Após sair do Chapter 11, Gol reforça caixa e prepara expansão da frota com Boeing 737 MAX; Abra Group assume controle de 80% e fusão com Azul segue em avaliação
A Gol Linhas Aéreas concluiu em 6 de junho de 2025 o processo de recuperação judicial sob o Chapter 11 nos EUA, marcando o fim de um período de ajustes intensos e o início de uma nova fase operativa. Acabou de receber US$ 1,9 bilhão em financiamento de saída e hoje dispõe de US$ 900 milhões em caixa — recursos que permitem não só quitar compromissos como impulsionar investimentos estratégicos.
O montante foi captado por meio de aporte de fundos como Castlelake e Elliott (US$ 1,25 bilhão), oferta de direitos (US$ 570 milhões) e recursos próprios (US$ 30 milhões). Cerca de US$ 1,6 bilhão de dívidas anteriores foram convertidos ou liquidados, o que reduziu o índice de alavancagem para cerca de 5,4×, com meta de 2,9× até o fim de 2027.
Frota em renovação com Boeing 737 MAX e Embraer sob avaliação
Com mais de 50 revisões de motor realizadas em 2024, a Gol aguarda cinco Boeing 737 MAX ainda neste ano, parte de seu plano de modernização. A companhia também estuda a introdução de aeronaves regionais da Embraer, para fortalecer a malha de destinos menores . Segundo o CEO Celso Ferrer, o Chapter 11 foi um “reset” que reorienta investimentos de forma criteriosa, sem pressas: a expectativa é recuperar o nível pré-pandemia até 2026, após incremento de 8% a 9% na capacidade doméstica ainda em 2025.
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A retomada da malha internacional passa por conexões estratégicas, como entre a Flórida e o extremo sul da Argentina, reduzindo a dependência do mercado doméstico . A estratégia ajuda a proteger a Gol contra exposição cambial e assegurar resiliência frente aos desafios econômicos internos.
Em paralelo, o Abra Group — que já controla a Avianca — elevou sua participação na Gol de aproximadamente 54% para cerca de 80%. Como parte do reposicionamento, Antonio Kandir assumiu como vice-presidente e Manuel Irarrázaval Aldunate entrou no conselho, substituindo Ricardo Constantino e Paul Aronzon. Para Adrian Neuhauser, da Abra, esta reestruturação deixa a companhia “em posição mais competitiva e sustentável, com caixa sólido e custos mais eficientes”.
Discreta negociação com Azul
Gol e Azul firmaram em janeiro um memorando de entendimento via Abra para avaliar eventual fusão, mas o processo se mantém cauteloso, especialmente após a Azul ter ingressado em Chapter 11 em maio. Ferrer ressaltou que a viabilidade da união será avaliada conforme benefício real em redes de rotas e sinergias financeiras . Analistas regulatórios apontam risco de concentração de até 60% do mercado doméstico, o que aumentará o escrutínio do CADE.
Próximos movimentos da Gol
A expectativa agora foca em quatro frentes: recepção das cinco aeronaves MAX em 2025; recuperação gradual da malha doméstica; expansão cuidadosa para rotas internacionais; e o curso das conversas com a Azul sob supervisão regulatória. A trajetória da alavancagem será determinante para avaliar a evolução pós-reestruturação.
Gol hoje retoma a aviação sob os parâmetros da execução estratégica: caixa saudável, frota moderna e comando consolidado pelo Abra. Esse tripé formará o suporte para que a empresa enfrente o futuro com credibilidade e consistência operacional.