Marfrig e Minerva disputam frigoríficos no Uruguai em meio a barreiras comerciais dos EUA, decisão antitruste e impacto estratégico no mercado
A Marfrig e a Minerva travam uma disputa intensa por frigoríficos de carne bovina no Uruguai. Essas unidades ganharam valor estratégico, porque as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos do Brasil aumentaram a relevância de ativos fora do território brasileiro.
Na sexta-feira (29), a Marfrig, sediada em São Paulo, informou que o acordo de venda de três plantas frigoríficas para a rival foi encerrado automaticamente.
Segundo a companhia, a Minerva não conseguiu obter a aprovação antitruste dentro do prazo de dois anos estabelecido em contrato.
-
Crise na CLT gera escassez de trabalhadores?indústria e construção não conseguem preencher vagas, padarias instalam robôs e supermercados acumulam filas
-
Meta fiscal zero já virou ilusão: TCU aponta déficit bilionário, critica mudanças no IOF e pressiona Haddad a cortar gastos imediatos
-
Trump anuncia novas tarifas de até 100% sobre medicamentos, móveis e caminhões pesados e promete proteger indústria dos EUA por segurança nacional
-
Brasil, México e Canadá elevam tarifas contra aço chinês e tentam recuperar espaço perdido no mercado
Contestação da Minerva
Em resposta, a Minerva afirmou em comunicado separado que o “acordo permanece em pleno vigor e efeito”. A divergência entre as duas empresas mostra que a disputa está longe de terminar.
As autoridades antitruste do Uruguai bloquearam a transação. A justificativa foi o risco de a Minerva concentrar poder excessivo no mercado de gado do país. Portanto, a empresa entrou com recurso contra a decisão.
Importância estratégica
As plantas uruguaias se tornaram mais significativas para os dois grupos. Além disso, a pressão das barreiras comerciais impostas pelo presidente Donald Trump às exportações brasileiras aumenta o peso da operação.
Se o acordo fechado em 2023 fosse concluído, a Marfrig teria menor capacidade de produção fora do Brasil. Isso ampliaria sua exposição às tarifas dos Estados Unidos.
Já a Minerva, que possui operações no Paraguai e na Argentina, ganharia maior flexibilidade para enfrentar os novos custos.
Exportações para os EUA
A subsidiária da Marfrig, a National Beef, figura entre os maiores fornecedores de carne bovina dos Estados Unidos. De acordo com dados da IHS Markit Customs, a empresa importa carne diretamente do Uruguai.
A Minerva também envia volumes expressivos de carne bovina uruguaia para o mercado norte-americano.
Reações e mercado
Procurada, a comissão antitruste uruguaia não respondeu a pedidos de comentários. Enquanto isso, o mercado reagiu.
As ações da Marfrig subiram até 6,1% na bolsa de São Paulo. Já a Minerva chegou a avançar 2%, mas perdeu fôlego e devolveu os ganhos.
As informações são do portal Bloomberg Línea.
O mercado uruguaio seria um trampolim pra carne brasileira entrar no mercado americano.