Leilão bilionário da União atrai multinacionais e reforça orçamento com disputa acirrada por barris do pré-sal.
O governo federal arrecadou R$ 28 bilhões com a venda de petróleo da União em um leilão realizado na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, na manhã de 26 de junho de 2025.
O montante superou em R$ 3 bilhões a expectativa inicial da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), responsável pela condução da negociação, que previa R$ 25 bilhões em receitas.
Foram leiloados 74,5 milhões de barris de petróleo, divididos em sete lotes localizados nos campos do pré-sal da Bacia de Santos, abrangendo as áreas de Mero, Búzios, Sépia e Itapu.
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A operação representa um novo recorde para a PPSA, tanto em arrecadação quanto em participação internacional.
Os valores arrecadados irão diretamente para o caixa da União, com impacto imediato no orçamento federal.
Segundo a PPSA, cerca de R$ 3 bilhões devem ser incorporados ainda em 2025, enquanto o restante será efetivado em 2026, reforçando o esforço do governo para equilibrar as contas públicas.
Empresas estrangeiras no leilão de petróleo da União
Entre os destaques do leilão, estão as empresas estrangeiras que adquiriram fatias estratégicas da produção do pré-sal.
O consórcio formado por Galp, de Portugal, e ExxonMobil, dos Estados Unidos, arrematou um lote no campo de Mero, operado pelo FPSO Sepetiba, correspondente a 14 milhões de barris.
A Equinor, multinacional da Noruega, levou outro lote no mesmo campo, vinculado ao FPSO Duque de Caxias, também com 14 milhões de barris.
A PetroChina, gigante do setor de energia da China, em parceria com a Refinaria de Mataripe, controlada pelo fundo árabe Mubadala Capital, adquiriu o lote de Itapu, com 6,5 milhões de barris, além de uma parte do campo de Búzios.
A soma da participação do consórcio chinês e árabe totalizou 10 milhões de barris.
Petrobras lidera aquisições no pré-sal
A Petrobras, estatal brasileira de petróleo, foi a maior compradora individual da rodada.
A empresa ficou com quatro dos sete lotes disponíveis: um em Búzios, um em Sépia e dois em Mero.
Neste último campo, os lotes adquiridos estão associados aos FPSOs Guanabara, Alexandre de Gusmão e Pioneiro de Libra.
Com esses arremates, a Petrobras totalizou aproximadamente 40 milhões de barris, garantindo ampla presença na operação dos blocos licitados sob o regime de partilha.
Como funcionou a venda de óleo do pré-sal
A PPSA estruturou o leilão com base no modelo de desconto sobre o Brent datado, referência internacional do petróleo.
Os valores de desconto oferecidos pelas empresas variaram entre US$ 2,73 e US$ 4,13 por barril, com os lances mais competitivos chegando a US$ 0,65 de desconto, o menor registrado em certames da estatal.
Os lotes foram vencidos por lances diretos ou pregões ao vivo, dependendo da proximidade entre os valores ofertados.
Em situações onde a diferença entre propostas ficou abaixo de US$ 0,45 por barril, foi realizado pregão, com incrementos mínimos de US$ 0,02.
Dez empresas participaram da disputa, incluindo nomes como Shell, TotalEnergies, CNOOC e Prio, além das vencedoras.
A Shell, porém, não apresentou propostas.
Disputa recorde e projeções da PPSA
O presidente da PPSA, Luiz Fernando Paroli, classificou o leilão como o mais competitivo da história da estatal.
Segundo ele, o certame contou com o maior número de participantes, de vencedores e com ágio relevante nos valores ofertados.
Já o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Pietro Mendes, comemorou o resultado e afirmou que o governo continuará realizando leilões anuais de óleo da União, como forma de reforçar a arrecadação.
A PPSA confirmou que, em 2026, está prevista a oferta de 100 milhões de barris de petróleo, com expectativa de arrecadação em torno de R$ 37 bilhões, a depender do câmbio e do preço do Brent à época.
Papel estratégico da venda de óleo da União
A venda de óleo do pré-sal tem se consolidado como uma importante fonte de receitas extraordinárias para o governo federal.
Em 2024, a PPSA arrecadou R$ 10,3 bilhões, e em 2023, R$ 6 bilhões, somente com comercializações nos contratos de partilha e cessão onerosa.
Criada em 2013, a PPSA não explora petróleo diretamente, mas administra e comercializa a parcela da produção que cabe à União nos campos do pré-sal, sob regime de partilha.
O MME já havia sinalizado, no início de junho de 2025, o interesse em ampliar a arrecadação com recursos do setor de óleo e gás, com estimativas de adicionar R$ 35 bilhões até 2027, incluindo novos leilões e ajustes regulatórios.
Perspectivas para o petróleo brasileiro
A meta da PPSA é chegar a uma média de 500 mil barris por dia comercializados até 2030, o que posicionaria a estatal como a segunda maior vendedora de petróleo do país, atrás apenas da Petrobras.
A evolução dos leilões de petróleo da União segue sendo uma das principais estratégias para aumentar a previsibilidade fiscal do Brasil, embora dependa de variáveis como o preço internacional do petróleo, o câmbio e a estabilidade regulatória.
Como a expansão dos leilões do pré-sal pode impactar o equilíbrio entre arrecadação e gestão sustentável dos recursos naturais do país?