1. Início
  2. / Energia Solar
  3. / Gerdau tem perdas financeiras com cortes de geração em parque solar de Minas Gerais
Localização MG Tempo de leitura 7 min de leitura Comentários 0 comentários

Gerdau tem perdas financeiras com cortes de geração em parque solar de Minas Gerais

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 11/09/2025 às 07:30
Grande usina solar com painéis fotovoltaicos sob céu azul parcialmente nublado ao pôr do sol.
Extensa área coberta por painéis solares captando energia limpa, com o sol se pondo atrás de nuvens leves.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Gerdau enfrenta prejuízos significativos com cortes de geração em parque solar, afetando investimentos e competitividade industrial em Minas Gerais.

O setor de energia no Brasil enfrenta desafios complexos; entretanto, o avanço das fontes renováveis apresenta oportunidades e obstáculos ao mesmo tempo.

Recentemente, a siderúrgica Gerdau tornou pública uma das dificuldades que empresas de grande porte enfrentam: os cortes de geração em parque solar, especialmente em Minas Gerais, onde a companhia opera seu parque solar em Arinos.

Por consequência, esse caso revela não apenas o impacto financeiro direto, mas também a complexidade do sistema elétrico brasileiro e os obstáculos à expansão da energia limpa.

Historicamente, o Brasil sempre contou com recursos naturais privilegiados para produção de energia.

Desde o início do século XX, o país investiu fortemente em hidrelétricas, que até hoje formam a base da matriz elétrica.

Além disso, a abundância de rios favoreceu grandes empreendimentos como Itaipu e Belo Monte, permitindo que o Brasil alcançasse altos índices de eletrificação.

No entanto, a crescente demanda industrial e o interesse por fontes renováveis, como solar e eólica, testaram a capacidade de integração do sistema elétrico nacional.

Além disso, a expansão da indústria siderúrgica e de outros setores intensivos em energia tornou evidente a necessidade de diversificar a matriz.

Portanto, o aumento do consumo, aliado à volatilidade hídrica, mostrou que depender exclusivamente de hidrelétricas comprometeria a estabilidade do fornecimento.

Foi nesse cenário que a energia solar começou a ganhar espaço, sobretudo com políticas de incentivo e leilões específicos para novas tecnologias renováveis.

Consequentemente, empresas começaram a investir de forma significativa em autoprodução de energia.

O que são os cortes de geração em parque solar

Os cortes de geração em parque solar, conhecidos tecnicamente como “curtailment”, acontecem quando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) limita a produção das usinas de energia solar e eólica.

Isso ocorre principalmente por congestionamentos na rede de transmissão, desequilíbrios entre oferta e demanda ou necessidade de manter a estabilidade do sistema.

Embora evitem apagões, os cortes provocam perdas financeiras significativas para os produtores de energia.

Portanto, o problema não afeta apenas a operação, mas também o planejamento estratégico das empresas.

No caso da Gerdau, os impactos dos cortes se mostraram severos.

O parque solar de Arinos, inaugurado recentemente em Minas Gerais, representa um investimento de cerca de R$1,5 bilhão.

Com mais de 750 mil painéis solares, o complexo deveria contribuir de forma expressiva para a geração de energia limpa e reduzir os custos operacionais da empresa.

Contudo, o parque opera atualmente com curtailment de 70%, ou seja, apenas uma fração da energia que poderia gerar está sendo aproveitada.

Por isso, a empresa enfrenta grandes desafios de eficiência energética.

Essa situação evidencia um paradoxo do setor energético brasileiro.

Enquanto o país ainda despacha energia proveniente de termelétricas a carvão e outras fontes fósseis, parques solares modernos, com tecnologia avançada e grande capacidade de geração, recebem restrições que reduzem sua produção.

Portanto, para executivos como Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, esse cenário causa frustração.

Ele aponta que o investimento em energia renovável, que envolve capital, planejamento e inovação tecnológica, sofre com decisões que limitam a operação plena dos parques.

Além disso, o fenômeno do curtailment não ocorre apenas no Brasil.

Países que ampliaram rapidamente a geração solar e eólica também enfrentaram restrições, principalmente quando a infraestrutura de transmissão não acompanhou a expansão das usinas.

No entanto, o caso brasileiro se destaca pelo impacto econômico direto sobre grandes autoprodutores e pelo efeito negativo na competitividade industrial.

Impactos na indústria e competitividade

Além do impacto financeiro imediato, os cortes de geração em parque solar afetam a competitividade industrial.

A Gerdau, por exemplo, também produz aços para a indústria de energia eólica, desde a base do aerogerador até o eixo principal.

Portanto, com a redução da operação do parque solar e os desafios estruturais do setor, a produção local de equipamentos e componentes enfrenta dificuldades, e muitos fornecedores deixam o país, deslocando a indústria para outros mercados.

Consequentemente, o Brasil perde oportunidades de gerar empregos e fortalecer a cadeia produtiva local.

Outro ponto crítico é o preço do gás natural no Brasil, que influencia diretamente a competitividade da indústria siderúrgica.

Enquanto nos Estados Unidos o custo do insumo é de cerca de US$3 por milhão de BTU, no Brasil chega a US$16.

Esse fator, aliado aos cortes de geração em parque solar, mostra que investimentos em energia limpa e eficiência industrial sofrem penalizações por questões estruturais e regulatórias.

Isso dificulta a expansão sustentável da matriz energética.

Portanto, empresas que buscam inovar em energia renovável precisam lidar com desafios adicionais que não ocorrem em mercados mais maduros.

Para compreender a magnitude do problema, é importante considerar a evolução da energia solar no Brasil.

A primeira onda significativa de investimento ocorreu na década de 2010, quando o país começou a diversificar sua matriz energética para reduzir a dependência de hidrelétricas.

Além disso, a combinação de altos índices de radiação solar, incentivos governamentais e queda nos preços de equipamentos possibilitou a instalação de diversos parques, tanto para autoprodução quanto para venda no mercado livre de energia.

Consequentemente, o país passou a ter um ambiente mais favorável à geração limpa, mas ainda enfrenta desafios estruturais importantes.

Além disso, o crescimento da energia solar trouxe efeitos positivos indiretos sobre políticas de sustentabilidade corporativa.

Assim, empresas passaram a planejar investimentos considerando não apenas o retorno financeiro, mas também o impacto ambiental e social de sua operação.

Nesse sentido, os cortes de geração representam um obstáculo duplo: financeiro e estratégico.

Desafios da infraestrutura e autoprodução

O crescimento rápido da energia solar também trouxe desafios para a gestão do sistema elétrico.

Por exemplo, a infraestrutura de transmissão nem sempre acompanhou a expansão das usinas solares, criando pontos de congestionamento.

Quando o sistema encontra limites operacionais, o ONS intervém para manter a estabilidade da rede, aplicando cortes de geração.

Embora necessários, esses cortes afetam diretamente empresas que investiram pesadamente na geração renovável.

Portanto, é essencial integrar planejamento estratégico e capacidade técnica.

O caso da Gerdau evidencia a importância da autoprodução de energia.

Empresas de grande porte buscam gerar parte de sua eletricidade, reduzindo a dependência do mercado e mitigando riscos de preço e abastecimento.

Entretanto, mesmo iniciativas de autoprodução podem sofrer impactos de cortes de geração em parque solar, mostrando que a questão vai além do investimento privado e envolve planejamento de políticas públicas, regulação e expansão da infraestrutura.

Além disso, a situação reforça a necessidade de antecipar riscos operacionais e financeiros.

Outro aspecto relevante é a sustentabilidade.

A energia solar é uma fonte limpa, sem emissões de carbono, essencial para o combate às mudanças climáticas.

Portanto, limitar a operação desses parques compromete investimentos e atrasa a transição energética do país.

Em um contexto global onde empresas e governos buscam descarbonizar suas operações, cortes de geração representam um entrave à competitividade e à responsabilidade ambiental.

Além disso, a instabilidade da rede elétrica brasileira evidencia a necessidade de integração entre diferentes fontes de energia.

Parques solares e eólicos precisam conectar-se a sistemas inteligentes que permitam redistribuição da energia, evitando desperdícios e garantindo que o potencial renovável seja totalmente aproveitado.

Esse ajuste técnico e regulatório garante que investimentos bilionários, como o realizado pela Gerdau, tragam retorno sustentável.

Caminhos para o futuro

O episódio reforça a necessidade de diálogo entre setor privado e reguladores.

A coordenação entre empresas, ONS e governos estaduais garante que a expansão da energia renovável não penalize questões técnicas ou estruturais.

A experiência da Gerdau mostra que, sem ajustes adequados, grandes investimentos em energia limpa enfrentam desafios operacionais que comprometem seu retorno econômico.

Historicamente, problemas semelhantes ocorreram em outros países em fases iniciais de expansão da energia renovável.

Na Europa, países que investiram rapidamente em parques solares e eólicos precisaram modernizar suas redes de transmissão e criar mecanismos de despacho inteligente para evitar desperdícios de energia.

O aprendizado internacional indica que cortes de geração podem diminuir com planejamento estratégico, infraestrutura robusta e políticas que incentivem a integração eficiente de novas fontes.

Em resumo, o caso da Gerdau em Minas Gerais evidencia os desafios enfrentados pelo setor energético brasileiro diante da expansão da energia solar.

Os cortes de geração em parque solar não representam apenas uma questão técnica, mas também um problema que envolve economia, competitividade industrial e sustentabilidade.

Para empresas que investem em autoprodução e geração limpa, entender e lidar com esses cortes é essencial para manter a operação eficiente e garantir que os benefícios da energia solar sejam plenamente aproveitados.

À medida que o Brasil amplia sua matriz energética renovável, soluções precisam reduzir os cortes de geração e permitir que parques solares, como o de Arinos, operem em plena capacidade.

Isso envolve investimentos em transmissão, regulamentação clara e diálogo contínuo entre reguladores, indústria e governo.

Somente assim será possível transformar o potencial solar do país em energia efetiva, sustentável e economicamente viável, garantindo que o setor industrial cresça de forma competitiva e ambientalmente responsável.

YouTube Video
Geraldo Alckmin participa da inauguração do Parque Solar Arinos em Minas Gerais | CanalGov

Aplicativo CPG Click Petroleo e Gas
Menos Anúncios, interação com usuários, Noticias/Vagas Personalizadas, Sorteios e muitos mais!
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x