Após demissões, empresa adota política mais rígida e oferece ajuda de custo para quem aceitar modelo híbrido e mudar-se para perto das unidades.
O Google está alterando novamente sua política de recursos humanos e, após realizar demissões em áreas estratégicas como Pixel e Android, anunciou uma nova medida que afeta diretamente seu quadro de colaboradores: o fim do home office para parte dos funcionários. A mudança impõe o retorno ao modelo híbrido com exigência de presença no escritório por pelo menos três dias por semana.
A decisão, considerada polêmica dentro e fora da empresa, foi confirmada por Courtenay Mencini, porta-voz do Google, em entrevista à emissora CNBC. Ela destacou que o trabalho presencial será aplicado em nível de equipe, e não como regra única para todos os setores. No entanto, não foram especificadas quais áreas da empresa seguirão com a exigência de retorno ao escritório.
Política interna da Google reforça volta gradual ao presencial
Desde o fim da pandemia, diversas empresas vêm reajustando suas políticas de trabalho remoto. No caso do Google, a mudança indica uma preferência clara por interações presenciais, sob o argumento de que são mais eficazes para fomentar inovação e resolver questões complexas de forma colaborativa.
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“A colaboração presencial é fundamental para a inovação”, declarou a empresa, reafirmando sua aposta no ambiente de escritório como espaço essencial para a dinâmica criativa e a integração das equipes.
Reestruturação após demissões e revisão de contratos
A nova política chega em meio a um cenário de reestruturação interna. Recentemente, o Google promoveu cortes em divisões importantes, afetando profissionais ligados ao desenvolvimento de hardware e software — áreas antes consideradas prioritárias.
Agora, com a exigência de retorno físico parcial ao trabalho, a empresa também está revisando contratos firmados em regime 100% remoto, assinados durante os anos de pandemia. De acordo com documentos internos, funcionários que trabalham à distância receberam comunicados com duas opções: aderir ao modelo híbrido ou aceitar um pacote de desligamento voluntário.
Google oferece auxílio financeiro para mudança
Para tentar amenizar os impactos da nova política, o Google informou que funcionários que aceitarem o modelo híbrido e residem a mais de 80 quilômetros do escritório terão direito a um auxílio financeiro para mudança de domicílio.
O objetivo, segundo a empresa, é permitir que os colaboradores se estabeleçam mais perto das unidades onde atuarão presencialmente. A medida busca evitar demissões compulsórias e incentivar a permanência dos profissionais em suas funções, ainda que em um novo formato.
Apesar disso, muitos funcionários demonstraram resistência à proposta. Durante o período de home office integral, muitos se mudaram para cidades mais distantes, atraídos por custos de vida mais baixos e maior qualidade de vida. A exigência de retorno presencial, mesmo que parcial, pode agora gerar dificuldades logísticas e contratuais para esses trabalhadores.
Vínculo com novas oportunidades internas
Outro ponto importante da nova diretriz está relacionado à movimentação interna de pessoal. Mesmo nos casos em que o contrato remoto for mantido, a empresa deixou claro que novas candidaturas internas a outros cargos dependerão da aceitação das regras de retorno ao presencial.
Isso significa que, para crescer dentro do Google ou trocar de área, os colaboradores deverão se adaptar ao modelo híbrido, mesmo que a função anterior tenha sido executada de forma remota por anos.
Reflexo da decisão da Google no mercado de trabalho
A decisão do Google é vista por analistas como um sinal de mudança mais ampla no mercado de trabalho global. A flexibilização promovida durante a pandemia, que levou milhares de empresas a adotarem modelos remotos e híbridos, agora passa por revisão. Grandes corporações têm retomado estratégias mais tradicionais, exigindo presença física em escritórios e reorganizando suas políticas internas.
Empresas como Meta, Amazon e Apple também anunciaram diretrizes similares, reafirmando que, embora a tecnologia permita o trabalho à distância, o convívio presencial favorece a cultura organizacional, a troca de ideias e o engajamento entre equipes.
Para especialistas em gestão corporativa, o retorno parcial pode ser uma tentativa de recuperar o senso de pertencimento e identidade coletiva, elementos que teriam sido enfraquecidos durante o período de isolamento.
O futuro do trabalho no setor de tecnologia
Com o anúncio do Google, crescem os debates sobre o futuro do modelo de trabalho nas empresas de tecnologia. O home office, antes considerado uma conquista para muitos profissionais, passa a ser revisto diante de novas metas de produtividade, integração e segurança de dados.
A movimentação do Google, um dos principais nomes do setor, tende a influenciar outras empresas, principalmente aquelas que seguem seus padrões de gestão e inovação. A discussão agora gira em torno de como conciliar flexibilidade, engajamento e eficiência dentro de estruturas cada vez mais complexas e globais.
Fonte: Xataka