O Google transformou celulares Android em sensores de terremoto. Com tecnologia que usa o acelerômetro dos aparelhos, o sistema já está ativo em 98 países e envia alertas sísmicos segundos antes do tremor começar.
O Google desenvolveu um sistema que transforma celulares Android em sensores de terremoto. A tecnologia, chamada Android Earthquake Alert (AEA), já está ativa em 98 países e é capaz de emitir alertas sísmicos até um minuto antes do tremor.
A proposta é simples: aproveitar os acelerômetros dos celulares para detectar movimentos no solo e avisar as pessoas com antecedência.
Como funciona a detecção via celular
O sistema utiliza o acelerômetro presente em milhões de telefones Android. Esse sensor, geralmente usado para girar a tela ou contar passos, também consegue captar sinais de ondas sísmicas.
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Quando um celular detecta uma aceleração suspeita, envia os dados para os servidores do Google.
Se vários aparelhos registrarem o mesmo padrão de movimento ao mesmo tempo e local, o sistema considera que um terremoto está ocorrendo.
Em seguida, emite um alerta por meio de notificação push — sem exigir a instalação de nenhum aplicativo adicional.
Alertas rápidos e automáticos
O alerta chega entre 5 e 60 segundos antes do tremor, tempo suficiente para buscar abrigo ou sair de áreas perigosas.
Os avisos aparecem mesmo com o telefone no modo silencioso. A notificação inclui informações como intensidade estimada e recomendações como “proteja-se” ou “afaste-se das estruturas”.
Tudo acontece de forma automática. Basta que o usuário tenha um celular Android com sistema operacional a partir do Android 5.0, os serviços do Google Play atualizados, localização ativada (mesmo no modo “somente dispositivo”) e acesso à internet via rede móvel ou Wi-Fi.
Resultados já registrados
De 2021 a 2024, o sistema Android Earthquake Alert emitiu 1.279 alertas. Um dos casos mais marcantes foi o terremoto de magnitude 7,8 na Turquia e na Síria, em fevereiro de 2023. Na ocasião, mais de 500 mil pessoas receberam avisos antecipados.
Apesar disso, o sistema enfrentou falhas. O algoritmo subestimou a magnitude do evento, o que limitou o alcance dos alertas iniciais. Após análise, o Google atualizou o algoritmo. Com os novos ajustes, o mesmo terremoto poderia gerar até 10 milhões de alertas imediatos.
Baixo índice de falsos alarmes
Um dos destaques da tecnologia é a precisão. Em mais de 1.200 eventos detectados, apenas três geraram alarmes falsos. Dois desses erros foram causados por tempestades que confundiram os sensores. Esse baixo índice de erro é essencial para manter a confiança do usuário e evitar saturação de avisos.
O sistema não pretende substituir os sistemas nacionais, mas funciona como um complemento importante — principalmente em regiões onde não existem estruturas de alerta precoce.
Cobertura em quase 100 países
O Android Earthquake Alert já está em operação em 98 países. Embora o Google não tenha divulgado uma lista oficial completa, há confirmações em várias regiões do mundo. Na América Latina, o sistema opera no México e em países como El Salvador, Guatemala, Costa Rica e Nicarágua, por meio de iniciativas apoiadas pelo Google.
Na América do Norte, está ativo nos Estados Unidos e Canadá. Na Europa, há registros de operação ou testes na Grécia, Itália, Romênia, Espanha, Suíça, França, Alemanha, Áustria, Holanda, Bulgária, Luxemburgo, Lituânia, Noruega e Dinamarca.
Na Ásia, países como Filipinas, Japão, Taiwan, Coreia do Sul, Israel, Índia e China já utilizam ou testam o sistema. Também está presente em nações da Ásia Central, como Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão. Na Oceania, a Nova Zelândia é um dos países com o serviço em funcionamento.
Países que já têm sistemas nacionais, como Japão e Itália, podem usar o Android Earthquake Alert como apoio ou em fase de testes.
Tecnologia como ferramenta de proteção
A grande vantagem da AEA é sua capacidade de formar uma rede sísmica distribuída a partir de aparelhos já existentes.
Em regiões sem infraestrutura de detecção, milhões de celulares se tornam uma malha de sensores, capazes de coletar e compartilhar dados em tempo real.
Atualmente, o sistema emite cerca de 60 alertas por mês e alcança aproximadamente 18 milhões de usuários no mundo.
Esses números indicam um uso crescente e uma tendência de expansão da tecnologia, especialmente em áreas com risco sísmico elevado.
Mesmo sem sensores físicos instalados no solo, o Android Earthquake Alert já salvou vidas e continua evoluindo.
Com algoritmos cada vez mais precisos e cobertura crescente, o sistema amplia a proteção de milhões de pessoas, transformando um simples celular em um aliado poderoso diante de desastres naturais.
Estudo publicado em Science.