1. Início
  2. / Energia Eólica
  3. / Governo abre consulta pública sobre escolha de áreas de geração eólica offshore
Tempo de leitura 6 min de leitura Comentários 0 comentários

Governo abre consulta pública sobre escolha de áreas de geração eólica offshore

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 15/07/2025 às 13:32
Aerogerador offshore com céu azul parcialmente nublado ao fundo.
Aerogerador instalado no mar em operação sob um céu azul com poucas nuvens.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Conheça a proposta do governo para definir as áreas de geração eólica offshore no Brasil, garantindo energia limpa e ordenamento sustentável do espaço marinho.

Nos últimos anos, a busca por fontes de energia limpa e renovável ganhou ainda mais força. Isso ocorreu não apenas por causa das mudanças climáticas, mas também devido à necessidade de diversificar a matriz energética. Além disso, a pressão global por uma transição energética justa e sustentável aumentou significativamente.

Por isso, o Brasil começa a dar passos mais consistentes no desenvolvimento da energia eólica offshore, ou seja, aquela gerada por turbinas instaladas no mar, fora da costa.

Nesse contexto, o Ministério de Minas e Energia (MME) lançou uma consulta pública com o intuito de ouvir a sociedade e o setor produtivo sobre a metodologia de seleção de áreas de geração eólica offshore. Dessa forma, o governo busca criar um processo transparente, técnico e participativo, que organize o uso do espaço marinho brasileiro de maneira racional e eficiente.

Com isso, os projetos de energia renovável podem se desenvolver com mais segurança e alinhamento às políticas públicas.

Além disso, a proposta estará aberta até o dia 4 de agosto e pode marcar um novo momento para o setor energético nacional.

Ao envolver especialistas, empresas e cidadãos, o governo pretende construir uma base sólida para o crescimento sustentável da geração eólica no mar.

O avanço da energia eólica offshore no Brasil

Embora o Brasil já se destaque na produção de energia eólica em terra firme (onshore), ainda caminha nas iniciativas offshore. Entretanto, a aprovação do marco legal da eólica offshore, em janeiro de 2024, representou um avanço importante.

A partir disso, o país passou a contar com uma legislação mais clara, que oferece segurança jurídica, técnica e ambiental. Assim, os projetos no mar podem avançar com mais confiança.

Além disso, a energia eólica offshore apresenta vantagens significativas. Por exemplo, os ventos no mar são mais fortes e constantes, o que aumenta a eficiência na geração de eletricidade. Adicionalmente, os projetos offshore podem ser instalados longe de áreas urbanas, o que reduz impactos visuais e sonoros.

Nesse cenário, o MME propôs uma escuta pública para definir critérios técnicos e sociais que orientem a escolha das áreas de geração eólica offshore. O objetivo consiste em garantir o uso equilibrado do espaço marinho, respeitando aspectos ambientais e o interesse público.

As águas territoriais brasileiras oferecem grande potencial, mas também abrigam diversas atividades, como pesca, turismo e transporte marítimo. Por isso, o planejamento precisa identificar os locais mais adequados para receber turbinas eólicas.

O papel do Planejamento Espacial Marinho

Uma metodologia bem estruturada acelera o desenvolvimento dos projetos eólicos, evita conflitos, reduz custos e atrai investimentos. Com isso, os empreendedores passam a contar com maior previsibilidade jurídica e técnica.

Diante disso, o governo brasileiro iniciou a implementação do Planejamento Espacial Marinho (PEM), com o objetivo de organizar os diferentes usos do mar. Nesse contexto, a escolha correta das áreas de geração eólica offshore se torna essencial para garantir sustentabilidade e eficiência no uso dos recursos naturais.

Esse planejamento também protege os ecossistemas marinhos. Quando bem implantada, a energia eólica offshore pode coexistir com outras atividades econômicas. Consequentemente, ela ajuda a preservar a biodiversidade local.

Assim sendo, o equilíbrio entre uso e conservação representa um dos maiores desafios — e também uma das maiores oportunidades — desse setor.

Histórico dos projetos eólicos offshore no país

A partir de 2019, empresas começaram a apresentar projetos de geração eólica offshore ao Ibama. Desde então, a quantidade de propostas aumentou consideravelmente.

Até 2024, o setor já contava com 104 projetos cadastrados, somando 247,35 gigawatts de capacidade instalada em pedidos de licenciamento.

Os anos de 2021 e 2022 registraram os maiores avanços. Em 2023, a Petrobras liderou os pedidos. Já em 2024, o setor aguardava maior clareza regulatória, o que explica o ritmo mais lento.

Com a nova legislação e a consulta pública, o governo pretende resolver esse entrave.

Em março de 2024, o Ibama incluiu na lista o projeto da Arpoador Consultoria Energética, com 2,79 GW de capacidade no Rio Grande do Sul.

Esse movimento reforça o interesse crescente do setor privado nas áreas de geração eólica offshore. Logo, o poder público precisa organizar esse avanço com mais planejamento.

O que está em discussão na consulta pública

O MME, com apoio técnico da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e da Secretaria Nacional de Transição Energética, desenvolveu a proposta metodológica colocada em consulta.

Com base em estudos técnicos e dados ambientais, o governo estruturou critérios para identificar as áreas mais apropriadas.

A metodologia considera diversos fatores:

intensidade e constância dos ventos;

profundidade e perfil do fundo marinho;

distância da costa;

presença de áreas protegidas ou sensíveis;

conflitos com atividades já existentes.

Dessa maneira, o país consegue tomar decisões mais estratégicas e evita sobreposições entre projetos e atividades tradicionais.

Portanto, o tempo de licenciamento pode diminuir, os conflitos se tornam mais raros e os investidores se sentem mais seguros para apostar no setor.

Participação da sociedade e próximos passos

A consulta pública permanece aberta até 4 de agosto. Durante esse período, cidadãos, universidades, organizações e empresas podem enviar sugestões pelo portal do MME ou pela plataforma Participa + Brasil.

Após o encerramento, o governo analisará as contribuições e ajustará a proposta, se necessário. Em seguida, o MME dará início aos procedimentos de cessão de uso das áreas marítimas, permitindo a realização dos primeiros leilões e contratos de longo prazo.

Esse processo abre espaço para uma governança mais inclusiva, onde diferentes vozes contribuem com a definição de políticas energéticas.

Isso fortalece o planejamento, torna o setor mais confiável e impulsiona a geração de energia renovável no Brasil.

O futuro das áreas de geração eólica offshore

O litoral brasileiro oferece condições ideais para expandir a geração eólica offshore. Estudos da EPE indicam que as regiões Nordeste e Sul possuem o maior potencial.

Com os investimentos certos, o país pode se tornar referência mundial nessa fonte de energia limpa.

Além disso, as áreas de geração eólica offshore abrem novas oportunidades econômicas. Elas criam empregos, fortalecem cadeias produtivas e estimulam centros de pesquisa e inovação.

Esse tipo de energia também ajuda o Brasil a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e a cumprir compromissos ambientais.

Assim, o país consegue alinhar desenvolvimento econômico com responsabilidade climática. Com regulamentação em avanço e participação da sociedade, o Brasil pode liderar uma nova era na geração de energia sustentável no mar.

YouTube Video
Análise: a regulamentação da energia eólica offshore no Brasil | WW – CNN Brasil

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x