Geração Z enfrenta inflação recorde e salários corroídos: 38% já sacaram aposentadoria, e muitos cortam refeições para pagar aluguel e sobreviver nos EUA. Confira os dados da nova realidade da geração Z.
A cada crise econômica, uma geração se torna alvo de comparações injustas. Com a Geração Z não tem sido diferente. Nascidos entre meados dos anos 1990 e 2010, eles cresceram em um ambiente marcado por avanços digitais, mas também por crises sucessivas: pandemia, inflação global, guerra na Ucrânia, desvalorização cambial e salários achatados.
O discurso comum é o de que “eles não sabem lidar com dinheiro”, que seriam consumistas, dependentes de crédito e incapazes de planejar o futuro. Mas pesquisas recentes mostram que o problema não está apenas no comportamento, e sim na realidade econômica sufocante que empurra jovens a tomar decisões extremas — como cortar refeições, atrasar contas médicas ou até resgatar fundos de aposentadoria prematuramente.
38% dos jovens já sacaram aposentadoria antecipada nos EUA
Um estudo da Payroll Integrations, citado pela reportagem do Xataka, revela que 38% dos trabalhadores de todas as gerações nos EUA já retiraram parte de seus fundos de aposentadoria para pagar dívidas ou despesas imediatas.
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O dado mais chocante: a Geração Z lidera esse movimento, sendo a faixa etária que mais recorreu a essa prática.
Na teoria, esses fundos deveriam ser a segurança da velhice. Na prática, viraram um último recurso para enfrentar custos de moradia, alimentação e saúde. Para muitos, é um dilema cruel: garantir o básico hoje ou preservar o futuro.
Cortar refeições para pagar o aluguel
Outro levantamento citado pela reportagem, desta vez da Redfin, mostra que jovens entre 18 e 29 anos estão abrindo mão de refeições completas para conseguir pagar aluguel e contas essenciais.
A frase “pular o almoço” deixa de ser uma metáfora para virar estratégia de sobrevivência. Isso desmonta a ideia de que os problemas financeiros da Geração Z se devem apenas a “falta de planejamento”. Quando a renda não acompanha a inflação e o custo da vida urbana dispara, não há planilha de Excel que dê conta.
A inflação invisível que corrói os salários
Enquanto os críticos apontam para gastos com tecnologia, streaming ou lazer, a realidade é que os grandes vilões do orçamento da Geração Z são os mesmos que afetam qualquer trabalhador:
- Moradia: aluguéis em alta, sobretudo em grandes cidades, consomem até 40% da renda mensal;
- Alimentação: o preço dos alimentos básicos bate recordes em diversos países, inclusive no Brasil;
- Saúde: consultas e planos privados se tornaram cada vez mais inacessíveis para quem está começando a carreira;
- Educação: mensalidades e custos de formação drenam boa parte da renda dos mais jovens.
Assim, quando sobra pouco ou nada para poupança, não se trata de irresponsabilidade — mas de uma armadilha estrutural.
A diferença entre gerações: Baby Boomers, Millennials e Z
O contraste entre gerações ajuda a entender o peso da crítica.
- Baby Boomers: ingressaram no mercado em uma época de salários mais estáveis e imóveis relativamente acessíveis.
- Millennials: viveram a crise de 2008 e o início da precarização, mas ainda encontraram mercados em expansão.
- Geração Z: entrou no mercado em plena pandemia, com inflação global e empregos cada vez mais precarizados.
Essa diferença histórica desmonta a narrativa de que “basta economizar mais” — porque a proporção entre renda e custo de vida mudou radicalmente.
Consequências no futuro da aposentadoria
O saque antecipado da aposentadoria é um sintoma grave. Quanto mais cedo esse recurso é usado, menor será o montante acumulado ao longo da vida.
Ou seja: a Geração Z corre o risco de chegar à velhice sem reservas, reproduzindo ciclos de pobreza.
Especialistas já falam em uma “geração sem aposentadoria”, não por falta de disciplina, mas porque a matemática do sistema previdenciário não fecha diante da necessidade imediata.
A nova realidade da Geração Z
O que se vê é uma geração forçada a viver com dilemas extremos:
- Cortar refeições para pagar aluguel;
- Abrir mão da saúde para manter a educação;
- Sacar aposentadoria para cobrir despesas básicas.
Esse retrato não é de uma juventude despreparada, mas de uma geração em modo de sobrevivência econômica, carregando as marcas de um cenário global adverso.
A reportagem do Xataka traz à tona uma verdade incômoda: a Geração Z não é despreparada financeiramente, é apenas a geração que enfrenta a realidade mais dura do século XXI. Entre cortes de refeições, resgates de aposentadoria e dificuldade em acessar moradia, a sobrevivência se sobrepõe ao planejamento
A crítica de que eles “não sabem lidar com dinheiro” perde força quando confrontada com números, pesquisas e a realidade do dia a dia. A verdadeira pergunta é: como construir futuro em um presente que já cobra o essencial?