Venda da Mosaic em Patos de Minas (MG) reforça reestruturação global da companhia e abre caminho para grupo brasileiro reativar mina estratégica no Cerrado
A multinacional americana The Mosaic Company, uma das maiores produtoras globais de fertilizantes fosfatados e potássicos, anunciou a conclusão da venda de sua unidade de mineração de fosfato desativada em Patos de Minas (MG), segundo a Compre Rural.
O ativo foi adquirido pela empresa Fosfatados Centro SPE Ltda. por US$ 111 milhões, em uma operação que marca mais um passo na reestruturação do mercado de insumos agrícolas no Brasil.
De acordo com comunicado oficial divulgado pela própria Mosaic em 6 de outubro de 2025, US$ 51 milhões foram pagos no fechamento do negócio, e o valor restante será quitado ao longo dos próximos quatro anos.
O acordo inclui a transferência da mina, das barragens de rejeitos e das licenças associadas, o que garante à nova controladora o controle integral da operação.
“A decisão faz parte da nossa estratégia global de otimização de portfólio, permitindo realocar capital para áreas de maior retorno”, afirmou Karen Swager, vice-presidente executiva de Operações da Mosaic.
-
Produção de cana no Nordeste recebe incentivo do PGPAF com novos bônus, descontos para agricultores familiares e apoio financeiro via Pronaf
-
Brasil promete liderança verde global, mas continua entre os maiores consumidores de agrotóxicos do planeta e libera centenas de produtos banidos na Europa em plena era da sustentabilidade
-
Com 7.400 km de litoral e um dos maiores reservatórios de água doce do planeta, o Brasil depende de peixes importados do Vietnã e do Chile enquanto a pesca artesanal afunda na falta de incentivo e políticas públicas
-
Produção de algodão no Mato Grosso fortalece sustentabilidade no agro com crédito verde, recuperação ambiental e ampliação das áreas produtivas
A companhia estima registrar um lucro contábil entre US$ 80 e US$ 90 milhões no quarto trimestre de 2025, resultado direto dessa transação.
Nova controladora promete reativar a produção e atender o Cerrado
Sob o comando do empresário Rodolfo Galvani Júnior, a Fosfatados Centro SPE Ltda. pretende reativar o complexo mineiro de Patos de Minas, que estava desativado desde 2018.
O objetivo é voltar a produzir fertilizantes fosfatados personalizados voltados à agricultura tropical, especialmente para o Cerrado e a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), polos que mais crescem no agronegócio nacional.
Segundo a empresa, o projeto está alinhado ao Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), criado pelo governo federal, que busca reduzir a dependência externa de insumos agrícolas — hoje acima de 80% — e aumentar a produção nacional até 2050.
“Queremos produzir no Brasil o fertilizante que o Cerrado precisa, com tecnologia nacional, sustentabilidade e geração de empregos locais”, declarou Galvani Júnior.
A expectativa é que a reativação movimente a economia regional, gere centenas de empregos diretos e indiretos e reforce o fornecimento doméstico de nutrientes agrícolas — uma necessidade estratégica para o país.
Setor de fertilizantes vive momento de transformação
O mercado mundial de fertilizantes atravessa um período de grandes ajustes. A alta nos preços de amônia e enxofre, somada a tensões geopolíticas e à busca global por cadeias de suprimento mais seguras, está levando empresas a reverem estratégias e priorizarem operações mais rentáveis.
A Mosaic segue essa linha de racionalização. Antes da venda de Patos de Minas, a companhia já havia anunciado, em agosto, a negociação de sua subsidiária Mosaic Potássio Mineração para a VL Mineração, por até US$ 27 milhões, envolvendo a mina de Taquari-Vassouras, em Rosário do Catete (SE).
Essas operações indicam uma mudança de foco global, com a Mosaic priorizando regiões de alto retorno econômico e liberando ativos no Brasil para grupos locais, que passam a ter mais protagonismo na produção nacional.
Importância estratégica da unidade mineira
A mina de Patos de Minas tem histórico relevante para o agronegócio brasileiro. Durante décadas, foi uma das principais fontes de fosfato — um insumo essencial para o desenvolvimento de lavouras e para o crescimento da produtividade agrícola.
Com a nova controladora, o local deve receber modernização tecnológica, novas práticas de gestão ambiental e aumento na eficiência do aproveitamento mineral.
A Fosfatados Centro já sinalizou que adotará tecnologias de beneficiamento mais limpas, com menor emissão de rejeitos e reaproveitamento de água, além de integrar soluções digitais para controle da produção.
Se concretizado, o projeto poderá transformar a unidade em referência nacional de mineração sustentável.
Para o governo federal, esse tipo de operação é crucial para alcançar as metas do Plano Nacional de Fertilizantes, lançado em 2022, que visa reduzir gradualmente a dependência externa e fortalecer a autossuficiência brasileira no setor.
Mosaic e sua trajetória no Brasil
A presença da Mosaic no Brasil se consolidou em 2018, com a aquisição da Vale Fertilizantes, operação que transformou a companhia em uma das maiores fornecedoras de insumos agrícolas da América Latina.
Desde então, a empresa passou a atuar em toda a cadeia — da extração ao fornecimento direto aos produtores rurais.
Com a venda da unidade mineira, a Mosaic reforça seu foco em operações mais produtivas e sustentáveis, alinhadas a sua estratégia global de competitividade e inovação, especialmente nos segmentos de fosfato e potássio.
Panorama da operação:
| Detalhe | Informação |
| Unidade vendida | Mina de fosfato em Patos de Minas (MG) |
| Valor total | US$ 111 milhões |
| Pagamento inicial | US$ 51 milhões |
| Prazo de quitação | 4 anos |
| Nova controladora | Fosfatados Centro SPE Ltda. |
| Lucro contábil estimado | US$ 80 a 90 milhões |
| Situação anterior | Unidade desativada desde 2018 |
| Estratégia da Mosaic | Realocar capital e priorizar áreas de maior retorno |
| Objetivo da compradora | Retomar produção e atender agricultura do Cerrado |
Um novo capítulo para o agronegócio nacional
A venda da unidade da Mosaic em Patos de Minas é mais do que uma transação financeira: representa um movimento estratégico que pode alterar o equilíbrio da indústria de fertilizantes no Brasil.
Ao colocar o controle nas mãos de uma empresa nacional, abre-se a oportunidade de fortalecer a produção interna, fomentar inovação tecnológica e reduzir a vulnerabilidade do país às importações.
Para o agronegócio, a notícia é positiva. Mas fica a dúvida: o Brasil conseguirá transformar essas aquisições em autossuficiência real ou continuará dependente do mercado externo?
Deixe sua opinião nos comentários.


Seja o primeiro a reagir!