Bilhões desperdiçados: entenda os motivos de usinas solares e eólicas estarem jogando energia fora no Brasil.
Renováveis sofrem prejuízo histórico no Brasil
O que aconteceu? As geradoras de energia renovável amargaram um prejuízo de R$ 881 milhões apenas em agosto de 2025.
Quem foi afetado? As usinas solares e os parques eólicos perderam grande parte do seu potencial de geração no período.
Quando? Embora o problema tenha se estendido por todo o mês de agosto, ele vem se agravando desde o início do ano.
Onde? Minas Gerais, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco lideram a lista dos estados mais impactados.
Como? Os cortes ocorreram por meio do curtailment, situação em que o sistema interrompe a geração de energia por limitações técnicas na rede.
Por quê? A sobrecarga do sistema e as deficiências estruturais na transmissão explicam o crescimento das perdas.
Dessa forma, o cenário revela um paradoxo: mesmo com a rápida expansão das fontes limpas no Brasil, o país ainda desperdiça uma parte significativa da energia que é capaz de produzir.
A falta de infraestrutura adequada não apenas impede o aproveitamento pleno da geração renovável, como também ameaça a sustentabilidade econômica do setor.
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Energia solar e eólica deixam de produzir milhares de GWh
As usinas solares deixaram de gerar 1,3 mil GWh em agosto, o equivalente a 36% de todo o seu potencial no mês. Os parques eólicos, por sua vez, registraram uma queda de 3 mil GWh, o que representa uma redução de 21%. Com essa energia desperdiçada, milhões de lares poderiam ter sido abastecidos.
O dado escancara a necessidade de o Brasil investir não apenas em novas fontes renováveis, mas principalmente em infraestrutura de transmissão, garantindo que a energia gerada chegue, de fato, ao consumidor.
Minas Gerais e Nordeste concentram maiores cortes
De acordo com a Volt Robotics, os cortes de geração se concentraram em quatro estados:
- Minas Gerais – 37,8%
- Ceará – 33,5%
- Rio Grande do Norte – 30,3%
- Pernambuco – 29,4%
Ou seja, as regiões que hoje lideram a transição energética foram justamente as mais afetadas pelos cortes. Esse contraste reforça a necessidade de agir com urgência para evitar que o avanço da matriz renovável continue gerando perdas tão elevadas.
Prejuízo já soma bilhões em 2025
Entre janeiro e agosto de 2025, as usinas deixaram de entregar 987 MW médios de energia, o que representa 17,2% da produção total possível no período. Esse volume superou em 230% todo o registrado em 2024, o que reforça a gravidade do problema.
No mercado regulado, as distribuidoras arcaram com um custo acumulado de R$ 3,2 bilhões devido aos cortes, apenas nos primeiros oito meses do ano. Especialistas alertam que esse prejuízo crescente pode afastar novos investimentos e comprometer a expansão do setor elétrico.
Curtailment expõe gargalos do setor elétrico
O termo curtailment define a redução obrigatória da geração elétrica, geralmente causada por limitações na rede de transmissão. No Brasil, a expansão das linhas de transmissão não acompanha a velocidade com que novas usinas solares e eólicas entram em operação.
Como resultado, mesmo com uma das matrizes mais limpas do mundo, o país ainda desperdiça uma fatia significativa da energia que produz.
Desafios para o futuro da energia limpa
Além de provocar perdas financeiras, o desperdício de energia renovável dificulta diretamente o planejamento da transição energética. Sem ampliar e modernizar rapidamente a rede de transmissão, o Brasil compromete o custo-benefício das fontes limpas e reduz a eficiência do setor.
Por outro lado, especialistas reconhecem que o país ainda lidera a geração renovável e ressaltam que, com o avanço da infraestrutura, o Brasil pode não apenas ampliar sua capacidade interna, mas também se consolidar como uma referência global na exportação de energia sustentável.
Portanto, investir na rede de transmissão deixou de ser uma opção e passou a ser uma condição essencial para o sucesso da transição energética.