O mercado de trabalho vive um momento de transformação, e os recrutadores sentem isso na prática. Histórias recentes revelam como a relação entre empresas e jovens candidatos está mudando, com dificuldades no processo de contratação e manutenção de funcionários.
Nos últimos anos, o mercado de trabalho vem enfrentando mudanças no perfil dos candidatos. Profissionais de recrutamento afirmam que encontrar e manter funcionários qualificados está se tornando um desafio, especialmente entre jovens da chamada Geração Z.
Essa percepção vem sendo reforçada por relatos de quem lida diretamente com seleção e contratação de pessoal.
O mais importante, segundo esses relatos, é que o problema não estaria ligado apenas à rotatividade natural.
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Muitos apontam desinteresse, baixa qualificação e queda na produtividade como fatores que dificultam a permanência dos jovens nos cargos.
A questão levanta dúvidas sobre até que ponto é responsabilidade do empregador ou do próprio funcionário.
Expectativas no início da carreira
Um dos pontos destacados por quem já passou por esse momento é que, para muitos jovens, a motivação inicial nem sempre está na construção de uma carreira sólida.
Há quem admita que, ao entrar no mercado de trabalho, pensava primeiro nos benefícios imediatos, como rescisão contratual e seguro-desemprego, em vez de evoluir profissionalmente dentro da empresa.
Esse tipo de mentalidade, na visão de alguns recrutadores, contribui para que as empresas precisem repor constantemente seu quadro de funcionários.
Como uma empresa precisa manter produtividade e resultados, não é viável contar com pessoas de baixa performance por muito tempo.
Casos no processo de recrutamento
Histórias reais mostram como a seleção de candidatos pode se tornar uma tarefa frustrante.
Em vídeo divulgado no canal Maicon Kuster, um recrutador relatou ter chamado uma candidata para uma vaga de gestão.
Ela demonstrou interesse, alegando que o deslocamento até a nova empresa seria muito menor do que no emprego atual — cerca de 20 a 30 minutos contra três horas.
Após explicar as funções, benefícios e valores, marcaram um horário para que ela fosse conhecer a empresa e iniciar a integração.
No entanto, no dia combinado, a candidata não apareceu.
Mesmo com operações policiais ocorrendo na cidade, o recrutador decidiu esperar até mais tarde, acreditando que o atraso poderia ser devido ao trânsito.
Horas depois, recebeu uma mensagem dizendo que ela preferiu ir para casa por medo, sem ao menos avisar antes.
Falta de comunicação
A ausência de um simples aviso deixou o recrutador esperando até o fim do expediente, frustrando o processo.
O problema não foi apenas a desistência, mas a falta de consideração em informar que não compareceria.
O episódio reforça a percepção de que a comunicação entre candidatos e empresas tem perdido espaço, especialmente na geração Z.
Profissionais do setor afirmam que não é raro que pessoas que agem dessa forma retornem dias ou semanas depois, perguntando se a vaga ainda está disponível.
Nesse caso, a resposta costuma ser negativa.
Mudança de postura em entrevistas
No passado era comum que candidatos chegassem com antecedência, vestidos de forma adequada e demonstrando interesse pelo cargo.
Hoje, não é incomum que apareçam de forma informal, atrasados e sem a mesma preocupação em causar uma boa impressão.
Alguns profissionais de RH apontam que isso reflete mudanças culturais e comportamentais da geração z, mas que o resultado prático é a dificuldade de contratação e a perda de tempo no processo seletivo.
Retorno para os candidatos
A situação também levanta questionamentos sobre a postura das empresas.
Entre os comentários recebidos por recrutadores, está a dúvida sobre se os empregadores dão retorno aos candidatos que não são aprovados.
Alguns afirmam que, quando possível, informam previamente que a falta de contato até uma data específica significa que outra pessoa foi contratada.
No entanto, nem sempre há tempo para dar respostas individualizadas.
Essa ausência de feedback também pode contribuir para que o candidato sinta menos obrigação de manter uma comunicação clara, criando um ciclo de descaso mútuo.
Reflexo no mercado
Essas histórias ilustram um cenário em que empregadores e jovens candidatos parecem estar cada vez mais distantes em expectativas e postura.
De um lado, empresas precisam de comprometimento, pontualidade e produtividade. De outro, candidatos valorizam mais a flexibilidade e não demonstram a mesma urgência em seguir padrões considerados tradicionais.
Portanto, a dificuldade de recrutamento pode ser resultado da soma de fatores culturais, comportamentais e de comunicação da geração Z.
Embora as mudanças sociais influenciem o perfil dos trabalhadores, muitos recrutadores defendem que princípios como respeito ao tempo do outro e clareza nas respostas deveriam permanecer.