Em uma missão estratégica na Ásia, São Paulo apresenta megaobras e oportunidades bilionárias para investidores, com foco em modernizar a mobilidade urbana e consolidar parcerias internacionais de infraestrutura sem precedentes, despertando interesse global em projetos inovadores e de longo prazo.
Nesta segunda-feira (16), o governo de São Paulo iniciou uma missão estratégica na Ásia, com duração prevista de duas semanas.
O roteiro inclui visitas à China, Coreia do Sul e Japão, países reconhecidos por sua expertise em infraestrutura e investimentos em mobilidade urbana.
Segundo o jornal Valor Econômico, o principal foco está no projeto do túnel submerso Santos-Guarujá, uma obra de engenharia inédita na América Latina, orçada em R$ 6,8 bilhões, que poderá ter participação de grandes grupos chineses.
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Além disso, a agenda contempla outras concessões importantes para o Estado, que buscam capital privado e inovação tecnológica.
Túnel submerso Santos-Guarujá
Assim como publicou o CPG, o edital do túnel submerso Santos-Guarujá foi republicado em 9 de junho de 2025, com ajustes que incorporam avanços nos estudos geotécnicos e sugestões apresentadas por investidores.
O montante total previsto para o investimento foi reajustado para R$ 6,8 bilhões, um aumento de R$ 840 milhões em relação à proposta anterior, refletindo a complexidade técnica do projeto.
A concessão terá duração de 30 anos e será realizada via Parceria Público-Privada (PPP), um modelo que une recursos públicos e privados para viabilizar grandes obras.
Prevê-se a construção de três faixas para veículos, uma faixa exclusiva para Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e ainda galeria para ciclistas e pedestres, ampliando a mobilidade sustentável na região.
A atualização da data-base para cálculo dos custos ocorreu em janeiro de 2025, alinhando os valores aos preços atuais de insumos como concreto, dragagem e paredes diafragma.
Também foram definidas provisões específicas para desapropriações, uma etapa delicada que pode influenciar prazos e custos da obra.
O leilão está agendado para o dia 5 de setembro de 2025, com abertura dos envelopes prevista para 1º de setembro, no pregão da B3, em São Paulo.
Roadshow na Ásia
A primeira rodada de negociações ocorreu em Pequim, onde representantes do governo paulista se reuniram com gigantes do setor, como China Communications Construction Company (CCCC), China Railway Signal & Communication (CRSC), China Railway Rolling Stock Corporation (CRRC) e o Bank of China.
Na sequência, a agenda contempla reuniões em Seul, Coreia do Sul, e Tóquio, Japão, com bancos de desenvolvimento e fundos internacionais voltados a infraestrutura e transportes.
O pacote apresentado inclui, além do túnel submerso Santos-Guarujá, a Parceria Público-Privada do Lote ABC-Guarulhos e o projeto do Trem Intercidades Sorocaba, ampliando as oportunidades para investidores interessados.
PPP lote ABC-Guarulhos
O Lote ABC-Guarulhos abrange as Linhas 10 e 14 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), com investimentos previstos na ordem de R$ 19 bilhões.
Fontes próximas indicam que a CRRC mantém interesse estratégico nesse projeto, especialmente em consórcio com a Comporte, empresa do grupo Constantino.
O leilão do lote também deve ocorrer até o final de 2025, dependendo da resposta dos mercados nacionais e internacionais.
Trem Intercidades Sorocaba
O Trem Intercidades Sorocaba prevê uma linha de alta capacidade para conectar São Paulo e Sorocaba em cerca de 50 minutos, com investimentos estimados em R$ 11,9 bilhões.
Além de reduzir o tempo de viagem, o projeto tem potencial para diminuir congestionamentos nas rodovias, principalmente na Régis Bittencourt, impactando positivamente a qualidade do ar.
O modal ferroviário é apontado como um dos mais sustentáveis, o que reforça seu papel na redução de emissões de gases do efeito estufa na região.
Megaobra tecnológica
O túnel submerso Santos-Guarujá será uma verdadeira megaobra tecnológica, pioneira na América Latina.
Com extensão total de 1,5 km, dos quais 870 metros estarão submersos sob o canal entre Santos e Guarujá, a construção utilizará a técnica de túnel imerso.
Esse método, largamente aplicado em países da Europa e da Ásia, consiste na instalação de módulos pré-fabricados no fundo do leito marinho, exigindo rigorosa engenharia para garantir a estanqueidade e a segurança da estrutura.
Cada módulo, construído em ambiente controlado, será posicionado por rebocadores e soldados no local definitivo, processo que requer precisão milimétrica para evitar vazamentos e garantir a durabilidade da obra.
Impacto na mobilidade
Hoje, a travessia entre Santos e Guarujá é feita por balsas que transportam, em média, 23 mil veículos por dia, além de aproximadamente 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.
O tempo médio de travessia atualmente é de cerca de sete minutos, sujeito a variações e atrasos, especialmente em períodos de alta demanda ou condições meteorológicas adversas.
Com a inauguração do túnel, esse tempo será reduzido para menos de dois minutos, promovendo uma mudança significativa na mobilidade local e regional.
Além disso, o túnel oferecerá maior previsibilidade e segurança, reduzindo riscos de acidentes e otimizando o fluxo de veículos, ciclistas e pedestres.
Benefícios econômicos e ambientais
Durante a fase de construção, a obra deve gerar cerca de 9 mil empregos diretos e indiretos, contribuindo para a economia local e regional.
Na operação, espera-se que o túnel impulsione o turismo, facilite o transporte de cargas e dê suporte à logística portuária, especialmente no Porto de Santos, o maior da América Latina.
A infraestrutura também contribuirá para a diminuição de emissões de gases poluentes na região, com estimativas de redução na ordem de 30% devido à diminuição do tempo de espera e da queima de combustíveis nas balsas.
Disputa entre consórcios
Dois consórcios já manifestaram oficialmente interesse na concessão do túnel: um formado pela Marquise Infraestrutura e a italiana Webuild, e outro liderado pela chinesa China Communications Construction Company (CCCC).
Além deles, a China Railway Rolling Stock Corporation (CRRC), a espanhola Acciona, a portuguesa Mota-Engil, a italiana WeBuild e a brasileira Novonor (ex-Odebrecht) também sinalizaram interesse em participar do certame.
Segundo o ministro estadual Silvio Costa Filho, as empresas chinesas estão dispostas a formar consórcios e enviar propostas até 30 dias após o fim do roadshow, o que intensifica a competição.
Você acredita que a participação dos investidores chineses vai acelerar a execução do túnel submerso Santos-Guarujá ou pode criar entraves por questões estratégicas e políticas?