano Safra garante linhas de crédito com juros de até 0,5% ao ano e incentiva inovação nas pequenas propriedades
O Governo Federal anunciou nesta segunda-feira (30), em cerimônia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o novo Plano Safra 2025/2026 voltado à agricultura familiar, com R$ 89 bilhões em recursos. A medida inclui juros reais negativos, novas linhas de crédito para mulheres rurais, cooperativas, irrigação sustentável, mecanização agrícola e transição para práticas agroecológicas.
Com R$ 78,2 bilhões destinados ao Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que completa 30 anos, o plano traz aumento de 47,5% no crédito rural em comparação ao governo anterior. A taxa de 3% ao ano foi mantida para a produção de alimentos da cesta básica, e cai para 2% para orgânicos e agroecológicos, visando baratear o custo da comida no prato do brasileiro.
Os destaques incluem a criação de novas linhas de financiamento, como o Pronaf B Agroecologia, com microcrédito de até R$ 20 mil e juros de 0,5% ao ano com bônus de adimplência, e o Pronaf Quintais Produtivos, voltado a mulheres do campo com as mesmas condições. Além disso, foram lançadas iniciativas para a conectividade rural, acessibilidade para pessoas com deficiência, regularização fundiária e construção de moradias.
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Crédito rural fortalecido e novos incentivos para inovação no campo
O Plano Safra ainda expande o programa Mais Alimentos, elevando de R$ 50 mil para R$ 100 mil o limite para compra de equipamentos menores, com juros de 2,5% ao ano para famílias com renda até R$ 150 mil. Para máquinas maiores, o teto é de R$ 250 mil com taxa de 5%. A ideia é ampliar a mecanização da agricultura familiar, elevando a produtividade e a qualidade de vida no campo.
Na área ambiental, o governo lançou o inédito Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), com foco na transição agroecológica, incentivo ao uso de bioinsumos e monitoramento de resíduos. Também foi criado o Programa Nacional de Irrigação Sustentável, que unifica ações de diversos ministérios para promover irrigação com energia limpa e eficiência hídrica.
A linha de crédito Pronaf Adaptação às Mudanças Climáticas financiará projetos de irrigação solar, com limite de até R$ 250 mil e juros entre 2,5% e 3% ao ano, conforme o tipo de operação. As medidas buscam preparar o produtor rural para os efeitos da crise climática, com financiamento de longo prazo e carência estendida.
Agricultura familiar impulsionada com apoio a cooperativas e produtos da sociobiodiversidade
Outro ponto importante do novo Plano Safra é o fortalecimento de cooperativas de pequenos produtores, indígenas, assentados e quilombolas. O crédito chega a R$ 1 milhão por cooperativa, com limite de R$ 20 mil por associado e juros de 3% ao ano, voltado a projetos com Cadastro da Agricultura Familiar (CAF) válido.
Também foi lançado o Programa SocioBio+, substituindo o PGPM-Bio, com foco na valorização de produtos da sociobiodiversidade, como babaçu, pirarucu e borracha, garantindo preços mínimos e fomentando cadeias produtivas sustentáveis. Já o Programa de Transferência de Embriões busca elevar a produtividade da cadeia leiteira com maior qualidade genética em menor tempo.
Para ampliar a comercialização da produção, o governo lançou o edital Central Abastece, voltado à inserção da agricultura familiar na CEAGESP e grandes mercados urbanos, além do edital Coopera Mais, com R$ 40 milhões destinados ao fortalecimento de redes de cooperativas e empreendimentos solidários.
Pronaf celebra 30 anos com avanços em crédito, inclusão e agroecologia
Criado em 1995, o Pronaf já contabiliza mais de R$ 778 bilhões investidos em 42 milhões de contratos. Ao longo de três décadas, o programa garantiu acesso ao crédito para mulheres, jovens e comunidades tradicionais, além da adaptação de máquinas e melhor distribuição regional dos recursos.
Na safra 2024/2025, o programa registrou 1,7 milhão de contratos e aumento de 20% no volume de crédito rural, com crescimento expressivo nos financiamentos para arroz, feijão, mandioca, leite, frutas e hortaliças. Destaque para a avicultura, com crescimento de 47%, e a piscicultura, com aumento de 120%.
A informação foi divulgada oficialmente pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), com participação da Secretaria-Geral da Presidência, Conab, Sebrae, MME, MAPA, MDS e outros órgãos.