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Governo amigo? Brasil abriu mão de ganhar R$ 260 BILHÕES em impostos de petroleiras ao promover renúncias fiscais; Petrobras foi a maior beneficiada

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 11/09/2024 às 03:46
Governo amigo? Brasil abriu mão de ganhar R$ 260 BILHÕES em impostos de petroleiras ao promover renúncias fiscais; Petrobras foi a maior beneficiada
Governo amigo? Brasil abriu mão de ganhar R$ 260 BILHÕES em impostos de petroleiras ao promover renúncias fiscais; Petrobras foi a maior beneficiada

Brasil deixou de arrecadar R$ 260 bilhões em impostos de empresas de petróleo e gás. As renúncias fiscais, concentradas em grandes corporações como Petrobras, reacendem o debate sobre a necessidade de uma transição energética urgente e sobre a falta de transparência no uso desses benefícios fiscais.

Se você acha que o Brasil está no caminho certo para a transição energética, pode se surpreender ao saber que uma das maiores indústrias do país, responsável por uma boa parte da riqueza nacional, também é a que mais se beneficia de isenções fiscais.

E não são poucos trocados. Estamos falando de R$ 260 bilhões que deixaram de ser arrecadados em impostos entre 2015 e 2023. Mas por que essa renúncia tão alta? Quais empresas se beneficiaram? E, mais importante, o que o Brasil está ganhando (ou perdendo) com isso?

Segundo levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), 267 empresas de petróleo e gás no Brasil foram agraciadas com renúncias fiscais bilionárias ao longo dos últimos oito anos. Petrobras foi a principal beneficiada, acumulando R$ 117,2 bilhões.

Esse montante é parte de um regime especial chamado Repetro, que foi renovado até 2040, permitindo à indústria petrolífera operar sem o peso de diversos tributos. Isso inclui impostos como PIS, Cofins, IPI e outros.

O ano de 2020 foi especialmente generoso, com renúncias que ultrapassaram R$ 56 bilhões, marcando um recorde histórico.

O curioso é que, mesmo diante de um mundo que caminha para reduzir o uso de combustíveis fósseis, o Brasil optou por ampliar os benefícios fiscais para essa indústria, mantendo os incentivos em alta desde 2017.

Para o Inesc, essa decisão precisa ser repensada, uma vez que a promessa de usar recursos do petróleo para financiar a transição energética não vem se concretizando.

Renúncias fiscais: o Brasil está ganhando ou perdendo?

De acordo com o Inesc, as isenções fiscais foram responsáveis por grandes perdas de arrecadação, principalmente no que se refere a impostos federais e incentivos regionais, como os concedidos pelas superintendências de desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da Amazônia (Sudam).

A Petrobras, maior empresa do setor no Brasil, lidera o ranking das companhias que mais se beneficiaram com essas renúncias, somando R$ 117,2 bilhões, seguida pela Modec Serviços de Petróleo do Brasil, que se beneficiou com R$ 15,3 bilhões, e a Ventura Petróleo, com R$ 8,5 bilhões.

O problema é que, segundo Alessandra Cardoso, assessora política do Inesc, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, essa dependência do petróleo pode representar uma barreira para a transição energética.

“A relação do Brasil com a indústria do petróleo é marcada por uma profunda assimetria de informações e pela falsa promessa de que os recursos oriundos do petróleo financiarão a transição energética”, destaca Alessandra.

ara ela, é urgente que o país desenvolva um plano estratégico que leve em consideração a redução do uso de combustíveis fósseis sem prejudicar a economia e, ao mesmo tempo, estimule as cadeias produtivas de baixo carbono.

Falta de transparência e críticas ao Repetro

Embora as renúncias fiscais sejam justificadas como uma forma de atrair investimentos e garantir competitividade internacional para as empresas brasileiras de petróleo, a transparência dessas renúncias ainda é um ponto de discórdia.

O Inesc criticou a falta de clareza sobre os valores que a Receita Federal deixa de arrecadar especificamente pelo Repetro.

Apesar de os dados serem obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), o fisco alega uma “impossibilidade técnica” para computar detalhadamente as renúncias concedidas no regime.

Essa lacuna de informações levanta questionamentos sobre a real eficiência dessas isenções, sobretudo num momento em que o Brasil enfrenta pressões internas e internacionais para acelerar sua transição energética e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

Empresas transnacionais, como a Modec Serviços de Petróleo do Brasil e a Ventura Petróleo, continuam a acessar uma série de benefícios, tanto no Brasil quanto em suas operações internacionais, o que reforça o caráter vantajoso do Repetro para grandes corporações.

O impacto das renúncias do governo na transição energética

Ainda que as isenções fiscais possam, em tese, aumentar a competitividade das empresas brasileiras de petróleo no mercado global, a pergunta que fica é: até que ponto isso compromete a capacidade do Brasil de promover uma economia mais sustentável?

Para especialistas, o país precisa encontrar um equilíbrio entre manter a competitividade do setor de petróleo e gás e investir em fontes renováveis.

Isso inclui a implementação de políticas públicas que estimulem o desenvolvimento de tecnologias limpas e a criação de novos empregos no setor de energia renovável, para evitar que o Brasil fique para trás na corrida pela descarbonização.

Alessandra Cardoso aponta a necessidade de um planejamento estratégico voltado para a transição energética. Para ela, é crucial que se busque um modelo que preserve empregos e, ao mesmo tempo, reduza as emissões de carbono.

O desafio está em não só atrair investimentos, mas garantir que esses recursos sejam canalizados para áreas que contribuam efetivamente para a mudança da matriz energética.

Empresas que mais se beneficiaram com renúncias fiscais

Entre as empresas que mais se beneficiaram com o Repetro, além da Petrobras, estão nomes como a Modec, Ventura Petróleo e Bram Offshore Transporte Marítimo, que recebeu R$ 6,4 bilhões em isenções.

No total, 10 grandes empresas dominam o topo da lista de renúncias, acumulando cifras bilionárias. Essa concentração de benefícios em poucas empresas reforça o debate sobre a eficácia das políticas fiscais voltadas para o setor de petróleo.

Com toda essa fortuna renunciada e a falta de avanços significativos na transição energética, será que o Brasil está realmente no caminho certo ao dar tantos benefícios fiscais para a indústria petrolífera? Ou o país está perdendo a chance de liderar uma revolução verde antes que seja tarde demais? O que você acha? Comente abaixo!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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