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Gerdau cumpre promessa e corta investimentos no Brasil — demissões já passam de 1,5 mil, “situação é grave e governo não se mexe para frear entrada de aço importado”, diz Gustavo Werneck — CEO da empresa

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 01/08/2025 às 18:55
Atualizado em 02/08/2025 às 11:13
Gerdau cumpre promessa e corta investimentos no Brasil — demissões já passam de 1,5 mil, “situação é grave e governo não se mexe para frear entrada de aço importado”, diz Gustavo Werneck — CEO da empresa
Foto: Gerdau cumpre promessa e corta investimentos no Brasil — demissões já passam de 1,5 mil, “situação é grave e governo não se mexe para frear entrada de aço importado”, diz Gustavo Werneck — CEO da empresa
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Gerdau cumpre promessa e corta investimentos no Brasil após invasão de aço importado. Demissões já somam 1,5 mil e CEO Gustavo Werneck cobra ação do governo para salvar a indústria.

A Gerdau, maior produtora de aço do Brasil, oficializou o que vinha sinalizando há meses: vai cortar investimentos no país e repensar sua capacidade produtiva diante da crescente “invasão” de aço importado, especialmente vindo da China. O anúncio, feito pelo CEO Gustavo Werneck nesta sexta-feira (1º), expôs a gravidade da crise no setor siderúrgico nacional. “Nossa situação é muito grave. O governo federal não entendeu com profundidade o que está acontecendo”, afirmou o executivo, durante a divulgação dos resultados do segundo trimestre.

Com a presença do aço estrangeiro atingindo 23,4% do mercado brasileiro no primeiro semestre, a paciência da companhia com a falta de medidas de defesa comercial chegou ao limite. A decisão já traz reflexos imediatos: 1,5 mil trabalhadores foram demitidos nos primeiros seis meses de 2025, e novos cortes devem ocorrer até o fim do ano.

Gerdau corta investimentos e busca “reequilíbrio” no Brasil

A companhia realiza atualmente um ciclo de investimentos de R$ 6 bilhões, dos quais dois terços são direcionados para o Brasil.

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Embora Werneck tenha garantido que os aportes já anunciados serão mantidos, a empresa confirma que o volume de investimentos futuros será reduzido — com o tamanho do corte a ser detalhado entre agosto e setembro e revelado oficialmente em outubro.

Segundo o CEO, a empresa não deseja que o aço importado seja bloqueado, mas cobra “um equilíbrio que permita que a produção nacional possa competir de forma isonômica”. Sem isso, Werneck alerta que o setor tende a se retrair ainda mais, com redução de produção, fechamento de linhas e paralisações de fábricas.

Aço importado Brasil: de 9% para 23% em cinco anos

Os números do Instituto Aço Brasil mostram a escalada da participação do aço estrangeiro no mercado nacional: em 2020, a penetração era de 9,3%. Em 2022, saltou para 13,6%; em 2023, para 18,5% — patamar mantido em 2024. Mas só nos primeiros seis meses de 2025 houve um salto de quase 5 pontos percentuais, atingindo os atuais 23,4%.

Boa parte desse volume vem da China, o que pressiona as siderúrgicas locais e pode gerar uma perda de R$ 7 bilhões em impostos para os cofres públicos, segundo estimativas da própria Gerdau.

Demissões na Gerdau já passam de 1,5 mil — e mais cortes estão no horizonte

O impacto da concorrência desleal já afeta diretamente a força de trabalho. A Gerdau confirmou a demissão de 1,5 mil trabalhadores no primeiro semestre, sendo a maior parte na unidade de Pindamonhangaba (SP). Werneck alerta que, sem uma resposta do governo, novas demissões são inevitáveis.

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A empresa também sinaliza que poderá paralisar linhas de produção, como a fábrica de aços especiais em Mogi das Cruzes (SP), transferindo a produção para outras unidades. “Chega um momento que há tão pouco volume que não faz sentido continuar produzindo. É preferível paralisar a usina e diluir o custo”, afirma o CEO.

Gustavo Werneck CEO: críticas diretas ao governo federal

O tom de Werneck foi duro ao criticar a ausência de medidas mais rígidas por parte do governo. Segundo ele, a Gerdau esperava avanços na reunião do comitê-executivo de gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), realizada em 24 de julho, mas nenhuma mudança relevante foi adotada.

“No momento em que o governo federal aplicar medidas de defesa comercial, imediatamente a gente pode voltar com essas usinas e seguir produzindo”, disse, deixando claro que o cenário ainda pode ser revertido — mas depende de uma reação oficial.

EUA aliviam caixa, mas Brasil segue pressionado

Apesar da crise no Brasil, os números da Gerdau não são totalmente negativos. O Ebitda (lucro antes de impostos, juros e amortizações) no segundo trimestre foi de R$ 2,56 bilhões, sendo 61% provenientes das operações nos Estados Unidos.

A empresa se beneficiou do aumento de produção em território norte-americano, o que compensou parcialmente a retração no Brasil. Mesmo assim, o lucro líquido ajustado caiu 8,6% em relação ao mesmo período de 2024, fechando em R$ 864 milhões.

Crise siderúrgica e “tarifaço” dos EUA: cenário ainda mais complexo

Enquanto enfrenta a concorrência do aço chinês no Brasil, a Gerdau também observa de perto o impacto do tarifaço de 50% anunciado pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros.

Embora o setor de máquinas — que utiliza aço nacional para exportar aos EUA — não tenha sido incluído entre os itens isentos da tarifa, Werneck admite que o efeito “lateral” dessa política ainda não pode ser medido. “Nossa preocupação é porque muitos de nossos clientes no Brasil compram nosso aço, transformam em máquinas e equipamentos, e exportam para os Estados Unidos. Esse efeito a gente ainda não consegue medir”, afirmou.

Avaliação e futuro da Gerdau

Mesmo com a crise, a Gerdau segue como a maior produtora de aço do país, avaliada em R$ 31,9 bilhões na B3. No entanto, as ações acumulam queda de 8,2% em 2025, refletindo a incerteza do mercado quanto ao futuro da empresa e do setor siderúrgico no Brasil.

A decisão da Gerdau de cortar investimentos no Brasil é um alerta para todo o setor siderúrgico. Sem medidas de defesa comercial, a indústria nacional perde espaço para o aço importado, com reflexos em demissões, paralisação de fábricas e queda de arrecadação.

O CEO Gustavo Werneck deixa claro que ainda há chance de reversão: se o governo agir para equilibrar a concorrência, a Gerdau promete retomar as linhas de produção e os investimentos. Mas, até lá, o cenário seguirá de tensão — e a “crise do aço” pode se aprofundar nos próximos meses.

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Willer
Willer
01/08/2025 19:33

Será sempre um problema, a ganância pelo lucro, pressionaram para subir para 25% a alíquota de importação, que era 15%, para que o aço importado tivesse um freio, o governo cedeu, o que as companhias siderúrgicas fizeram, aumentaram seus preços no mercado interno, assim não vão ficar competitivos nunca.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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