Um dilema complexo para as geradoras de energia no Brasil
No cenário atual do Setor Elétrico Brasileiro, definido a partir de 2004, a expansão da energia eólica onshore se tornou um marco, com o segmento ultrapassando os 25GW de capacidade instalada. Após duas décadas de reformas e crescimento, as geradoras enfrentam agora o desafio de decidir sobre a melhor abordagem para a gestão de Operação e Manutenção (O&M) dos parques eólicos, especialmente à medida que as turbinas saem da garantia do fabricante.
Especialistas da AQTech e TWPL ressaltam que a escolha entre primarizar ou terceirizar a gestão de O&M não tem uma resposta única. Essa decisão, que afeta ativos de grande valor, deve ser baseada em um planejamento cuidadoso, análises técnicas e financeiras, iniciado com pelo menos um ano e meio de antecedência. Tal preparação abrange várias etapas, desde provisões financeiras até a formação de equipes e a estruturação logística.
A hora da decisão: Primarizar ou Terceirizar
Thiago Kleis, da AQTech, sinaliza que a indagação sobre primarizar ou terceirizar surge à medida que as turbinas eólicas começam a sair da garantia dos fabricantes. As empresas devem então escolher entre continuar com o O&M fornecido pelo fabricante, optar por um Provedor de Serviço Independente (ISP) ou assumir internamente a gestão de O&M.
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A decisão pode também levar a modelos mistos, que combinam a terceirização de manutenções específicas com a gestão interna de grandes componentes. Kleis enfatiza os desafios, incluindo a necessidade de capital, experiência técnica e tecnologia para analisar o desempenho dos ativos. Quando o serviço é terceirizado, o acesso a dados pode ser limitado, o que dificulta a visão geral das condições das turbinas.
A Primarização como solução estratégica
A primarização exige o investimento em uma infraestrutura interna dedicada e uma equipe de especialistas. Essa abordagem permite um acompanhamento mais próximo das máquinas, com a coleta e análise de dados sobre seu funcionamento. Um exemplo é o Centro de Análise de Condição (CAC) da AQTech, que oferece monitoramento em tempo real, ajudando as geradoras na transição para a primarização ao detectar precocemente quaisquer falhas.
A seleção de fornecedores para peças de reposição é crucial para evitar paralisações prolongadas, que podem gerar custos elevados. A primarização, portanto, se destaca por oferecer economia a longo prazo, maior eficácia, eficiência e transparência na gestão dos parques eólicos.
O papel estratégico da TWPL e vantagens econômicas
A TWPL, com sua expertise mundial em gestão de ativos, destaca que a tendência de primarizar a manutenção dos parques eólicos reflete um controle maior sobre os ativos e pode gerar valor significativo para o negócio. Segundo Renato Bossolan, da TWPL Brasil, embora a manutenção pelo fabricante possa parecer vantajosa inicialmente, uma análise detalhada mostra que a primarização pode reduzir custos significativamente ao longo dos anos.
Para uma estratégia de primarização bem-sucedida, é vital estabelecer planos de manutenção eficazes, dimensionar corretamente as equipes e o estoque de peças e desenvolver uma cadeia de suprimentos eficiente. A gestão eficaz do plano de manutenção e o dimensionamento de riscos, auxiliados por softwares e tecnologias preditivas, são fundamentais.
Embora a economia gerada pela primarização varie de acordo com cada operação, o mercado indica um potencial de economia entre 15% e 30% nos custos com O&M. Além disso, a otimização na gestão dos ativos pode levar a ganhos significativos, como mostram casos de sucesso onde consultorias da TWPL resultaram em economias milionárias e redução drástica no tempo de inatividade das turbinas.
Neste cenário, as geradoras de energia devem ponderar cuidadosamente entre a primarização e a terceirização, levando em consideração as particularidades de cada parque eólico e os benefícios a longo prazo de cada estratégia para otimizar a gestão de seus ativos valiosos.
Fonte: Luan Martendal, Agência Dialetto – Assessoria da AQTech Power Prognostics.