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Google desenvolveu um sistema que utiliza os acelerômetros de milhões de telefones Android para detectar terremotos

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 21/07/2025 às 21:16
terremotos, Google, Android
Foto: Reprodução
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O Google transformou celulares Android em sensores de terremoto. Com tecnologia que usa o acelerômetro dos aparelhos, o sistema já está ativo em 98 países e envia alertas sísmicos segundos antes do tremor começar.

O Google desenvolveu um sistema que transforma celulares Android em sensores de terremoto. A tecnologia, chamada Android Earthquake Alert (AEA), já está ativa em 98 países e é capaz de emitir alertas sísmicos até um minuto antes do tremor.

A proposta é simples: aproveitar os acelerômetros dos celulares para detectar movimentos no solo e avisar as pessoas com antecedência.

Como funciona a detecção via celular

O sistema utiliza o acelerômetro presente em milhões de telefones Android. Esse sensor, geralmente usado para girar a tela ou contar passos, também consegue captar sinais de ondas sísmicas.

Quando um celular detecta uma aceleração suspeita, envia os dados para os servidores do Google.

Se vários aparelhos registrarem o mesmo padrão de movimento ao mesmo tempo e local, o sistema considera que um terremoto está ocorrendo.

Em seguida, emite um alerta por meio de notificação push — sem exigir a instalação de nenhum aplicativo adicional.

Alertas rápidos e automáticos

O alerta chega entre 5 e 60 segundos antes do tremor, tempo suficiente para buscar abrigo ou sair de áreas perigosas.

Os avisos aparecem mesmo com o telefone no modo silencioso. A notificação inclui informações como intensidade estimada e recomendações como “proteja-se” ou “afaste-se das estruturas”.

Tudo acontece de forma automática. Basta que o usuário tenha um celular Android com sistema operacional a partir do Android 5.0, os serviços do Google Play atualizados, localização ativada (mesmo no modo “somente dispositivo”) e acesso à internet via rede móvel ou Wi-Fi.

Resultados já registrados

De 2021 a 2024, o sistema Android Earthquake Alert emitiu 1.279 alertas. Um dos casos mais marcantes foi o terremoto de magnitude 7,8 na Turquia e na Síria, em fevereiro de 2023. Na ocasião, mais de 500 mil pessoas receberam avisos antecipados.

Apesar disso, o sistema enfrentou falhas. O algoritmo subestimou a magnitude do evento, o que limitou o alcance dos alertas iniciais. Após análise, o Google atualizou o algoritmo. Com os novos ajustes, o mesmo terremoto poderia gerar até 10 milhões de alertas imediatos.

Baixo índice de falsos alarmes

Um dos destaques da tecnologia é a precisão. Em mais de 1.200 eventos detectados, apenas três geraram alarmes falsos. Dois desses erros foram causados por tempestades que confundiram os sensores. Esse baixo índice de erro é essencial para manter a confiança do usuário e evitar saturação de avisos.

O sistema não pretende substituir os sistemas nacionais, mas funciona como um complemento importante — principalmente em regiões onde não existem estruturas de alerta precoce.

Cobertura em quase 100 países

O Android Earthquake Alert já está em operação em 98 países. Embora o Google não tenha divulgado uma lista oficial completa, há confirmações em várias regiões do mundo. Na América Latina, o sistema opera no México e em países como El Salvador, Guatemala, Costa Rica e Nicarágua, por meio de iniciativas apoiadas pelo Google.

Na América do Norte, está ativo nos Estados Unidos e Canadá. Na Europa, há registros de operação ou testes na Grécia, Itália, Romênia, Espanha, Suíça, França, Alemanha, Áustria, Holanda, Bulgária, Luxemburgo, Lituânia, Noruega e Dinamarca.

Na Ásia, países como Filipinas, Japão, Taiwan, Coreia do Sul, Israel, Índia e China já utilizam ou testam o sistema. Também está presente em nações da Ásia Central, como Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão. Na Oceania, a Nova Zelândia é um dos países com o serviço em funcionamento.

Países que já têm sistemas nacionais, como Japão e Itália, podem usar o Android Earthquake Alert como apoio ou em fase de testes.

Tecnologia como ferramenta de proteção

A grande vantagem da AEA é sua capacidade de formar uma rede sísmica distribuída a partir de aparelhos já existentes.

Em regiões sem infraestrutura de detecção, milhões de celulares se tornam uma malha de sensores, capazes de coletar e compartilhar dados em tempo real.

Atualmente, o sistema emite cerca de 60 alertas por mês e alcança aproximadamente 18 milhões de usuários no mundo.

Esses números indicam um uso crescente e uma tendência de expansão da tecnologia, especialmente em áreas com risco sísmico elevado.

Mesmo sem sensores físicos instalados no solo, o Android Earthquake Alert já salvou vidas e continua evoluindo.

Com algoritmos cada vez mais precisos e cobertura crescente, o sistema amplia a proteção de milhões de pessoas, transformando um simples celular em um aliado poderoso diante de desastres naturais.

Estudo publicado em Science.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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