Em um dos maiores negócios do setor de bebidas dos últimos anos, a Keurig Dr Pepper desembolsa US$ 18,4 bilhões pela JDE Peet’s, dona do café Pilão, em uma estratégia ousada para expandir seu domínio global e competir diretamente com a Nestlé
A segunda-feira (25) marcou um dos maiores movimentos corporativos do setor de bebidas dos últimos anos. A norte-americana Keurig Dr Pepper anunciou a aquisição da holandesa JDE Peet’s, dona do tradicional café Pilão, em um acordo avaliado em US$ 18,4 bilhões.
O negócio não só movimenta o mercado europeu, como também redesenha as forças globais do setor, colocando a companhia americana em rota direta de colisão com a gigante Nestlé, fabricante do Nescafé.
Trata-se de uma das maiores aquisições na Europa nos últimos dois anos, confirmando que o mercado de café segue em plena expansão. No Brasil, o impacto é imediato: além do Pilão, a JDE Peet’s controla marcas queridas como Café do Ponto, L’OR e Caboclo.
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Estratégia para se tornar potência global
A compra deixa clara a ambição da Keurig Dr Pepper: ser uma potência global no mercado de café. Até agora, a empresa era mais conhecida nos EUA por refrigerantes como Dr Pepper e 7Up.
Com o Pilão e outras marcas em mãos, a companhia amplia seu alcance e entra de forma mais agressiva em um dos setores mais lucrativos do mundo.
O acordo prevê a divisão da JDE Peet’s em duas companhias listadas na bolsa:
- Global Coffee Co., dedicada ao portfólio de cafés.
- Beverage Co., responsável pelas bebidas refrescantes.
A liderança será de nomes experientes: Tim Cofer, atual CEO da Keurig, ficará à frente da Global Coffee Co., enquanto Sudhanshu Priyadarshi, diretor financeiro, comandará a Beverage Co.
Esse modelo de gestão dá foco total ao café como prioridade estratégica, algo fundamental para enfrentar a Nestlé em mercados emergentes, como o Brasil e a América Latina.
Mercado e números que impressionam
O tamanho da jogada chama atenção. Hoje, a Keurig Dr Pepper vale cerca de US$ 48 bilhões no mercado, enquanto a JDE Peet’s, listada em Amsterdã, está avaliada em 12,76 bilhões de euros.
As ações da Keurig subiram quase 10% em 2025, impulsionadas pelo desempenho nas vendas de bebidas. Já as da JDE Peet’s praticamente dobraram, apoiadas por receitas estáveis e uma estratégia mais voltada ao retorno dos acionistas.
Outro ponto-chave é a presença da holding alemã JAB, acionista majoritária da JDE Peet’s e também investidora da Keurig Dr Pepper. Essa ligação cria um cenário de sinergias naturais entre as empresas, fortalecendo a integração global.
O que muda para o consumidor brasileiro?
No Brasil, o café é mais do que bebida: é cultura. Por isso, a movimentação levanta a pergunta: haverá impacto no preço ou na qualidade do Pilão, Café do Ponto, L’OR e Caboclo?
A expectativa inicial é positiva. A injeção de capital e a estratégia global devem fortalecer as marcas, ampliar investimentos em marketing, inovação e modernizar a distribuição.
O consumidor pode esperar maior diversidade de produtos, embalagens mais atrativas e até a chegada de novas linhas internacionais sob o controle dada Keurig Dr Pepper. Ainda é cedo para prever preços, mas a concorrência estimulada por uma aquisição desse porte costuma favorecer quem compra.
Um setor em ebulição
O movimento confirma que o setor de aquisições em alimentos e bebidas segue aquecido. O café, em especial, vive um momento de alta valorização global, puxado pela demanda crescente e pelo fortalecimento cultural da bebida.
Se por um lado o consumidor ganha mais opções, por outro, a disputa entre Nestlé e Keurig Dr Pepper promete ser acirrada. Cada xícara passa a ser palco de uma guerra silenciosa de marcas, preços e inovação.
Você acredita que a concorrência pode melhorar a qualidade e os preços ou teme que a concentração de marcas reduza as opções?
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